Europa, décadas de 1930 e 1940. Brotou de mais uma ruína do mundo liberal um regime de horror, conhecido como fascismo, que se espalhou por vários países. Sociedades inteiras viraram imensos batalhões de bandidos dispostos a roubar, escravizar e até massacrar povos inteiros, com todo tipo de requinte de crueldade. Diziam que isso era “destino sagrado da raça”, “co-prosperidade”, dentre …
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Uma mensagemd a Organização Comunista Luz-Guiadora
Sobre nosso antigo camarada Campo Flamejante: De acordo com nossa política de muito tempo, Campo Flamejante foi removido de sua hierarquia e autoridade desde sua prisão no final de Abril do ano passado. Nosso plano era o de reintegrar ele completamente à nossa Organização assim que ele fosse liberado da custódia do Estado. No entanto, devido aos eventos recentes, a …
Pra frente, rumo a 2017!
(Dezembro, 2016) Uma mensagem de Ano novo do Diretor-geral. O último ano foi o mais significativo, e talvez o mais importante na memória da Organização Comunista Luz-Guiadora. Em 2016 nós sofremos muitos retrocessos, grandes e pequenos. Nós enfrentamos numerosos desafios, internos e externos. Nós perdemos alguns queridos camaradas pro encarceramento. Nossa página da internet foi sabotada e derrubada. Nós fomos …
Perguntas sobre Comunismo Luz-Guiadora e Maoísmo
(portugues.llco.org)
Nós recebemos a pouco tempo algumas perguntas sobre a relação entre o Comunismo Luz-Guiadora e o Maoísmo.
1) O conceito da Organização Comunista Luz-Guiadora (LLCO) sobre Terceiro Mundo é o mesmo do Presidente Mao?
Não. A “Análise de Classes Global” da Luz-Guiadora é totalmente diferente da “Teoria dos Três Mundos” adotada por Mao. Vejamos as diferenças.
Mao Zedong defendeu uma “Teoria dos Três Mundos” nos anos 1970. Mao disse, e com registros históricos, que o “Primeiro Mundo” era constituído dos EUA e da União Soviética. O “Segundo Mundo” reunia imperialistas menores, como países europeus, Japão, Austrália etc. O “Terceiro Mundo” era composto com os países mais pobres. O conceito de Mao era baseado nos interesses nacionalistas, geopolíticos, da China, não em Ciência Proletária. A teoria de Mao foi inventada pra justificar a política externa de crescente nacionalismo tacanho, restritivo, dos anos 1970. Em todo caso, pelo enfoque maoísta, o fator principal que determina a que mundo certo país pertence é o poder militar, agressividade geopolítica etc. Então, mesmo que os países europeus imperialistas tivessem um padrão de vida muito acima do soviético, eles eram parte do “Segundo Mundo” de Mao Zedong por serem menores, militarmente mais fracos. Ao contrário, a Luz-Guiadora encara o Mundo partindo do ponto de vista que Mao, um dia, chamou de “A primeira pergunta da Revolução”: “Quem são nossos inimigos? Quem são nossos amigos?” Nós vemos o Mundo não partindo de intenções nacionalistas e políticas externas oportunistas, mas partindo da questão de classe, do ponto de vista do Proletariado. Nossa Análise de Classes Global vê o Mundo com a intenção de alinhar forças sociais pra fazer a Revolução e eliminar toda forma e exploração e opressão, atingir a verdadeira liberdade, o Comunismo Luz-Guiadora. É por isso que nós dividimos a sociedade em “Mundos” com base no padrão de vida. Aquelas zonas, países, áreas geográficas onde os povos têm os piores padrões de vida estão mais pro Terceiro Mundo. Aquelas zonas, países, áreas geográficas onde os povos têm um padrão de vida mais rico estão mais pro Primeiro Mundo. Nós podemos ver a sociedade dividida dividida numa linha com dois extremos, um lado representando o padrão de vida mais alto, o Primeiro Mundo. O Terceiro Mundo, os piores padrões de vida, estão do outro lado. O “Segundo Mundo” fica numa posição intermediária entre esses mundos. Apesar de nós raramente falarmos sobre o “Segundo Mundo”, ele pode ser visto como aqueles países concentrados nos padrões de vidas medianos.
[Primeiro Mundo] -S-E——————–P-R- [Segundo Mundo] —————-M———–B- [Terceiro Mundo]
Por esse modelo, um país como a Suíça, “S”, com um padrão de vida mais alto, fica mais perto do extremo de Primeiro Mundo que os Estados Unidos, “E”. Um país como Portugal, “P”, fica do lado do Primeiro Mundo, só que perto do meio. A Rússia, “R”, também fica em algum lugar perto da metade da linha [lembre que o Mundo agora vê Brasil-Rússia-Índia-China-África do Sul como quase iguais em poder econômico]. De maneira similar, Bangladesh, “B”, tem um povo mais pobre que o México, “M.” Nesse modelo, os países ricos do Golfo Pérsico ficam do lado do Primeiro Mundo também. Essa forma de análise pode ser aplicada também dentro de cada país. Por exemplo, existem vizinhanças de Primeiro Mundo e áreas no Terceiro Mundo que têm um padrão de vida muito alto. De forma parecida, tem uns pedaços de Primeiro Mundo dentro de países do Terceiro Mundo.
Nós podemos também usar esse modelo pra prever o crescimento de tendências fascistas. O fascismo tradicionalista tem muito mais facilidade de brotar em países do Primeiro Mundo com um padrão de vida mais baixo, como Grécia e Rússia. Países de Primeiro Mundo mais ricos tendem a adotar uma visão mais liberal. Quanto mais próximo um país está do extremo de Terceiro Mundo, maior é sua base social, seu potencial, pra uma Revolução. Por outro lado, quanto maior for o padrão de vida de uma região, quanto mais Primeiro Mundo for um país, menor será sua classe proletária, e maior será sua classe burguesa. É por isso que nós dizemos que não existe Proletariado significante no Primeiro Mundo. Nós devemos desprezar os povos do Primeiro Mundo porque eles se interessam muito mais em preservar e avançar os privilégios deles num sistema que vai acabar se destruindo, seja por insurreição da natureza ou dos oprimidos. Os povos do Primeiro Mundo têm muito, muito mais a perder do que as próprias correntes. Eles têm todo um padrão de vida consumista, confortável, burguês, a perder. O verdadeiro Proletariado não tem nada a perder além das correntes. Por várias e várias vezes, nós vemos os povos burgueses do Primeiro Mundo se oporem à Revolução e às lutas anti-imperialistas. A Revolução segue sua marcha do extremo do Terceiro Mundo em direção ao Segundo Mundo pra que, então, possa atingir o Primeiro Mundo.
2) Por quê nós temos que derrotar o Primeiro Mundo?
Há muito tempo, os maoístas na China entenderam que as classes mudaram desde os tempos de Marx. Por exemplo, os maoístas chineses falavam de uma “nova burguesia” que estava crescendo dentro do próprio Partido Comunista Chinês. Liu Shaoqi e Deng Xiaoping eram parte dessa nova burguesia, apesar de eles não possuírem pessoalmente fábricas como a burguesia tradicional da Inglaterra dos tempos de Marx. Poderia Liu Shaoqi dar pessoalmente poder produtivo chinês pros seus amigos ou filhos? Não. A nova burguesia na URSS e na China não era a burguesia tradicional de Marx. A nova burguesia era uma classe burocrática, tecnocrata, que possuía coletivamente a riqueza da China. Essa nova burguesia estava inspirada pela ideologia reacionária. E essa nova burguesia abusou de sua posição pra ir adiante e roubar poder das massas, concentrando ele nas próprias mãos. A questão aqui é que os maoístas a muito tempo reconheceram que novas formações de classe surgiram, classes que Marx não poderia prever. A burguesia trabalhadora do Primeiro Mundo pode até suar a camisa numa fábrica, mas isso não faz ela ser explorada. Ela tem um padrão de vida tão alto, recebem tantos benefícios do Império, que não tem o menor interesse e acabar com ele. Friedrich Engels escreveu a muito tempo como toda a população da Inglaterra estava virando burguesa com o que recebiam da exploração da Índia. Vladimir Lenin escreveu a muito tempo sobre a “aristocracia laboral.” Lin Biao também falou falou do “Campo Global” que lutaria contra a “Cidade Global.” Todos esses escritores estavam apontando pro fato de que as classes estavam mudando. Assim como os maoístas identificaram uma nova burguesia em seu meio, esses autores estavam identificando uma nova burguesia surgindo dentro dos países ricos e imperiais no que se tornaria o Primeiro Mundo. A luz-guiadora captou essa ideias e avançou elas pra um nível científico completamente novo.
Os maoístas, durante a Revolução Cultural, enfatizaram a importância da observação de Lenin de que “Só é Marxista aquele que estende o reconhecimento da luta de classes até o reconhecimento da ditadura do proletariado.” A muito tempo, os maoístas na China entenderam que a vitória sobre a burguesia era a chave pra avançar rumo ao Comunismo. Eles destacavam a necessidade da “completa Ditadura do Proletariado sobre a burguesia.” Os maoístas chineses não estavam falando só da burguesia da tradição marxista, mas também da nova burguesia que surgia dentro do próprio Partido Comunista. Da mesma forma, nós também temos que fazer uma extensão completa do nosso reconhecimento de luta de classes pra uma completa Ditadura do Proletariado. O marxismo, de verdade, sempre exigiu a derrota da burguesia. E, nos dias de hoje, isso significa derrotar a nova burguesia, o Mundo burguês, o próprio Primeiro Mundo. Assim como isso foi uma linha divisória entre marxismo verdadeiro e revisionismo, no passado, continua também sendo uma linha divisória entre marxismo verdadeiro e revisionismo hoje. Nós temos que derrotar a burguesia, não nos comprometer com ela. Por isso que é nossa obrigação repudiar os venenos revisionistas de Karl Kautsky, Nikita Kruschev, Liu Shaoqi, Deng Xiaoping e os atuais primeiromundistas. Assim como os maoístas na China elevaram o entendimento sobre Ditadura do Proletariado a um nível completamente novo, o Comunismo Luz-Guiadora também avança esse conhecimento da Ciência Revolucionária.
3) Você disse que tem alguns camaradas no Primeiro Mundo. Qual a função desses camaradas no Primeiro Mundo?
O Comunismo Luz-Guiadora quer a Vitória Total através da Guerra Popular Global, e que seja realmente global. Todas as Luzes-Guias, não importa qual seja sua origem ou localização, são nossos irmãos e irmãs. Existe uma longa tradição de indivíduos excepcionais que vêm da classe burguesa e rompem com o próprio passado de classe. O exemplo mais famoso é o próprio Friedrich Engels, que não só deu recursos pra que Marx pudesse sobreviver como se tornou ele mesmo um cientista revolucionário. A Luz-guiadora é um movimento pra todos os Revolucionários de Verdade.
Nós promovemos a ideia de “Revolução no Terceiro Mundo, Resistência no Primeiro Mundo.” Os camaradas do Primeiro Mundo têm o dever de fazer tudo que eles podem pra apoiar a Guerra Popular Global da Luz-Guiadora, especialmente no Terceiro Mundo. Eles também têm a obrigação de criar resistência no Primeiro Mundo. Têm o dever de angariar recursos. Têm o dever de minar o império. Têm o dever de subverter e enfraquecer o Primeiro Mundo. Os camaradas do Primeiro Mundo têm a mesma obrigação de servir ao povo, viver e morrer pelo povo, que qualquer camarada do Terceiro Mundo. Nós não abandonamos a Revolução no Primeiro Mundo, nós só reconhecemos que não é possível em um futuro previsível. Pra conquistar o Primeiro Mundo, nós temos primeiro que libertar o Terceiro Mundo. Isso porque, como disse Lin Biao, a Revolução Mundial começa no campo global e termina na cidade global.
4) Os indígenas, negros, e outras minorias étnicas no Primeiro Mundo são inimigas do Terceiro Mundo?
É importante lembrar que nem todas as minorias/nacionalidades estão na mesma condição. Por exemplo, os asiáticos dentros dos Estados Unidos têm rendas maiores que os brancos. E a comunidade asiática não é homogênea. Eles são chineses, japoneses, vietnamitas, laosianos, Hmongues, Filipinos, Malásios, Indonésios, Coreanos, e de tantos outros países daquele continente. Entre eles, existem grandes diferenças. Por exemplo, os japoneses são mais ricos que os laosianos. Da mesma forma, existem muitas diferenças entre os mais variados povos indígenas. Tem diferenças também entre as comunidades negras. Algumas comunidades negras têm condições muito melhores que outras. O mesmo acontece com os Chicanos, Mexicanos e Latinos. Os cubanos conseguem muito mais riqueza que os Salvadorenhos nos EUA. Tem muitas diferenças entre as populações, e muita variedade dentro das populações. Mas, mesmo existindo essa grande diversidade, como um todo, a maioria desses povos é parte do Primeiro Mundo. Ainda que a qualidade de vida deles normalmente seja inferior à da população branca da América, eles continuam sendo Primeiro Mundo. Como um todo, eles também são parte do Primeiro Mundo. Mesmo assim, tem uns bolsões de Terceiro Mundo dentro dos países do Primeiro Mundo. Alguns povos indígenas nos EUA, e alguns povos aborígenes na Austrália, podem ser considerados Terceiro Mundo. Tem também pequenas porções de pessoas brancas muito pobres também. No entanto, todos esses povos são muito pequenos, fragmentados, isolados e dinâmicos pra servir como base social confiável pra Revolução. Pode ter algumas exceções, mas essa é a regra geral. A linha da Luz-Guiadora é a que diz que não existe um proletariado verdadeiro no Primeiro Mundo. Ou melhor, nós dizemos, não existe proletariado significante nos países do Primeiro Mundo.
Isso não quer dizer que não existem grandes injustiças que possam acontecer com esse ou aquele povo dentro de um mesmo país do Primeiro Mundo. Isso não quer dizer que não devemos ficar escandalizados com as injustiças. Por outro lado, não somos (neo)liberais. Somos revolucionários. Nosso tarefa é fazer a Revolução. E, nós gostando ou não disso, os bolsões de comunidades realmente pobres, exploradas, de Terceiro Mundo dentro do Primeiro Mundo não representam nenhuma base social capaz de fazer uma revolução.
5) Você vê Lin Biao como mais importante que Mao Zedong?
Mais que olhar pra indivíduos, nós devemos olhar pras linhas políticas. Política no comando, não individualidade! Em alguns casos, a linha de Lin Biao era melhor que a de Mao Zedong. Lin Biao desafiou a guinada de Mao pra direita, incluindo a alianda de Mao com os imperialistas do Ocidente nos anos 1970. Nos anos 1960, Mao criticou Kruschev pela linha de “Coexistência Pacífica” dele com os imperialistas. Nos anos 1970, o próprio Mao apertou a mão dos imperialistas ocidentais. Assim como os soviéticos, Mao estava colocando os interesses nacionais acima dos interesses do Proletariado Internacional. Isso era parte da reversão direitista da China dos anos 1970. Mao favoreceu uma geopolítica centrada na China nos anos 1970. Lin Biao favoreceu um esforço pela ajuda às Guerras Populares e lutas anti-imperialistas. Lin Biao defendeu as Guerras Populares; Mao defendeu os interesses nacionais. Além disso, Lin Biao acertou em destacar que a Revolução Global iria se proceder do “campo global” pra “cidade global”. Lin Biao também quis continuar radicalizando a Revolução Cultural depois de 1969, enquanto Mao se mobilizou pra trazer de volta os direitosos e revisionistas que tinham caído. Lin Biao seguiu pra esquerda depois de 1969; Mao seguiu pra direita. Nesses pontos, Lin Biao foi muito melhor do que Mao. No entanto, considerando toda a História, Mao foi uma figura muito mais importante que Lin Biao. Foi Mao, não Lin Biao, quem guiou a Revolução Chinesa. Foi Mao o escritor ideológico mais importante da Revolução Chinesa e da onda de Revoluções maoístas pelo mundo. Lin Biao foi uma Luz-Guiadora, mas Lenin e Mao são as duas Luzes-Guiadoras mais brilhantes das Revoluções do século XX. Pense nisso: Mao foi o líder de uma Revolução Proletária que levantou um quarto da humanidade. A estrela dele brilha com muita, muita força.
Maos o nosso dever mais fundamental é com a Ciência Revolucionária, Comunismo Luz-Guiadora, não com o legado de líderes individuais. Todas essas Luzes-Guiadoras do passado – Marx, Lenin, Mao Zedong, Lin Biao etc. – foram grandes heróis, líderes, servos do povo. Eles incorporaram muito do que existe de melhor na humanidade. Eles incorporaram nossos melhores egos, nossas melhores aspirações. Mas a história não parou quando Mao morreu. A Ciência continua avançando. Hoje, nós desenvolvemos a Ciência da Revolução num nível completamente novo pra dar início a uma nova onda revolucionária. Assim como Lenin avançou as ideias de Marx, e Mao avançou as de Lenin, nós avançamos todas elas. O Comunismo Luz-Guiadora é o futuro.
6) Você diz que o Comunismo Luz-Guiadora é o nível mais alto de Ciência Revolucionária. Qual é a diferença entre o Comunismo Luz-Guiadora e tradicional Marxismo-Leninismo-Maoísmo?
O Comunismo Luz-Guiadora é um avanço geral da Ciência Revolucionária. O Comunismo Luz-Guia avançou em cada área da Ciência Revolucionária. Não é possível apontar aqui numa lista todos os avanços que nós fizemos. Apesar disso, nós vamos focar em alguns avanços-chave:
O Comunismo Luz-Guiadora integrou as descobertas mais avançadas de hoje pra criar uma epistemologia realmente científica, uma epistemologia que une os melhores aspectos do materialismo marxista com avanços contemporâneos em lógica, linguística, ciência cognitiva e neurologia, e análise estatística. Grandes avanços estão acontecendo nessas áreas do conhecimento e, se o Marxismo não se adaptar, ele vai continuar congelado em metafísica. A Ciência não se congelou quando Mao morreu em 1976. Os capitalistas estão sempre avançando a ciência da opressão e, se não avançarmos junto, continuaremos perdendo pra sempre. Temos que travar uma luta ativa e enérgica contra os capitalistas avançando a Ciência da Revolução, o Comunismo Luz-Guia. Essa é a ideia que está no coração do nosso avanço científico pra um nível completamente novo.
O Comunismo Luz-Guia avançou a Economia-Política pra um nível totalmente novo. A Luz-Guiadora criou uma nova teoria da Análise de Classes Global que revela como as classes funcionam a nível global no Mundo de hoje. A Análise de Classes Global nos mostra que a base social pra Revolução existe quase exclusivamente no Terceiro Mundo. Nenhum proletariado significante existe no Primeiro Mundo. A Luz-Guiadora mostra como a burguesia moderna e o Proletariado mudaram. Não só as novas formas de burguesia que surgiram no Primeiro Mundo, mas também a importância das mudanças demográficas do Terceiro Mundo são destacadas pela Luz-Guiadora.
A [Organização] Luz-Guiadora avançou nosso entendimento de gênero. Ela mostra como, assim que o império mudou as dinâmicas de classe, também mudaram as dinâmicas de gênero. Os povos do Primeiro Mundo como um todo têm garantidas muito mais opções de vida às custas dos povos do Terceiro Mundo. Isso é uma verdade pra homens e mulheres. As mulheres do Primeiro Mundo conquistaram cada vez mais acesso aos privilégios tradicionais dos homens do Primeiro Mundo. Isso é consequência do crescimento do liberalismo e da social-democracia no Primeiro Mundo. Porém, temos que nos perguntar: QUEM PAGA POR ISSO? As mulheres do Terceiro Mundo geralmente experimentam as piores formas de opressão patriarcal. O patriarcado no Terceiro Mundo é usado como maneira de aplicar formas horríveis de apartheid de gênero. O patriarcado, especialmente em regimes semi-feudais, é usado pra explorar e controlar mulheres no Terceiro Mundo. Então, nós temos uma situação em que as mulheres do Primeiro Mundo ganham privilégios novos a cada ano, cada vez mais opções de vida, pelas costas do imperialismo continuado e da opressão semi-feudal, patriarcal sobre homens e mulheres do Terceiro Mundo. Isso cria uma situação onde as mulheres do Primeiro Mundo não tem interesses de gênero em comum com as mulheres do Terceiro Mundo. As do Primeiro Mundo podem querer igualdade de gênero com os homens do Primeiro Mundo, mas o estilo de vida dos dois exige a permanência do barbarismo patriarcal, semi-feudal, imposto sobre as mulheres do Terceiro Mundo (por exemplo, quando o número de mulheres europeias com acesso ao trabalho e ao crédito sobe, elas vão correndo pras lojas comprar roupas. Essas roupas são feitas em países pobres, como a Índia, por mulheres com salários miseráveis, que trabalham expostas a todo tipo de toxina têxtil e sofrem com a onda de estupros tão frequente por lá, dentre outras opressões de gênero. O conforto de umas garantido por um sistema que só reserva dores e morte pra milhões de outras). É por isso que homens e mulheres do Terceiro Mundo têm interesses comuns muito distantes dos sonhos de homens e mulheres do Primeiro Mundo, tanto de classe quanto de gênero.
A Luz-Guiadora avançou ainda mais longe na Ciência Militar Revolucionária. A Revolução no Mundo Contemporâneo é questão de desenvolver a Guerra Popular Global da Luz-Guiadora, uma guerra popular em escala mundial do Mundo Proletário contra o Mundo burguês. Isso é uma guerra total, uma guerra contra o Primeiro Mundo como um todo, contra a própria ‘civilização’ do Primeiro Mundo! Isso exige novas formas de guerra popular, teoria e prática avançadas. As mudanças demográficas, o crescimento das favelas, teve implicações profundas na arte de guerrear. O crescimento das classes moradoras de favelas no Terceiro Mundo revela que as Revoluções do futuro não podem ser pensadas só em termos de “campo x cidade”, mas também nos termos da atuação crescente das favelas. A tecnologia da informação, guerra psicológica, o fortalecimento das forças aéreas, satélites, robótica etc. terão importância muito maior nos futuros conflitos (enquanto isso, muitos teimosos que insistem em renegar o Comunismo Luz-Guiadora e insistir com suas táticas dos anos 1970, 1940 ou até 1910). As novas tecnologias e abordagens devem ser incorporadas às estratégias contemporâneas, se alguém quer realmente vencer. A lei revolucionária do Poder Popular ainda é fundamental, mas o Poder Popular, pra vencer, tem que ser focado em métodos mais concentrados, avançados, de chegar à vitória. “Sem teoria, a prática é cega.”
A Luz-Guiadora avançou também nosso entendimento sobre a história da Revolução, da Contrarrevolução, e da construção socialista. Nós avançamos pra um novo nível o entendimento sobre a subida do revisionismo e da restauração capitalista. A Luz-Guiadora mostra como a Teoria das Forças Produtivas , o paradigma policial e certos conceitos de bondade humana são interligados. Apesar de tanto a União Soviética quanto a China, em suas fases revolucionárias, serem exemplos brilhantes, elas estavam erradas de várias formas importantes. A Luz-Guiadora oferece a explicação mais avançada pras imperfeições das ondas revolucionárias anteriores. Isso nos dá informações importantes sobre como fazer melhor na próxima vez.
A Luz-Guiadora também melhorou o entendimento Marxista sobre a ecologia. Nós mostramos como o Marxismo passado falhou em entender a importância da natureza. Por exemplo, a natureza tem um papel importante dentro de economia-política. Uma maneira de avaliar ainda melhor o parasitismo do Primeiro Mundo como um todo é olhar pros padrões de consumo. O Primeiro Mundo simplesmente não é sustentável. Os níveis de consumo do Primeiro Mundo, o modo de vida do Primeiro Mundo, está matando o Planeta, nossa grande casa comum. O consumismo do Primeiro Mundo é uma ameaça ao próprio ecossistema global e à sobrevivência de toda a vida, incluindo o Proletariado! Por isso que é uma parte importante de qualquer Revolução do futuro colocar o cuidado e a defesa da natureza na vanguarda. O Novo Poder do Proletariado tem que ter uma visão sobre a natureza fundamentalmente diferente da visão reacionária, que ameaça a todos nós com extinção. As experiências socialistas passadas falharam vergonhosamente com esse cuidado, enquanto a (Organização) Luz-Guiadora diz que a Ciência ecológica mais avançada é parte-chave, crucial pra Ciência Proletária mais avançada dos nossos dias, o Comunismo Luz-Guiadora.
A Luz-Guia oferece um entendimento científico avançado, novo, sobre a construção socialista. Nós estamos tentando eliminar milênios de organização social e programação social opressivas. Por milhares de anos, o poder, a economia, e a cultura foram organizados das maneiras mais terrivelmente opressivas. Marx descrevia o projeto dele como Socialismo Científico e Comunismo, aplicando a melhor ciência no desafio de eliminar toda a opressão. É por isso que as Revoluções do passado precisam ser vistas como experimento científico. Assim como os Bolcheviques avançaram sobre Marx e tentaram chegar mais cedo ao Comunismo (lembre: eles não viviam num país industrializado e venceram, ao contrário das previsões de Marx), os maoístas avançaram sobre os Bolcheviques. De maneira similar, Cientistas Revolucionários de verdade reconhecem que nós precisamos avançar sobre a Revolução de Mao. Se Mao fizesse tudo certo, ele teria vencido. O socialismo continuaria existindo na China se a tradição Marxista-Leninista-Maoísta sozinha fosse a resposta. Desde a restauração capitalista na China, o Mundo mudou de várias maneiras. Temos que aprender com os mestres que vieram antes de nós, mas temos um dever com as massas, que é o de armar elas com a Ciência Revolucionárias mais avançada. Qualquer coisa fora disso é traição.
O Comunismo Luz-Guiadora fez avanços em numerosas outras áreas: Alta e Baixa Ciência, estética, Revolução Cultural, Frente Unida, Novo Poder, e muito mais. O Comunismo Luz-Guia é o verdadeiro avanço, não simples retórica vazia, repetição de slogans, cultismo. Os avanços científicos são tão numerosos e profundos que não é possível articular eles num formato tão simples quanto uma resposta a uma entrevista. A Luz-Guiadora elevou todos os aspectos de Ciência Revolucionária a um novo nível. As luzes-guias não são seguidores de Avakian que não oferecem nada além de ecleticismo e retórica vazia. Luzes-guias não são Prachandistas que usam a capa de inovação pra revisar o coração revolucionário pra fora do Marxismo. Ser Luz-Guiadora não é praticar cultismo vazio, repetição bombástica de slogans. E estudar e praticar avanços científicos verdadeiros que preservam e elevam o melhor do Maoísmo – Revolução Cultural, Guerra Popular – mas colocando tudo isso num novo nível de qualidade.
Temos um caminho pra seguir em frente. Marxistas Verdadeiros, Leninistas verdadeiros, Maoístas Verdadeiros não são metafísicos com dogmas congelados. Marxistas, Leninistas e Maoístas de verdade são Cientistas Revolucionários. Ser um Maoísta de verdade no Mundo atual requer ir além de Mao. Isso é o que a Ciência pede. Ser um Maoísta sempre significou aderir à Ciência Revolucionária mais avançada, não ficar só lendo os trabalhos de Mao. Maoísmo de verdade é Ciência, não religião posando de ciência. É por essa razão que o dever de todos os Maoístas de verdade é ir além de Mao, adotar a Ciência Revolucionária mais avançada de hoje. E isso quer dizer, enfim, se juntar á Organização Comunista Luz-Guiadora.
Respondida pelo Comandante Campo Flamejante.
Traduzida pro português por Rivaldo Cardoso Melo.
Resumo do livro “A Riqueza de Algumas Nações”, Malcolm Caldwell
(portugues.llco.org)
Malcolm Caldwell foi uma das poucas pessoas nascidas no Ocidente a visitar o Kampuchea (ou Camboja) sob o regime do “Khmer Vermelho” (se pronuncia ‘Jmer’, porque vem de uma tradução inglesa pro fonema ‘J’, como Zhukov, Brezhnev, Zhou En Lai…). Ele geralmente é lembrado como o ativista acadêmico que foi assassinado no ‘Kampuchea Democrático’ em 23 de Dezembro de 1978, pouco depois de entrevistar Pol Pot (então presidente do Kampuchea). A mídia ocidental, sedenta por qualquer coisa que pudesse desacreditar o regime Pol Pot e o ‘comunismo’, gritou aos quatro ventos que o incidente foi mais uma prova de que Pol Pot, como todos os ‘comunistas’, era cruel e insano. Os anticomunistas não fazem distinção entre comunistas de verdade e revisionistas como Pol Pot. Em todo caso, as verdadeiras razões da morte de Caldwell talvez nunca venham a ser conhecidas. Alguns dizem, com provas fracas, que a relação entre Caldwell e Pol Pot tinha amargado. Eles afirmam que Pol Pot mandou matar Caldwell pra evitar o constragimento que seria se um dos cidadãos ocidentais mais respeitados que apoiava o regime virasse a casaca. Outros divergem.
Pelas palavras de alguns dos seus colegas ocidentais de viagem, Caldwell continou com seu apoio ardente ao regime durante seu turismo revolucionário. Dizem eles que o encontro dele com Pol Pot correu bem e que Caldwell estava impressionado com o “Irmão nº 1”. A versão oficial do regime kampucheano, que recebeu ainda menos atenção da mídia, se assenta nisso. Pela versão oficial kampucheana, Caldwell foi morto por uma facção dissidente, pró-vietnã, pra prejudicar a liderança do regime. Os vietnamitas começaram a invadir o Kampuchea dois dias depois a morte de Caldwell. A pergunta “Quem matou Caldwell” permanece. Em todo caso, a morte de Caldwell ganha mais atenção que a própria vida dele, o que é uma pena porque Caldwell escreveu alguns livros e artigos brilhantes. Publicado em setembro de 1977, quase um ano antes de sua morte, “A Riqueza de Algumas Nações” foi o último livro que ele escreveu.
O livro de Caldwell é complexo e desconexo. O próprio livro às vezes escapa de seus tópicos principais, e nem sempre é claro como esses desvios voltam a se juntar com os argumentos principais. O livro dele tem vontade de ser dois ou três livros – um livro sobre o desenvolvimento do subdesenvolvimento dentro de um livro sobre os problemas do pico da produção de petróleo dentro de um livro sobre valor e agricultura – juntos, numa grande mistura. Este resumo se limita a algumas das principais questões que Caldwell discute. Não serei exaustivo sobre os vários desdobramentos complexos e afirmações do livro. A maior parte da obra é uma boa abordagem sobre o subdesenvolvimento do Terceiro Mundo. Caldwell rejeita opiniões chauvinistas convencionais que veem o subdesenvolvimento como resultado de um barbarismo não-europeu. Caldwell criticica especificamente os primeiromundistas que entendem o imperialismo como progressivo (benéfico pro povo):
“Até mesmo alguns marxistas no Ocidente tinham tendência a aceitar o desejo dos países avançados de dominar os atrasados até um tempo em que estes possam, em um caminho devido, ter capacidade o bastante pra arcar com toda a responsabilidade do auto-governo [em outras palavras, alguns ‘marxistas’ concordam com a vontade dos países ricos de mandar nos pobres até o dia em que os pobres possam merecer independência, como escravos que tem a promessa de ser livres aos 60 anos]. Alguns iam tão longe que afirmavam que mesmo que os países imperialistas se submetam a revoluções proletárias eles precisariam manter suas colônias pelas vantagens econômicas que conquistaram; essas vantagens, como foi dito, ajudaram a sustentar a civilização ocidental, que seria então vista como a única garantidora suprema do progresso pros povos dos países avançados e atrasados, igualmente.” (1)
Como Caldwell, tanto Lenin como Mao Zedong rejeitam a linha que pensa que o imperialismo é progressivo. Esse é o motivo que fez Lenin dizer que o capitalismo imperialista é decadente. Em outras palavras, o capitalismo, e sua forma imperialista, já esgotou seu potencial progressivo neste Mundo. Lenin chegou a descrever a relação entre dependência e imperialismo desse jeito:
“Se nós estamos falando de política colonial na época do imperialismo capitalista, devemos observar que o capital financeiro e sua política externa, que é a luta das grandes potências pela divisão econômica e política do Mundo, fez crescer um número de formas transitórias de dependência estatal. Não existem só dois tipos principais de países, aqueles que têm colônias, e as próprias colônias, mas também formas diversas de países dependentes que, politicamente, são formalmente independentes, mas de fato estão entrelaçados em uma rede de dependência financeira e diplomática…” (2)
Mao Zedong também sustentava uma visão em que colonialismo e imperialismo atrofiavam o desenvolvimento saudável dos países. A teoria de Mao da Nova Democracia é concebida como uma solução pro subdesenvolvimento imposto pelo colonialismo e pelo imperialismo. Mesmo a visão revolucionária sendo geralmente uma visão minoritária, ainda existem dentro dela muitos revisionistas. Ainda podemos contar que esses revisionistas ultrapassem o número de comunistas até nós nos aproximarmos da vitória em escala mundial. Antes de 1917, no cenário mundial, o chauvinismo (nacionalismo egoísta) e o social-imperialismo revisionista comandavam. Lenin era muito marginal, por exemplo. Hoje, o comunismo verdadeiro está numa posição similar à de Lenin em fraqueza. Marxismo falso, primeiro-mundismo, social-imperialismo, social-fascismo e chauvinismo (é no meio deles que o trotskysmo e a social-democracia estão) são o que domina no meio da “esquerda”. Se um super-chauvinismo desse tipo, que Caldwell descreve, é propagado abertamente ou não, ideias como essa ou similares a essa estão implícitas na versão de ‘marxismo’ defendida por todos os primeiromundistas. Os primeiromundistas se recusam a reconhecer que os povos do Primeiro-Mundo como um todo, incluindo os ‘trabalhadores’ do Primeiro-Mundo, se beneficiam por demais do imperialismo. Eles se recusam a admitir que a qualidade de vida dos povos do Primeiro-Mundo é diretamente conectada com a pobreza e o sofrimento do Terceiro-Mundo. A menos que alguém esteja a favor de uma redução da qualidade de vida do Primeiro-Mundo, esse alguém estará, de fato, a favor do imperialismo. Na verdade, alguns revisionistas primeiro-mundistas zombam de uma justa redistribuição de riqueza e poder entre os países como se sendo uma “linha vingativa”. Esses primeiromundistas rejeitam a igualdade entre os países se ela reduzir o padrão de vida dos ‘trabalhadores’ do Primeiro Mundo, coisa que, claro, ela vai fazer.
Caldwell expõe o primeiromundismo como pura fantasia dando aos primeiromundistas uma aula de história sobre colonialismo e subdesenvolvimento. Caldwell questiona por quê os países da Europa Ocidental foram os principais praticantes de imperialismo até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos tomaram a direção. A explicação de Caldwell pra ascendência da Europa, dos EUA e do Primeiro Mundo adiciona uma reviravolta pras explicações parecidas encontradas em outros ativistas acadêmicos quase-terceiromundistas como Gunder Frank, por exemplo. Caldwell acredita que só os países da Europa Ocidental foram capazes de conseguir uma vantagem completa dos mercados emergentes do final da Idade Média. Eles estavam situados entre os países frios da Escandinávia e os países quentes do Mediterrâneo. A geografia deles permitiu que tirassem vantagem dos mercados mundiais emergentes. Eles tinham acesso ao oceano, que eram as auto-estradas do sistema mundial emergente. Então, quando eles descobriram o Novo Mundo (continente Americano), estavam numa posição única pra aproveitar a riqueza dele.
“Crescendo das expansões marítimas dos séculos XVI e XVII, os países da Europa Ocidental foram capazes de tomar e concentrar em seus próprios cofres uma riqueza de pilhagem de uma magnitude muito além do que qualquer um pudesse imaginar… Ouro e prata roubados da América Latina, fortunas que a Holanda construiu sobre os ossos do povo indonésio, e tudo que a Inglaterra saqueou da Índia ajudou na compra de carne humana, suprimento de escravos pro pioneirismo de latifundiários e donos de minas em terras pouco povoadas de assentamentos recém-criados, como as Américas.” (3) [Isso inclui Portugal e suas colônias]
Caldwell cita a estimativa de Ernest Mandel de que o total de bens transportados pelos colonialistas valia mais de 1 bilhão de libras. Isso é uma soma espantosa considerando que, no final dos anos 1770, a renda nacional britânica era de 125 milhões de libras. Os comunistas Luzes-Guiadoras estimam que esse número seja muito maior. Essa afluência de valores da pilhagem e da exploração do Novo Mundo foi a “acumulação primitiva” que permitiu à Europa Ocidental dar o salto pro capitalismo industrial. (4)
Fases do subdesenvolvimento
De acordo com Caldwell, houveram algumas fases diferentes no desenvolvimento do subdesenvolvimento desde o século XVIII. A primeira fase durou do começo da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, até o final do século XIX. Caldwell descreve esse período. A Produção Industrial era limitada aos países imperialistas da Europa Ocidental (e aos seus descendentes na América do Norte). O valor excedente (lucro) era extraído do trabalho assalariado que era empregado na fabricação de larga-escala. Às margens da economia mundial euro-americana emergente, Ásia, África e Latinoamérica forneciam fluxo de valor pra dentro dos cofres dos países que se industrializavam, principalmente pra Europa Ocidental. A acumulação primitiva de capital ocorria de variadas formas e beneficiava os povos dos países que se industrializavam, países imperiais e [ricos]compradores locais em cada colônia. Vindas dos países imperiais, as mercadorias industrializadas afogavam o Mundo Colonial. Junto com as políticas imperiais feitas pra destruir a autonomia industrial das colônias, a inundação dos mercados coloniais com artigos importados provocava uma ampla eliminação de artesanatos, manufaturas preindustriais e até indústrias. As economias coloniais eram transformadas em economias muitos inclinadas prum lado, dominadas pela exportação de poucos tipos de itens. Nesse período, o transporte por longas distâncias não era muito bem conhecido. Por conta disso, diz Caldwell, houve uma abertura pra que alguns países fora da Europa Ocidental pudessem dar passos limitados em direção à autonomia industrial. Por exemplo, passos foram dados na Rússia, Japão, Espanha e Itália (o conceito de “Europa Ocidental” de Caldwell parece se limitar a França e Inglaterra). Por outro lado, [no resto do mundo] a industrialização autônoma era atrofiada por [ricos] compradores locais endividados com juros imperiais. (5)
Os últimos três anos do século XIX marcam o início de uma nova fase, segundo Caldwell. Uma Revolução Tecnológica estava conquistando espaço, especialmente nos transportes e comunicações: O barco a vapor, o telégrafo elétrico, a abertura do canal do Suez etc. Essa revolução tecnológica se combinava com a crescente oferta de capital, conhecimento e capacidade produtiva dos países imperiais. Praticamente todas as partes povoadas do Planeta estavam ligadas ao Mercado Mundial. Os produtos do Ocidente viajavam por toda parte, destruindo o que restava de bastiões da produção artesanal e indústrias emergentes do Mundo Colonial. A habilidade de gerar imensamente mais capital permitiu aos países industrializados exportar capital numa escala sem precedentes. Isso minou ainda mais o desenvolvimento autônomo do Mundo Colonial. A exceção aqui era o Japão, onde os primeiros passos efetivos foram dados pra prevenir investimentos estrangeiros. A exportação de capital ocidental atrofiou e abortou o desenvolvimento colonial. As atividades econômicas dos países coloniais e semi-coloniais era subordinada aos interesses dos imperialistas do Ocidente. Só atividades econômicas complementares ou compatíveis com os interesses imperiais tinham permissão pra sobreviver no mundo colonial: distribuição de importados ocidentais; compra e entrega da produção trabalhosamente colhida por pequenos produtores pra armazéns ocidentais pros portos de saída; trabalho clerical em escritórios ocidentais, bancos, seguradoras; casas comerciais e de agenciamento, serviços pra hotelaria doméstica, bares, cassinos e bordéis etc; fornecimento pro comércio turístico; um pouco de construção; comércio de terrenos; conserto de máquinas em pequena escala etc. A demanda por matérias-primas explodiu. O capital atingiu uma proporção mundial e tomou lugar de métodos antigos de produção e extração. A Grã-Bretânia se moveu diretamente pra dentro da África do Sul, estados malásios etc. os preços das matérias-primas tiveram um deslize pra baixo de 1873 até 1973. A extração delas rapidamente se “moderniza” nas colônias. Porém, a “modernização” da extração de matérias-primas não criou economias desenvolvidas, independentes e balanceadas. Em vez disso, criou uma situação em que as economias são atrofiadas num padrão desbalanceado e dependente caracterizado pela predominância do Setor Primário, estando os Setores Secundário e Terciário especificamente moldados pra facilitar a exploração imperialista dos recursos e do trabalho. Pela falha das economias do Mundo Colonial em se mover pra frente, o trabalho continua barato. É por isso que o mundo colonial continua sendo um lugar atrativo pros investidores estrangeiros. (6)
A Terceira fase emerge da “prolongada depressão entre-guerras e da passagem entre o abandono britânico dos reinos que eram responsáveis por manter as regras e o impulso da economia capitalista internacional pra submissão deles à América.” (7) As mudanças tecnológicas estavam acelerando, e resultaram em complexas repercussões econômicas. Passou a existir um esforço conscientemente aumentado pelo controle econômico internacional e pela integração econômica internacional pra beneficiar os países imperialistas e seus compradores e mercenários no Terceiro Mundo pós-colonial. É esse aspecto que é descrito por Lin Biao em 1965 no livro “Viva a vitória da Guerra Popular!” A rivalidade interimperialista se tornou menos aguda. A integração dos interesses imperialistas dificultou pras forças revolucionárias jogar os imperialistas uns contra os outros. Agora, as classes populares do Terceiro Mundo ficam contra o Primeiro Mundo por inteiro. Uma industrialização rápida está acontecendo em muitas partes do Terceiro Mundo no período pós-guerra. No entanto, é uma industrialização de tipo bem particular. Geralmente ela é empreendida por corporações multinacionais pra extrair os lucros da super-exploração do trabalho e dos recursos. Esse tipo de industrialização não acaba com a praga do subdesenvolvimento, só fortalece ela. Estados compradores no Terceiro Mundo reprimem brutalmente a força de trabalho usando a polícia, militares e paramilitares, frequentemente treinados e armados pelos imperialistas, especificamente os Estados Unidos. Tem também um crescimento de empresas estatais pelo Terceiro Mundo. Isso é um crescimento do que os Maoístas descreveram como “capitalismo burocrático” típico das economias do Terceiro Mundo. Hoje, a industrialização no Terceiro Mundo é feita pra beneficiar o Terceiro Mundo, direta ou indiretamente. Nenhum lugar no Terceiro Mundo está vivendo alguma experiência de industrialização que sirva pra modelar um desenvolvimento nacional completamente autônomo. Ao contrário, o que se vê nele é um padrão muito específico de subdesenvolvimento dependente. (8)
A dependência nessa fase tem ainda outras características. Uma é a dependência por ajuda estrangeira e empréstimos, que leva a uma dependência que cresce com o passar do tempo. Os imperialistas que dão as ajudas e empréstimos são, naturalmente, aqueles com o poder. Essas ajudas e empréstimos vêm com contratos cheios de termos e condições. Essas condições não são colocadas pra beneficiar nem a curto nem a longo prazo os países recipientes. As ajudas e empréstimos, na maioria das vezes, só beneficiam as elites compradoras e os próprios países imperialistas. Elas são uma forma de os imperialistas exercitarem ainda mais controle sobre suas semicolônias e neocolônias. São também uma forma de os imperialistas comprarem apoio na comunidade internacional (projetos deles nas reuniões da ONU, por exemplo). Outras vezes, essa ‘caridade’ serve pra ameaçar certos países garantindo acesso em solo do Terceiro Mundo pra construir bases militares. Caldwell aponta como essas doações e empréstimos tiveram um “propósito econômico rigoroso: construção de infraestrutura vital pra projetos de investimento modernos e sofisticados; restrição de crédito local pra reduzir competição local e impedir atividade estatal local em áreas consideradas terreno lucrativo pras ‘forças do mercado’ (outro nome pra Investidores Estrangeiros) operarem; imposição de legislação imensamente favorável às condições dos investidores estrangeiros; e coisas parecidas.” (9) Outra característica da dependência do período pós-segunda guerra mundial é o aumento da escala em que a economia fica efetivamente em mãos estrangeiras. Em lugares como Quênia ou Malásia, latifúndios de propriedade estrangeira tomam até a porção de terra dos leões das terras aráveis. Isso cria problemas pros camponeses pobres e sem-terra, que levam uma vida mais e mais difícil tentando ajudar a si mesmos enquanto são forçados a sair da economia tradicional. O sofrimento do campesinato só é piorado por problemas ecológicos e a fome, que pode acontecer quando as técnicas de monocultivo substituem o plantio tradicional.
Outra característica é a presença de forças estrangeiras cujos mandatos estão muito longe do interesse da esmagadora maioria dos povos do Terceiro Mundo. Essas forças podem ser pessoal experiente estacionado em algum país do Terceiro Mundo pra assegurar que o país continue num caminho que beneficie os imperialistas. Eles podem constituídos de estrangeiros de países do Primeiro Mundo, mercenários, ou pessoas locais treinadas no Ocidente pra ajudar a manter a dominação imperialista nesse país. Nos casos mais notáveis, essas forças são militares ou mercenários armados estacionados em um país do Terceiro Mundo pra ajudar a manter um regime ditatorial sobre a população local. Ou, eles podem dar treinamento ou até agir como “esquadrões da morte” locais pra rondar zonas rurais e universidades, matando suspeitos de oposição ou camponeses pobres. (10)
Por fim, Caldwell demonstra como outra característica é a de que a forma como o capital doméstico se comporta numa industrialização dependente, neo-colonial, é muito diferente do seu comportamento em processos de industrialização do passado. Isso é verdade por um número de razões complexas. No entanto, o resultado é claro o bastante, como disse Caldwell. O capital local, apesar de participar do setor industrial, tende a se voltar pra aplicações menos produtivas ou improdutivas, como especulação imobiliária, especulação financeiras, serviços etc. Um capital verdadeiramente nacional não se desenvolve. Em outras palavras, esse processo de industrialização não move os países do Terceiro Mundo na mesma direção dos de Primeiro Mundo. (11)
Riqueza do Primeiro Mundo = Pobreza do Terceiro Mundo
Caldwell percebe as ligações entre a riqueza do Primeiro Mundo e a pobreza no Terceiro Mundo:
“Assim que a industrialização está seguramente lançada, e a classe trabalhadora dos países pioneiros começa a ganhar algum benefício disso (em parte pela própria luta deles mesmos; em outra parte como consequência de trocas desiguais), um número de indicadores-chave marginais cresce… Em média, e ponderando as variações, nós podemos ver que por um longo período de tempo nos países mais ricos do Mundo houve uma melhoria no padrão de vida das populações como um todo. Isso se mostra claramente quando alguém olha pra série de figuras [fotos] por a longo prazo…” (12)
“Certas mudanças socioeconômicas mensuráveis foram invariavelmente acompanhadas com o desenvolvimento (da forma como ele é convencionalmente entendido) e crescimento. Não é difícil demonstrar que durante o período colonial nos países submissos muitos desses indicadores estavam se movendo numa direção oposta àquela associada com o desenvolvimento. Por exemplo, a porcentagem populacional no setor primário frequentemente crescia, como em Java. Ou a Taxa de Alfabetização caía, como na Birmânia sob o domínio britânico. Ou as calorias e proteínas consumidas por dia per capita caíam; isso foi muito comum, se não [foi] universal.” (13)
“[Desde] o começo do período de expansionismo europeu e imperialismo, nós podemos notar que, hoje, um sistema internacional de ‘consumo desigual’ existe, um tipo de imperialismo de proteínas, em que os povos dos países ricos, num sentido [quase] literal, tiram comida de muitas bocas e barrigas dos pobres…” (14)
À medida que as massas no Mundo subdesenvolvido são forçadas a viver na pobreza, os povos do mundo “superdesenvolvido” ganham acesso a uma melhor qualidade de vida. Caldwell afirma que “um punhado de países foram capazes de construir e se beneficiar – trabalhadores e empregadores igualmente – de um sistema elaborado de trocas desiguais condenando os pobres e os países pobres a uma pobreza frequentemente referida pelos estudiosos ocidentais e liberais como ‘desesperada’…” (15) Pelo benefício que tem com o subdesenvolvimento que o imperialismo cria no Terceiro Mundo, os trabalhadores do Primeiro Mundo se aliam ao imperialismo contra as camadas populares do Terceiro Mundo. Isso acaba com o internacionalismo entre os povos do Primeiro Mundo e do Terceiro Mundo. Lenin chamou isso de “rompimento na classe trabalhadora.” Caldwell cita Arghiri Emmanuel sobre como, quando os privilégios imperiais deles estavam ameaçados, os trabalhadores franceses na Argélia apoiaram o imperialismo contra o movimento nacional de libertação:
“Foi o proletariado europeu de Bab-el-Oeud (que antes era uma fortaleza do Partido Comunista Argelino) que se mobilizou em defesa da Argélia Francesa e deu suprimentos pros assassinos da OAS. Pra eles, isso era uma questão de vida ou morte. Os privilégios deles eram a qualidade deles como Europeus ou brancos. A Argélia como uma dependência francesa garantia a eles [receber] salários europeus, ou franceses, em um país subdesenvolvido. Eles faturavam em poucos dias o que um argelino faturava em um mês… ‘La valise ou la cercueil’ – a mala (pra uma fuga pra França) ou a cova – era um ditado que só se relacionava com o problema deles.” (16)
Esse padrão se repetiu de novo e de novo. Friedrich Engels se referia a esse fenômeno como aburguesação da classe trabalhadora. Lenin descreveu essa classe aburguesada, reacionária, como a “aristocracia laboral.” A classe assalariada do Primeiro Mundo não constitui um proletariado em nenhum sentido significativo. Eles não são base social pra uma revolução socialista ou comunista. Eles são uma classe exploradora que recebe uma fatia do Produto Social Global muito maior do que deveriam. Como a burguesia, os trabalhadores do Primeiro Mundo se apropriam de valor criado por produtores do Terceiro Mundo. Não é só porque a exploração nem sempre é direta que deixa de ser exploração. E, quando os privilégios do Primeiro Mundo são ameaçados, os trabalhadores primeiromundistas seguem o caminho do fascismo, não do internacionalismo.
A aburguesação dos povos do Primeiro Mundo como um todo é acompanhada do crescimento do setor não-produtivo, como demonstrou Caldwell. Pra Marx, o trabalho não-produtivo é aquele que não contribui pro Produto Social Global; que não cria valor. Os povos do Primeiro Mundo consomem mais e mais, mesmo produzindo menos e menos. Esse é o crescimento da economia de Shopping Center do Primeiro Mundo. As economias do Primeiro Mundo podem ser vistas como versões de Shopping Center. Muito pouco é produzido no Shopping Center. Apesar disso, muitas pessoas são empregadas na administração, na distribuição, e em serviços. Porém, o valor que permite o Shopping existir é produzido fora dele, no Terceiro Mundo. Caldwell também aponta que o “superdesenvolvimento” do Primeiro Mundo sigifica o crescimento de setores não-produtivos em grandes proporções.
Escassez de Recursos
Partes do livro de Caldwell são muito contemporâneas, algumas são até datadas. Caldwell estava muitas décadas a frente do seu tempo em discussões sobre temas ecológicos. Caldwell demonstra que o comportamento dos seres humanos em sua natureza, a geração de energia e o uso dela pras intenções humanas não escapam das leis da física, especialmente a segunda lei da termodinâmica, a entropia. Caldwell fez uma extensa discussão sobre a diminuição das reservas de energia, incluido o “pico do petróleo” e o “pico do carvão.” Em 1977, Caldwell colocou o pico da produção do óleo “nos próximos 50 a 100 anos.” E, antecipando as atuais guerras por petróleo, escreveu Caldwell, “à medida que o pico da produção se aproxima, surgirão competições ferozes pelo controle das reservas que sobrarem…” (17) A previsão de Caldwell dos anos do pico da produção corresponde aproximadamente com outras estimativas. Por exemplo, a Associação pro Estudo do Pico do Petróleo e do Gás previu que a produção de petróleo em todo o Mundo atingiria seu pico em 2010. (18) Caldwell afirma que a riqueza que diverte o Primeiro Mundo é baseada na oferta de seus combustíveis fósseis e outros recursos não-renováveis, tudo que está em declínio. Caldwell faz o comentário de que os “países superdesenvolvidos são dependentes da rede de fluxo continuado de recursos não-renováveis de verdade… dos países subdesenvolvidos, das populações pra quem isso representa um obstáculo pro seus desenvolvimentos autônomos.” (19)
“Os combustíveis fósseis são, no entanto, uma oferta finita, e enquanto nós pudermos substituir a energia derivada de outras fontes pra alimentar as máquinas – fontes como a energia solar, nuclear, e calor subterrâneo – não tem substituto pros combustíveis fósseis conhecido ou mesmo teoricamente concebido que permita a produção de alimentos no presente volume, um volume muito acima do ótimo ‘natural’ que seria possível num mundo impossível de se imaginar sobre as reservas carbonáceas (combustíveis fósseis) que estamos desperdiçando agora. Disso segue que nós devemos conservar – ao máximo possível – o que sobrou de combustíveis fósseis pra fins de agricultura na intenção ganhar tempo [pras fontes alternativas] e fazer um reajuste mais ordenado pra uma economia mundial independente deles.” (20)
Caldwell também assinala que a produção de alimentos do Primeiro Mundo, que é insustentável e se baseia em imperialismo, tem consequências terríveis pros países subdesenvolvidos:
“Um país superdesenvolvido, então, é aquele em que as forças de produção se desenvolveram a um ponto que, apesar das relações de produção dominantes, tem que estar numa rede de importação cada vez maior de proteínas e hidrocarbonetos se ele quiser manter ou aumentar um certo nível e tipo de consumo per capita de sua população.” (21)
“Um panorama geral é aproximadamente esse. Os países pobres subdesenvolvidos como um todo enviam anualmente pros países ricos superdesenvolvidos como um todo alguma coisa perto de 3,5 mihões de toneladas de proteína de alta qualidade (pescado, tortas de óleo, ervilhas, feijões, lentilhas etc.), enquanto os países superdesenvolvidos devolvem pros subdesenvolvidos carregamentos de proteína grosseira baseada principalmente em grãos. A África exporta quase 2.5 milhões de amêndoas [VER TRADUÇÃO DE OIL CAKE e GROUND NUT]; o Peru vende peixe; México, Panamá, Hong Kong e Índia vendem camarões; em cada caso, às custas de seus própios pobres, que – com as exportações retidas e razoavelmente redistribuídas – poderiam dar grandes passos rumo a uma nutrição adequada. Em contraste… a Dinamarca importa grandes quantidades de bagaço de sementes oleaginosas [TRADUZIR OILSEED CAKES] e grãos pra abastecer criatórios (e fazer leite, manteiga, queijo, carne e ovos pra eles); anualmente, a Dinamarca adquire 140 libras de proteínas per capita de sua população, três vezes mais que a média de consumo anual de sua população. Aqui, nós temos a típica fartura do superdesenvolvimento. Já foi calculado que a mesma quantidade de comida que alimenta 210 milhões de americanos poderia alimentar 1,5 bilhão de asiáticos em uma dieta chinesa mediana (que é, em termos asiáticos, uma nutrição adequada). Os animais têm que consumir uma média de 10 libras de proteína vegetal pra produzir 1 libra de proteína animal, enquanto pro gado a razão entre elas chega a 21:1, o que quer dizer que cada libra de bife consumida em países superdesenvolvidos poderia (em tese) oferecer uma mesma quantidade de proteínas pra outras 20 pessoas. O consumo americano de carne absorve uma quantidade de proteína equivalente a 90% da deficiência mundial anual de proteínas.” (22)
O “superdesenvolvimento” do Primeiro Mundo representa um terrível sofrimento pra imensa maioria da humanidade no Terceiro Mundo. Em adição, pra ser injusto, a atual distruibuição do valor e da energia por todo o Mundo simplesmente não pode durar pra sempre. A existência continuada do Primeiro Mundo não é impossível só por questões morais, mas é intolerável pelas leis da Física. O uso de energia e consumo de alimentos do Primeiro Mundo não é sustentável. O Primeiro Mundo, e seu padrão de vida decadente, vai se acabar de um jeito ou de outro.
“O que fazer?”
Caldwell aponta que a estrada econômica do Primeiro Mundo simplesmente não está disponível pro Terceiro Mundo:
“Estariam os países de hoje dispostos a atingir padrões de vida mais altos realmente pensando em seguir o modelo dos primeiros países industrializados? Isso resultaria na anexação deles de colônias com recursos realmente não-renováveis, extraindo eles de lugares onde estão praticamente intocados. Sem falar de todo tipo de dificuldades que possam vir da anexação, tudo que precisa ser dito é que, como resultado do desenvolvimento dos países que já são ricos, nenhuma área intocada desse tipo existe maisno Mundo de hoje.” (23)
“O que tomou lugar historicamente pra formar uma rede de movimentos em escala massiva de recurssos não-renováveis dos países pobres pros industrializados não pode ser revertido.” (24)
Os recursos não-renováveis retirados do Terceiro Mundo pra desenvolver o Primeiro Mundo não existem. E, os países do Terceiro Mundo estão, por conta dos séculos de subdesenvolvimento, começando [a tentar crescer] com recursos não-renováveis já esgotados. O mundo das matérias-primas baratas será uma coisa do passado quando o pico da produção for atingido. (25)
Apesar de Caldwell ter ficado meio que em cima do muro por ser incapaz de continuar consistente em suas críticas aos trabalhadores do Primeiro Mundo, ele continua tendo muito a oferecer. Se Caldwell fosse mais honesto, ele poderia ser um completo terceiromundista. Por causa disso, Caldwell sofreu da mesma falta de coragem que Hayter e outros de cima do muro. Contudo, Caldwell claramente está correto em reconhecer que o caminho pro desenvolvimento do Terceiro Mundo é a luta armada. O livro dele conclui descrevendo muitos exemplos de desenvolvimento satisfatório, autônomo, pelo Terceiro Mundo, especialmente no sudeste asiático. Apesar disso, Caldwell escreveu num momento histórico muito diferente. Em 1977, muitos não reconheceram a reversão do socialismo que foi feita na China e no Vietnã. Na China, a Revolução Maoísta finalizou seu progresso em 1971 com a queda de Lin Biao, o fim da linha da Guerra Popular Global e o abandono do avanço econômico maoísta radical extraoficialmente conhecido como o “Salto Voador.” A China começou a se alinhar com o Ocidente, reverter os purgos da Revolução Cultural, e renegar a economia maoísta radical pelos anos 1970. A queda de Lin Biao foi o momento mais destruidor. As reversões seguintes nos anos 1970 foram como gemidos, em comparação. A morte de Mao e a posse de Deng Xiaoping foram os últimos pregos do caixão. Já no Vietnã, o socialismo já tinha nascido morto devido à influência do revisionismo do social-imperialismo soviético. Naquela época, quando o socialismo estava se enfraquecendo em outras partes, depois de enfrentar uma guerra heroica contra o imperialismo americano genocida, o Khmer Vermelho parecia estar cumprindo um papel progressivo com uma tentativa radical de Revolução social. Em 1977, a esperança de Caldwell, como tantos outros, foi depositada nas propostas que pareciam ser socialmente radicais feitas pelo Khmer Vermelho. No entanto, essa esperança se mostrou mal colocada quando os erros do Khmer Vermelho foram revelados depois do regime deles entrar em colapso quando os vietnamitas invadiram e ocuparam o território deles. Mesmo Caldwell estando errado em louvar o suposto “sucesso” do estado kampucheano, ele está correto que o caminho pro desenvolvimento é a Revolução Armada e o Socialismo. Hoje, esse é o caminho da Guerra Popular Global, sob a bandeira do Comunismo Luz-Guiadora.
Resumido pelo Comandante Campo Flamejante.
Traduzido pro português por Rivaldo Cardoso Melo.
Fontes:
1. Caldwell, Malcolm. The Wealth of Some Nations. Zed Press London: 1977 p. 51 [Caldwell, Malcolm. A Riqueza de Algumas Nações. Editora: Zed Press. Londres: 1977, página 51]
2. Lenin, 1967, Vol. 1. pp. 742-743
3. Caldwell, p. 55
4. Caldwell, p. 55
5. Caldwell, pp. 54-59
6. Caldwell, pp. 54-59
7. Caldwell, p. 58
8. Caldwell, pp. 54-59
9. Caldwell, pp. 60-61
10. Caldwell, pp. 60-61
11. Caldwell, pp. 59-62
12. Caldwell, p. 109
13. Caldwell, p. 69
14. Caldwell, p. 93
15. Caldwell, p. 92
16. Caldwell, p. 92-93
17. Caldwell, p. 13
18. http://en.wikipedia.org/wiki/Predicting_the_timing_of_peak_oil18. Caldwell, p. 12
19. Caldwell, p. 108
20. Caldwell, p. 13
21. Caldwell, p. 98
22. Caldwell, p. 103
23. Caldwell, p. 68
24. Caldwell, p. 68
25. Caldwell, p. 71