COMEÇA A GRCP, O LEVANTAR DO NOVO PODER E DA NOVA IDEOLOGIA Parte 6

Se levantam os Mares, as Nuvens e as Águas enfurecem

A Grande Revolução Cultural Proletária começa, China Maoísta de 1958 até 16 de Maio de 1966.

Parte 1 :  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-1/

Parte 2:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-2/

Parte 3:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-3/

Parte 4: http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-4/

Parte 5:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-5/

Parte 6: http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-6/

Parte 7:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-7/

Parte 8:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-8/

(portugues.llco.org)

Yao Wenyuan Abre Fogo contra Os Revisionistas, A Tempestade se Aproxima

À medida que a Revolução Cultural se aproximava, instituições paralelas apareciam no meio dos militares de Lin Biao como parte da divulgação do Pensamento Mao Zedong pra toda a sociedade. Essas novas instituições tiveram um grande papel na batalha contra a burocracia do Partido, que ficou dominada por revisionistas. De maneira similar, apesar de todos os lados tentarem se apropriar das palavras e imagens de Mao, dois tipos de autoridade entraram em conflito. De um lado, estava a burocracia revisionista do Partido. A autoridade do Partido foi usada como um caminho pra convencer as massas a ceder pra burocracia, aos quadros locais, que estavam por cima na corrente do comando, mesmo quando a obediência não servia aos interesses das massas. A concessão aos poderosos, pelas camadas burocráticas, era muito antiga na cultura chinesa. Esse tipo de obediência era uma marca do confucionismo.

Do outro lado, um culto em torno das personalidades de Mao Zedong e, numa extensão menor, do Ministro da Defesa Lin Biao, era promovido nas instituições militares e paralelas. O culto por Mao já existia há certo tempo, desde os tempos da Guerra Popular. Mas, agora, o culto começou a crescer massivamente e se enraizar por todas as partes da sociedade. Através da Revolução Cultural, o culto virou uma maneira de burlar a autoridade do Partido. O Partido não podia mais dizer que era o único intérprete de Mao. O Partido não tinha mais um monopólio sobre a autoridade e a legitimação. O culto, junto com a disseminação dos trabalhos de Mao, especialmente “o pequeno livro vermelho,” deu às próprias pessoas, individualmente, a habilidade e a coragem de questionar e, finalmente, se rebelar contra o Partido. O culto, apesar de todos os problemas que resultam dele, foi um tipo de rebelião “Protestante” que democratizou a autoridade revolucionária. O culto era um bode expiatório que qualquer indivíduo poderia usar contra a burocracia em qualquer nível.

Essa separação clara entre Maoístas e revisionistas se refletia geograficamente também. Enquanto os revisionistas estavam entrincheirados no governo nacional e na burocracia do Partido em Pequim, muitos, mas não todos, do topo dos Maoístas estavam fora da capital. Foi de Shangai que os Maoístas começaram a manobrar. o próprio Mao vivia longe da capital, ele mesmo se colocou fora da tempestade da capital. Longe de Pequim, em Hangjou, Mao discursou para uma conferência em 21 de Dezembro de 1965. Mao chamou pro confronto. Ele declarou que não existe uma coisa como “política de concessão.” Ele declarou que os reacionários vão sempre usar concessões pra lançar ataques contra os revolucionários. Ele começou a insistir que a visão maoísta fosse extendida por toda a sociedade, inclusive na academia e nas artes. Mao conclamou os filósofos profissionais pra ir até as fábricas e campos com intenção de eles transformarem a si mesmos e as massas. Mao criticou a maneira do Partido de lidar com as artes:

“O Departamento de Artes tem que ser reformado. Se ele não for reformado, ele poderá produzir filosófos? Ele poderá produzir escritores? Ele poderá produzir historiadores? Hoje, os filósofos são incapazes de escrever qualquer coisa filosófica; os escritores são incapazes de escrever qualquer novidade; e o Departamento de História é incapaz de conduzir estudos históricos. O que eles escrevem não interessa a ninguém além de imperadores, reis, generais e primeiro-ministros…”

Mao foi além, criticando a educação. Já fazendo preparação pras futuras lutas contra os revisionistas, condutores pro capitalismo, ele avisou pros esquerdistas que eles têm que ir além de seus próprios círculos e fazer contato com as massas. Eles têm que ter cuidado pra explicar os trabalhos da ciência revolucionária pras massas como preparação pra ofensiva que estava por vir. (1) Enquanto Mao fazia declarações por fora da capital, os militares de Lin Biao continuavam a promover o pensamento Mao Zedong e a politização da sociedade como uma maneira de enfrentar os revisionistas do partido nos meses que viriam. Em 24 de Janeiro de 1966, o exército publicou um discurso do general Xiao Hua, do Departamento Político Geral do Exército Popular de Libertação: “Levantar alto a Grande Bandeira do Pensamento Mao Zedong, E Implantar Definitivamente Os Cinco Pontos do Princípio de Colocar a Política em Destaque.” (2) Publicou também “Deixe Nós Sermos Armados com O Pensamento de Mao Zedong E Virarmos Guerreiros Proletários, Revolucionários na Literatura e na Arte.” (3) A Revolução Cultural oficial estava pra começar.

Enquanto os esforços maoístas do exército cresciam, as lutas na cultura já tinham mobilizado o povo em geral. De certa maneira, a Revolução Cultural já estava acontecendo há algum tempo no exército e nos círculos culturais. Nosso conceito de Revolução Cultural começando de repente em 10 de Novembro de 1965 é uma coisa imaginária. A data é muito arbitrária, parte da fabricação de mitos que veio tempos depois. Um ex-Guarda Vermelho, que era estudante de ensino médio na época, relembra:

“Nós estávamos ouvindo coisas sobre uma revolução na cultura e nas artes  desde 1964. Discutimos isso às vezes nas nossas horas vagas. Parecia que era uma disputa entre estudiosos que não nos envolvia diretamente.” (4)

Em breve, tudo isso iria mudar. A Revolução Cultural estava a ponto de estourar..

Quando a Revolução Cultural começa?

Existe certa confusão sobre as datas – o começo, o fim, e a duração – da Revolução Cultural. Algumas pessoas se referem vagamente à última década da vida de Mao, de 1965 a 1966, como sendo “A Década da Revolução Cultural.” Os revisionistas chineses, em sua versão oficial da história do partido, continuam considerando toda a década anterior à morte de Mao Zedong como “Revolução Cultural.” Na verdade, esforços maoístas foram feitos desde o Grande Salto, e continuaram até a queda do ‘Bando dos Quatro’ em 6 de Outubro de 1976. No entanto, quando a maioria das pessoas pensa em Revolução Cultural, elas pensam nos movimentos de massa incríveis que, em sua maioria, aconteceram entre 1966 e 1968, quando Mao ajudou a acabar com eles. Outro questão é que a Revolução Cultural foi feita pra manter o país no caminho socialista, indo rumo ao Comunismo. Com isso em mente, é importante notar que, mais adiante, o impulso revolucionário já estava se acabando pouco antes da queda de Lin Biao em 1971. Chen Boda, um teórico maoísta de importância-chave, foi purgado em 1970, enquanto Mao Zedong envergava pra direita. Um golpe final foi aplicado com a queda de Lin Biao e a perda do exército, “pilar da ditadura do proletariado,” com todo o seu poder, pros revisionistas. É por isso que a marcha rumo ao Comunismo acabou, a “Revolução Cultural” acabou, com a derrota final de Lin Biao em 13 de Setembro de 1971. Depois disso, tudo começou a declinar sem esperança de rejuvenescer. Mas, voltando onde estávamos, a Revolução Cultural já tinha acabado, oficialmente, em 1970. Os chineses têm a opinião de que ela já tinha acabado em 1º de Abril de 1969, que o período radical foi finalizado com a virada conservativa, enquanto Mao começava a virar pra direita. Só muito depois, em 1974, que Mao surpreendeu todo mundo anunciando que “A Grande Revolução Cultural Proletária já estava em seu oitavo ano.” (5) Por isso [e outras razões] que a história do partido foi reescrita, revisando a avaliação anterior de que o fim da Revolução Cultural foi marcado pelo 9º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 1 de Abril de 1969. Em todo caso, a maioria dos historiadores marcam a polêmica de Yao Wenyuan contra Wu Han como o início da Revolução Cultural mesmo que várias outras polêmicas parecidas tenham aparecido anos antes e depois dessa. Seja como for, nosso conceito de Revolução Cultural tendo um começo e um fim definitivos é uma invenção, baseado na fabricação posterior de mitos. Esforços maoítas vinham sendo implantados desde [a medição d] as conseqüências do Grande Salto pra Frente e eles continuaram acontecendo mesmo depois do 9º Congresso em Abril de 1969, continuaram seguindo depois da morte de Lin Biao em 1971, e ainda continuaram pela década de 1970. Datas exatas não são totalmente importantes.

Líderes e Narrativas Históricas

Todo marxista tem consciência da natureza idealista da “Teoria da História do Grande Homem.” Apesar disso, é difícil escrever uma história política sem fazer referência aos líderes. A queda de indivíduos no topo representa mudanças nas forças sociais da base, e essas mudanças não podem ser apontadas com datas precisas. A subida e a queda de líderes individuais representa mudanças dentro da sociedade. Isso não quer dizer que qualquer liderança individual determina se o socialismo continua ou não, mas que as quedas de líderes individuais são determinadas por processos complexos na base da sociedade. Isso não quer dizer que a queda de Lin Biao, a morte de Mao Zedong, ou a queda de Chen Boda e seus aliados ou do Bando dos Quatro provocaram a reversão do socialiasmo, mas que as falhas do socialismo, em geral, refletiram no topo. Contrariando a “Teoria do Grande Homem” que Marx criticava, numa análise final, indivíduos sozinhos não fazem a história, mas “toda a história é a história da luta de classes.” Por isso que essa é uma história sobre a subida do Novo Poder contra o velho poder, uma história de conflitos institucionais. É também uma história de luta entre ideologias e culturas conflitantes. Mesmo assim, a história realmente não pode ser contada por inteiro sem fazer referência às lutas políticas entre líderes, que refletiam as lutas entre quadros intermediários, que refletiam as lutas entre quadros de base, que refletiam lutas no meio da própria população. Com isso em mente, o próximo capítulo começa com a queda de Wu Han, um líder revisionista no meio cultural dominante [aquela cultura que conta com apoio das classes dominantes, recebe delas espaço nas grandes mídias, eventos oficiais, publicações estatais…].

Queda de Wu Han e outros

Wu Han

Wu Han foi um historiador proeminente e vice-prefeito de Pequim, quando  Peng Jen era o prefeito. Eles tinham uma forte aliança com outros revisionistas, como Lu Dingyi, que era membro alternativo do politiburo, membro do secretariado central e chefe do Departamento de Propaganda do Comitê Central. Além disso, e acima de tudo, eles eram aliados do presidente Liu Shaoqi e do vice-presidente Deng Xiaoping. Peng Jen, Lu Dingyi, e Wu Han eram figuras que lideravam a cultura dominante. Eles implantavam políticas culturais. Eles agiam como censuradores e patrocinadores. Às vezes, eles pessoalmente escreviam trabalhos políticos satirizando os maoístas. O ataque de Yao Wenyuan sobre Wu Han foi parte de uma reação em cadeia que formou um redemoinho, e esse redemoinho sacudiu todo o sistema, até chegar finalmente na expulsão de toda a corja, inclusive altos revisionistas e capitalistas, como o próprio presidente Liu Shaoqi. As confrontações começaram como pequenos conflitos no mundo cultural e acadêmico, mas elas ficaram cada vez maiores. Assim como a maioria dos conflitos entre Maoístas e revisionistas que aconteceram durante o Grande Salto, a história se repetiu na confrontação entre Yao Wenyuan e Wu Han.

Em 1959, enfrentando contas econômicas infladas durante o Grande Salto, Mao assistiu à ópera clássica Lápides de Vida e MOrte. A  ópera retratava camponeses que sofriam com oficiais da dinastia Ming que confiscavam suas terras. Hai Rui, o conselheiro do imperador, é o protagonista que fala a verdade pro poder. Quando Hai Rui intervem a favor dos camponeses, ele foi injustamente demitido de seu cargo por um capricho autocrático do imperador. O herói sofreu por ficar ao lado da verdade e do povo. Em Abril de 1959, a Sétima Plenária do Comitê Central concluiu que os participantes deveriam “aprender com a honradez e a tenacidade [honestidade e sobriedade] de Hai Rui.” A primeira referência a Hai Rui publicada por Wu Han aconteceu só dois dias do retorno que Peng Dehuai, Ministro da Defesa, voltou da União Soviética, em 15 de Junho de 1959. Peng Dehuai era um crítico bem conhecido das políticas maoístas. Wu Han começou a falar de Hai Rui no contexto dos chamados pras discussões ousadas sobre o Grande Salto. Em 1961, já nos últimos momentos do Grande Salto, Wu Han publicou sua peça “Hai Rui demitido do cargo. (6) (7) (8) Na peça, ele toca nos mesmos temas que a ópera anterior sobre o mesmo assunto. Wu Han escreve:

“Hai Rui, então, em 1566, preocupado com os problemas de seu tempo, questionou o imperador e pediu reformas pra ele. Ele diz em suas memórias, “Nos seus primeiros anos você fez algumas boas ações. Mas e agora? Você só fala em formas de prolongar sua vida. Você vive só no Jardim Ocidental… Os oficiais vieram pra batalha, e os generais se enfraqueceram, e os camponeses se rebelam por toda parte… O país foi devastado com você por muito tempo, um fato conhecido por todos os oficiais das côrtes internas e externas… Enquanto estava cultivando o Tao, você se tornou encantado; quado se inclinou pras formas ditatoriais, você se tornou dogmático e parcial.” (9)

Igual à versão original, a obra recriada de Wu Han engrandece Hai Rui pela sua honestidade e firmeza diante da crueldade do imperador. Mas os ventos políticos mudaram em 1965. A história não era mais vista como um alerta sobre relatórios falsificados. Em vez disso, ela agora era vista como uma crítica alegórica mal disfarçada ao “imperador” Mao pela demissão do Ministro da Defesa Peng Dehuai em 1959 depois das críticas do antigo ministro da defesa ao Grande Salto. A peça foi escrita em 1961, o mesmo ano em que a maré começou a correr contra os Maoístas, ano em que Peng Dehuai estava pedindo reabilitação. (10) Os paralelos ficaram óbvios pra muitos, não importando se conheciam ou não a figura de Wu Han. Muitos viram a devolução das terras na peça como um apoio alegórico à descoletivização e à privatização. (11) Além disso, Peng Dehuai chegou a se referir a ele mesmo com Hai Rui na Conferência de Lushan, onde as políticas maoístas foram duramente atacadas, onde Liu Shaoqi e os revisionistas começaram a ganhar força. Quando ele pediu reabilitação, foi registrado que Peng Dehuai disse “Não podia mais ficar calado. Eu queria ser Hai Rui.” (12) Jiang Qing, a esposa de Mao, foi uma das primeiras a expressar críticas sobre isso. No final de 1965, quando Mao estava politicamente forte o bastante pra criticar a peça de Wu Han, ele consta que ele comentou:

“O ponto crucial sobre a peça é ‘demitido de seu cargo.’ O imperador Jiaging demitiu Hai Rui de seu cargo. Em 1959 nós demitimos Peng Dehuai de seu cargo.” (13)

Os maoístas procuraram escritores pra campanha contra o trabalho de Wu Han. Jiang Qing procurou Xifan, um crítico literário de Pequim que trabalhou no [Jornal] Diário do Povo. Ele se recusou a liderar a nova campanha, talvez temendo as conexões poderosas de Wu Han com altos oficiais como Peng Jen e Deng Xiaoping. Depois de abordar outros escritores em Pequim sem ter sucesso, ela chamou Ke Qingshi, prefeito de Shangai na época. Ele apoiou Mao durante o Grande Salto. Antes de morrer em 1965, Ke Qingshi apresentou pra ela Jang Chunqiao e Yao Wenyuan.

Cartaz comemorativo do purgo do ‘Bando dos Quatro.’ De cima a baixo, Wang Hongwen, Jang Chunqiao, Jaing Qing e Yao Wenyuan.

Este último foi crítico literário que era relativamente desconhecido, mas aderiu à causa maoísta nos debates acadêmicos dos anos anteriores. Jiang Qing virou a patrocinadora política deles. Todos os três cumpririam um grande papel nos anos seguintes. (14) Eles chegaram a ser chamados de ‘A corja de Shangai’, e então denunciados, junto com Wang Hongwen, como parte do ‘Bando dos Quatro’ nos anos 1970.

O início oficial da Revolução Cultural foi marcado com a publicação da crítica de Yao Wenyuan sobre Wu Han em 10 de Novembro de 1965. “Sobre a Nova Peça Histórica ‘Hai Rui demitido de seu cargo'” foi uma colaboração Maoísta originalmente escrita em segredo. O texto de Yao Wenyuan diz:

“Nós deveríamos seguir o exemplo de ‘retornar pra terra ocupada’? Nossas vilas realizaram [o sonho d] o sistema socialista de propriedade coletiva e implantaram as Grandes Comunas Populares. Sob essas circunstâncias, quem quer ‘retornar pra terra ocupada? As Comunas Populares? Por outro lado, pra quem as terras devem retornar? Pros latifundiários? Ou pros camponeses? São os 500 milhões de camponeses que estão avançando sozinhos, com determinação, pela estrada socialista  que devem ‘aprender’ esse tipo de ‘retorno pra terra ocupada’?”

Também:

“O Hai Rui na peça foi fabricado pelo camarada Wu Han pra publicar seus próprios pontos de vista.” (15)

Criticar figuras poderosas desse tipo na classe dominante poderia resultar em prisão e até em assassinato. Quando Peng Jen soube do artigo, ele tentou censurar trechos polêmicos. Depois de não conseguir, ele tentou impedir a publicação do artigo por inteiro, já em Shangai. De acordo com publicações posteriores da Guarda Vermelha, Peng Jen saiu de Pequim pra visitar Shangai nesse momento. Isso porque ele percebeu o perigo pro seu próprio poder. O jogo tinha virado recente em Shangai porque o prefeito Maoísta Ke Qingshi acabara de morrer. Ele foi substituído por aliados revisionistas de Peng Jen e Wu Han. (16) (17) Junto com as de um punhado de figuras de peso na cultura e na política dominantes, naquele tempo, a crítica de Yao Wenyuan não foi vista como muito importante pela população em geral. Isso aconteceu, em parte, porque a crítica de Yao Wenyuan não foi feita num vácuo. Ela ocorreu no meio de um amplo debate na literatura e nas artes. Uma testemunha relata que “ele não foi mais nem menos significante que qualquer um das dezenas de outros debates e campanhas do ano anterior.” (18) Outros artigos similares de Qi Benyu, Guan Feng, e Lin Jie apareceram criticando o trabalho. (19) Outra [testemunha] relembra que “ninguém pensou que essa controvérsia em particular fosse muito séria. Era só arte e literatura, no fim das contas.” (20) Na época, esse evento não memorável estava pra se tornar mais importante à medida qe a Revolução Cultural se desenrola e a narrativa toma forma. Tempos depois, Mao, pensando no passado, comentou que tinha chegado a hora de um “Macaco-Rei” bater seu “bastão dourado contra a côrte imperial de Peng Jen.” (21) Era hora de criar desordem no paraíso, dar uma reviravolta no sistema.

Peng Jen.

Peng Jen foi um manda-chuva do Partido. Peng Jen tinha uma relação longa e próxima com Deng Xiaoping, que vinha pelo menos desde os anos 1950, quando eles trabalhavam juntos no secretariado, em estreita colaboração. Peng Jen foi apontado por Deng Xiaoping pra ser o segundo no comando na primeira plenária do Oitavo Congresso do Partido. (22) Eles colaboraram com o trabalho político dele. Eles fizeram rondas de inspeção juntos. As famílias deles eram íntimas umas das outras. Deng Xiaoping deu tarefas importantes pra Peng Jen, especialmente em assuntos legais e de segurança. Peng Jen frequentemente aparecia em público e fazia discursos. Ele frequentemente era o rosto do regime no estrangeiro. Peng Jen reconheceu corretamente, bem antes de vários outros, que a luta sobre a peça de Wu Han era só o começo de um movimento muito maior contra os revisionistas e os direitistas. Peng Jen acertou em ver um perigo na campanha. Em vez de tentar se opor diretamente a ela, Peng Jen reagiu a essa controvérsia com uma manobra sofisticada. Ele tentou limitar a visão e o impacto das discussões só ao mundo literário. Pra ajudar ele, Peng Jen chamou Lu Dingyi, chefe do Departamento de Propaganda.

Lu Dingyi usou sua influência pra limitar a publicação da polêmica de Yao Wenyuan. Ele manobrou pra limitar a publicação pra maioria dos jornais e revistas no leste da China. Peng Jen ordenou que as livrarias de Pequim não colocassem ela a venda. Os Maoístas tiveram que contar com redes de distribuição alternativas. Jiang Qing e Jang Chunqiao podiam exercer alguma autoridade em Shangai pelas redes locais deles. Bandeira Vermelha, jornal teórico do Partido escrito por Chen Boda, tinha conexões que poderiam ser de grande ajuda. O aparato de propaganda dos militares de Lin Biao, especialmente o Departamento Político Geral e os fóruns culturais dos militares, também teve um papel no apoio à campanha Maoísta. Jang Chunqiao usou sua autoridade como comissário político do distrito militar de Nanjing. Mao também usou seu poder pessoal. Quando os revisionistas obstruíram a a difusão do artigo de Yao Wenyuan, Mao pessoalmente interveio mandando que a imprensa escrita de Shangai lançasse uma versão do texto em panfleto pra ser distribuída por todo o país pelas livrarias de Xinhua. Mao então ordenou a Jou Enlai pra que publicasse o artigo nacionalmente. Em 30 de Novembro de 1965, a crítica de Yao Wenyuan foi finalmente publicada no diário de Pequim. Contudo, sua publicação foi acompanhada de um prefácio, aprovado e revisado por Jou Enlai, dizendo que o debate era meramente acadêmico, desprezando sua importância política. O prefácio de Jou Enlai no Diário do Povo afirmava:

“[A] correta abordagem de ‘Hai Rui Demitido de seu Cargo’ foi a de como observar figuras e peças históricas e como estudar história.”

O debate se espalhou. Outro jornal, o Diário de Pequim, tomou a dianteira do tom moderado de Jou Enlai, que ecoava a tática anterior de Peng Jen. No entanto, o Diário do Exército de Libertação, que era jornal dos militares de Lin Biao, contrariando as forças dominantes do partido, afirmou categoricamente que a peça de Wu Han era “uma erva venenosa antipartido, antisocialista e antipensamento Mao Zedong que deve ser criticada.” As forças dominantes de Pequim vieram socorrer Wu Han. Alguns autores, usando muitos pseudônimos, fizeram críticas a Hai Rui, mas o debate político continuou afogado em discussões acadêmicas. (23) Os artigos eram muito cuidadosos em manter a discussão em nível teórico, nada concreto e político. Na metade de Dezembro de 1965, escrevendo com o pseudônimo de Xiang Yangsheng, Deng Duo, um colega de Peng Jen, publicou um artigo [entitulado] “De ‘Hai Rui demitido de seu cargo’ até o Problema da Herança de Valores Morais.” Esse artigo sustentava que os debates não tinham relevância política. Debaixo de um pseudônimo, Li Qi, chefe do Departamento de Propaganda do Partido em Pequim, atacou Wu Han apenas por sua análise histórica. Outros escritores do Departamento de Propaganda, usando pseudônimo de Fang Qiu, debateram a tendência ideológica que a peça representava. Artigos elaborados pra tirar atenção de questões políticas e concretas dominavam as páginas. Ao mesmo tempo, eles tinham grande potencial pra prevenir a publicação de alguns outros artigos contrários à política de Wu Han. “A natureza reacionária de ‘Hai Rui demitido de seu cargo'”, de Qi Benyu, foi censurado pelos revisionistas do poder. (24) (25) (26)

Inicialmente, a controvérsia passou a ter grande proporção. Wu Han finalmente publicou uma autocrítica, apesar de branda, em 27 de Dezembro de 1965. A autocrítica foca com grandes detalhes a demonstração de como ele retratou sem precisão a figura de Hai Rui como uma figura histórica. Wu Han também afirma que no curso dos debates ele cometeu erros e mais erros. Ele diz que muitos erros foram cometidos pra cobrir erros anteriores. Entretanto, só em poucos parágrafos da longa autocrítica se referem ao ataque alegórico da peça sobre Mao. Wu Han, em geral, nem fez questão [de tratar] do coração da polêmica:

“Neste ano, como foi apontado pelo camarada Yao Wenyuan, surgiu na sociedade ‘o vento da agricultura individual’ e houve um clamor vociferante por ‘reabertura de casos mal julgados,’ ‘reparar as razões de queixa’ e ‘voltar pra terra’ pra lembrar da existência objetiva da luta de classes. Sob essas circunstâncias, quais poderiam ser os efeitos da publicação, ensaio e apresentação da ‘Demissão de Hau Rui’ sobre o público leitor e a audiência? … [E]les naturalmente poderiam ligar a peça com essa ou aquela tendência.” (27)

Cena da peça “Hai Rui Demitido de seu Cargo.” O figurino esconde o diálogo evidente com a realidade.

Peng Jen então mandou Wu Han pra uma comuna rural pra participar na campanha das “Quatro limpezas.” Isso foi, considerando todas as coisas, mais que uma punição leve, [foi] um tapa na mão. Em fevereiro de 1966, as críticas de Yao Wenyuan foram desprezadas como se fossem ‘fofocas.’ Ao mesmo tempo, Peng Jen estava agora investigando os críticos maoístas pra seguir com a deposição deles, inclusive procurando ‘materiais incriminadores’ sobre Guan Feng. Peng Jen reuniu um time, seu próprio ‘Bando dos Cinco,’ pra dar um veredito final e encerrar o debate da Revolução Cultural. Dois discordaram, incluindo Kang Sheng. O veredito final tinha intenção de manter a luta limitada aos círculos acadêmicos esvaziando suas implicações políticas. O veredito foi o de que o “estudo pericial” de Hai Rui seria feito pela Universidade Beida. (28) (29) Por essa razão, a polêmica deveria ser encerrada e a Revolução Cultural deveria ser domada, assim como aconteceu com o Movimento Educacional Socialista anterior.

Por causa desses conflitos na cultura, o povo já tinha começado a falar duma “Revolução Cultural,” apesar de esse termo não ser largamente utilizado até Abril de 1966. Já no começo de 1966, existiu um “Bando dos Cinco encarregados da Revolução Cultural,” majoritariamente revisionista, que incluia Peng Jen, Lu Dingyi, Chao Yang, Wu Lengxi, e Kang Sheng. Só Kang Sheng poderia ser considerado um aliado de Mao. Todos os outros eram associados a Peng Jen, os direitistas e revisionistas. O “Bando dos Cinco” foi dominado por críticos da linha maoísta; foi dominado por aqueles que eram politicamente muito alinhados com o maior revisionista da época, o presidente Liu Shaoqi. Surge uma questão: Por que Peng Jen e seu time se comprometeriam com uma campanha pra revolucionar a superestrutura, revolucionar e debater a cultura? Muitos especulam que Mao deu essa tarefa a Peng Jen sabendo que ele iria cometer erros que levariam à sua queda, e isso foi exatamente o que aconteceu. Outra razão, mais provável, é a de que os revisionistas eram aqueles que já controlavam a cultura dominante. A influência de Mao no partido estava simplesmente limitada. Então, faz sentido que uma hierarquia de partido comandada pelo presidente Liu Shaoqi e por Deng xiaoping pudesse manejar seu próprio pessoal pra lançar a campanha, frustrando assim qualquer esforço maoísta, o que aconteceu inicialmente. Em Fevereiro de 1966, Peng Jen publicou um ‘Relatório Geral sobre as Discussões Acadêmicas Atuais feito pelo Grupo dos Cinco encarregados da Revolução Cultural,” ou [simplesmente] “Relatório de Fevereiro.” Esse documento deveria servir como pros debates que se estendiam sobre um número de trabalhos culturais daquele tempo, mas parece que serviu também como um tipo de guia pra Revolução Cultural em geral. Outra vez, ele expressa a natureza acadêmica dos debates. O “Relatório de Fevereiro” afirmava “que não existiam ligações entre Wu Han e Peng Dehuai.” (30) (31) O relatório também alertava contra a “arrogância” e condenava “tiranos estudiosos que estão sempre agindo arbitrariamente e tentando esmagar pessoas com seu poder.” Isso era uma alusão transparente a Yao Wenyuan e outros críticos maoístas. O “Relatório de Fevereiro” queria tomar o controle sobre o debate, recomendando que “críticas e repúdios ofensivos na impressa devem ser conduzidos com cuidado e com aprovação dos respectivos organismos gestores.” (32) Apesar de o relatório adotar linguagem maoísta, ele direcionava os debates pra longe das conclusões maoístas. O relatório era popular entre os líderes e [membros de alta] hierarquia do partido. A imprensa ecoava as conclusões do relatório. Por enquanto, Peng Jen e os revisionistas pareciam ter vencido.

Liu Shaoqi passando por Sessão de Luta em 1967.

Outras confrontações aconteceram nesse período. Em fevereiro, Liu Shaoqi censurou um relatório da província de Hupeh. O plano advogava a mecanização bancada pelas próprias Comunas Populares. Em outras palavras, Liu Shaoqi estava bloqueando um esforço pra passar o poder de volta pras Comunas, medida que minou a autossuficiência maoísta. Ao mesmo tempo, uma delegação do Partido Comunista Japonês visitou Pequim. Aí, eles conheceram Peng Jen. Eles publicaram um comunicado conjunto pedindo a unidade da ação entre chineses e soviéticos no combate aos Estados Unidos no Vietnã. Peng Jen declarou [que] “tanto o revisionismo como o dogmatismo devem ser combatidos,” uma crítica tácita aos maoístas. Essas palavras fizeram seu caminho pelo Politburo dentro da declaração conjunta. Longe da capital, em Hangjou, Mao ficou furioso com a declaração. Mao insistiu que ela deveria ter enfatizado “uma frente internacional unida contra o imperialismo americano e o revisionismo soviético.” (33) Isso ecoava um incidente anterior de quando Kruschev foi deposto, e o embaixador soviético visitou a China pra avaliar a situação. Peng Jen estava em evidência por ter feito elogios a Brejnev na imprensa em 1964. Durante seu brinde a uma recepção embaixatorial, ele cuidadosamente evitou criticar os soviéticos. Ele se certificou de deixar a porta aberta pra reconciliação. A imprensa chinesa, seguindo a liderança que Peng Jen tinha na época, destacou que Kruschev era o problema, não a União Soviética. Isso era muito diferente da linha militante contra o revisionismo associada com Mao e Lin Biao. Isso faz um completo contraste com a visão militante de Guerra Popular Global que Lin Biao estava avançando. (34)

Em Janeiro, o Departamento de Política Geral do Exército concluiu 20 dias de reuniões fazendo “um sério estudo das instruções importantes dadas pelo Comitê Central do Partido Comunista e [pelo] presidente Mao Zedong sobre a construção do exército e seu trabalho político.’ Relatórios conclusivos foram feitos pelo general Xiao Hua, diretor do Departamento de Política Geral, e pelo general Yang Chengwu, Comissário-Chefe do Estado-Maior Geral. Os dois eram maoístas, amigos de Lin Biao. Uma grande ênfase foi dada na insurgência das massas em uma aplicação criativa do trabalho de Mao Zedong. O relatório dizia, “…sob todos os aspectos do trabalho do exército por inteiro  e colocar o Pensamento Mao Zedong no comando de tudo.” (35) Os maoístas fizeram outro movimento importante através dos militares. De 2 a 20 de Fevereiro de 1966, os maoístas iniciaram um fórum de arte, outra instituição paralela pra enfrentar o partido. Ele foi liderado por Jiang Qing, sob o patrocínio do exército de Lin Biao. Esse fórum foi importante pra elevação posterior de Jiang Qing numa proeminência [, numa posição de destaque,] antecipada como autoridade cultural. Esse fórum foi parte da ofensiva contra a linha de Peng Jen. Assim como a mídia do exército ia contra o Partido, seus esforços culturais também o ofendiam. Depois da conferência de 22 de Março de 1966, Lin Biao descreveu a razão de se focar nas artes em uma “Carta pros Membros do Comitê Permanente da Comissão Militar do Comitê Central do Partido”:

“Os últimos 16 anos testemunharam uma intensa Luta de Classes no front da literatura e da arte, e a questão de quem vai vencer definitivamente ainda não foi resolvida. Se o proletariado não ocupar posições na literatura e na arte, a burguesia certamente vai. Essa luta é inevitável. E ela representa uma revolução socialista extremamente larga e profunda no reino da ideologia. Se as tarefas não forem cumpridas adequadamente, o revisionismo prevalescerá. Nós temos que levantar alto a grande bandeira do Pensamento Mao Zedong e conduzir essa Revolução com toda a firmeza até o fim.” (36)

Chen Boda, Jang Chunqiao e Yao Weyuan redigiram umm sumário do fórum, que foi publicado em 10 de Abril de 1966: “Sumário do Fórum sobre o Trabalho em Literatura e Arte nas Forças Armadas que Lin Biao confiou a Jiang Qing.” As conclusões oficiais do fórum foram muito diferentes daquelas de Peng Jen e do “Relatório de Fevereiro” do grupo dos cinco. Ao invés de limitar a atuação da Revolução Cultural, o relatório do exército a expandiu. As conclusões do fórum do exército não foram meramente acadêmicas, mas destacavam as implicações políticas da cultura. De acordo com o fórum, os debates culturais tiveram implicações políticas, concretas. Luta cultural é luta por poder. O documento atestava que “os últimos 16 anos testemunharam intensas lutas de classe no campo cultural” e que “nós estamos sob a ditadura de uma linha negra anti-partido, anti-socialista, que é diametralmente oposta ao Pensamento Mao Zedong.” (37) Esse fórum foi a base de lançamento de uma ofensiva renovada contra Peng Jen e o “Grupo dos Cinco.” Em 18 de Abril de 1966, o Diário do Exército de Libertação lançou um editorial “Levantar alto a grande bandeira do Pensamento Mao Zedong e tomar parte ativamente da Revolução Cultural.” Esse artigo descreveu ainda mais os debates culturais como uma feroz luta de classes. O artigo afirmava que a luta de classes era tão importante que colocava o próprio destino do sistema socialista na balança. Ao mesmo tempo, Yao Wenyuan continuou sua agitação contra Wu Han, chamando ele de “parte do Kuomitang.” Em Maio de 1966, Chen Boda jogou o Bandeira Vermelha, jornal teórico do Partido, dentro da batalha. (38)


Os conflitos atingiram outros aliados de Peng Jen e Wu Han na elite anti-maoísta. No final do Grande Salto, em Fevereiro de 1961, Deng Duo publicou uma coluna “Conversas ao entardecer em Yanshan” no Notícias da Tarde de Pequim. Em outubro, Wu Han, Teng Tuo e Liao Mosha todos ocupando altas posições no Comitê Municipal de Pequim, publicaram uma coluna “Notas da vila das Três Famílias.” As colunas eram críticas sociais pouco disfarçadas de anedotas e fábulas estrangeiras. De todos os escritores, a crítica de Deng Tuo às políticas maoístas foi a mais ácida. Deng Tuo castigou a idéia  de chegar ao Comunismo pelas Comunas Populares como “ilusão substituidora da realidade.” (39) Deng Tuo foi o editor do Diário do Povo. Ele foi secretário da educação e cultura no Comitê do Partido em Pequim. Ele também colaborou em artigos com Peng Jen e Lu Dingyi. Deng Tuo desempenhou um papel, junto com Peng Jen, na perseguição daqueles que se opunham ao Partido. Quando acabou a era maoísta [nos anos 1970], ele foi elogiado como um camarada-modelo pelo [então presidente] Deng Xiaoping. Ele era um homem do Partido cujo conceito de lealdade partidária, como o de outros revisionistas, correspondia ao autoritarismo confuciano. Deng Tuo advogava as virtudes dos oficiais acadêmicos da tradição confuciana que cediam às autoridades. Ele sempre foi um direitista, colocando as políticas de frente unida sobre os impulsos socialistas. Já no começo de 1954, Deng Tuo ficou com Liu Shaoqi e contra os esforços de Mao Zedong de acelerar o coletivismo. Ele também foi contra a Política das Cem Flores de 1957. Ele criticou o destaque maoísta sobre a política pelos quadros e no mundo da arte. Ele criticou as Três Bandeiras Vermelhas junto com as linhas revisionistas. No lugar da ênfase maoísta em luta e transformação, ele enfatizava indústria e desenvolvimento. Suas posições eram consistentes entre aqueles que subiram anos antes com ajuda de Peng Dehuai em Lushan, 1959. (40) Em 11 de Maio de 1966, Qi Benyu, que fôra censurado das páginas das maiores revistas, tempos atrás, pela elite de Pequim, publicou “Sobre a Posição Burguesa do Diário de Pequim e Frente Unida.” [O artigo de] Yao Wenyuan “Notas preocupantes de Vila das Três Famílias: O caráter reacionário de Conversas ao Entardecer de Yanshan e Notas sobre a Vila das Três Famílias” também criticou Wu Han, Deng Tuo, e Liao Mosha. Jiang Qing, escrevendo sob o pseudônimo de Gao Ju, atacou Deng Tuo também. À medida que os aliados de Peng Jen sofriam ataques, eles eram forçados a fazer autocríticas. No entanto, como a autocrítica de Wu Han, as autocríticas [deles] eram perversas. As autocríticas estavam sendo usadas como uma maneira de amortecer a ofensiva. As autocríticas admitiram os erros menos significantes pra evitar a assunção da responsabilidade de pelos verdadeiros erros de ter atacado a luta de classes, atacado o experimento social, defendido as críticas de Peng Dehuai e da URSS sobre as políticas maoístas do Grande Salto. As autocríticas não foram genuínas, apenas um movimento tático pra sobreviver á tempestade que viria. Os maoístas afirmavam que questões de vida ou morte estavam em jogo. Yao Wenyuan começo a se referir aos aliados de Peng Jen como completos reacionários burgueses:

“Wu Han e Jian Bojan (vice-reitor da Universidade Beida) são membros do partido, mas na realidade são ainda parte do Kuomitang (reacionários). As autoridades acadêmicas burgueas têm que ser criticadas nesses espaços. Nós temos que formar as pessoas jovens por nós mesmos, sem ter medo de que eles vão ofender as autoproclamadas ‘leis do rei.’ Os artigos deles não devem ser escondidos.” (41)

As obras dos aliados de Peng Jen eram acusadas de serem os “ataques mais brutais ao partido, ao socialismo e ao Pensamento Mao Zedong” e consideradas “névoa venenosa e poeira cegante.” (42) As figuras de segunda linha de Wu Han, Deng Tuo, e Liao Mosha, estavam sendo abertamente retratados como “linha negra” revisionista na mídia. O Diário da Libertação de Shangai publicou “Fogo Aberto sobre a linha negra anti-partido, anti-socialista”, do pseudônimo Gao Ju. Guan Feng publicou um ataque similar no Diário de Guangming. No período de três meses que vai do início do ano [de 1966] até Março, só 90 artigos apareceram atacando Wu Han, em Abril 4.000 apareceram criticando Wu Han e seus associados. (43) A maré mudou a favor dos maoístas.

As críticas começaram a gotejar à medida que os debates esquentavam, especialmente em 1966. Os debates chegaram até as escolas em alguns lugares. Uma pessoa que foi criança naquela época relembra de uma música:

“Wu Han Deng Tuo Liao Mosha
Um caule, três melões negros
Bate Bate Bate
Nós vamos derrubar eles decisivamente” (44)

Professores encorajavam seus estudantes a participar dos debates. Estudantes eram instruidos a levantar seus cadernos e “abrir fogo” sobre os revisionistas. Participar nos debates que estavam acontecendo nos jornais dava pra juventude um sentimento de “importância.” Um escritor que era estudante de ensino médio daquele tempo se recorda:

“No fim de Abril, parecia pra nós que toda a literatura, arte e alguns estudantes universitários estavam no meio de um repúdio a Wu Han e à Vila das Três Famílias. Os jornais estavam cheios disso. Nós simplesmente assumimos que a correnteza de dois anos de críticas tinha chegado ao topo. Nós especulamos que o conflito poderia virar um movimento que envolvesse estudantes de nosso nível, mas isso foi só uma idéia. As reuniões chegavam até nós como uma completa surpresa. Essas coisas eram raras, ainda mais num prazo tão curto. Quando o diretor nos disse que nossa escola iria começar a participar da Revolução Cultural lançando um movimento pra repudiar Wu Han e a Vila das Três Famílias, eu fiquei espantado. Isso foi totalmente inesperado. Apesar de Chen não citar qualquer diretiva específica, todos nós percebemos que ele deveria ter algum tipo autorização dos níveis superiores. Ele nunca ousaria nos mobilizar por iniciativa própria. Nós imaginamos, da mesma maneira, que outras escolas poderiam estar fazendo a mesma coisa… Nós nos sentimos muito às sombras, mas ainda com um estado de espírito muito excitado. Dentro de pouco tempo, toda a escola estava fazendo barulho com euforia…


O diretor pediu primeiramente nossa atenção pros numerosos relatos de críticas sobre a Vila das Três Famílias. Ele acusou Wu, Deng, e Liao de usar suas posições pra atacar o partido e de tentar restaurar o capitalismo. Ele citou a grande maré de críticas pra demonstrar que as condições estavam excelentes pra um contra-ataque contra a linha burguesa e pôs em destaque nossa responsabilidade pela união, crítica e defesa  do partido e da nação.

Cada um de nós deveria escrever pôsteres de letras grandes contendo acusações e denúncias contra os revisionistas. Nós também deveríamos fazer análises da situação presente com nossa opinião sobre suas causas e como ela poderia melhorar pra ser corrigida. No final, nós tivemos que escrever redações resumindo nossas experiências e o que nós aprendemos.”

Ele continua:

“No começo, os pôsteres de letras grandes foram divertidos. A gente escrevia  nossos pôsteres individuais juntos e trocávamos idéias sobre os melhores tipos de críticas. Teve uma espécie de competição pra ver quem podia escrever o melhor. Porém, nós não sabíamos nada sobre Deng, Wu, ou Liao; eles pareciam estar distantes e poucos de nós tinham lido algum ensaio deles. Todas as nossas informações vinham de jornais. Nós só copiamos frases e acusações deles e incorporamos elas em nossos pôsteres. As discussões sobre as nossas redações foram a mesma coisa. Nós líamos os jornais, víamos que lições se esperava que nós aprendêssemos, e pegávamos idéias de como o caso poderia ser tratado. Aí então a gente escrevia idéias em nossas próprias redações. Não tinha mais nada que a gente pudesse fazer. Tudo que nós sabíamos era o que aparecia nas notícias e nós só podíamos dizer que alguma coisa era boa ou ruim. Nós tentamos criticar de um jeito mais profundo mas não pudemos fazer isso.” (45)

Outra pessoa conta suas memórias:

“Essas atividades eram muito divertidas, e uma quebra bem-vinda na vida doméstica sem objetivo [,desocupada]… Eu ficava triste quando nossa reuniões acabavam. Na cidade de Changsha, contudo, a onda de críticas continuava se montando, e nós ouvíamos [falar] cada vez mais sobre uma ‘Grande Revolução Cultural Proletária’ que estava expondo a resistência reacionária capitalista de autoridades acadêmicas que se opunham ao partido e ao socialismo. Isso tudo era extremamento confuso…” (46)

Revolução Cultural em Pequim, 1966.

As batalhas na cultura continuaram e expandiram em atuação. A Revolução Cultural ficou mais barulhenta e mais intensa. Peng Jen e seus associados caíram agora em grandes críticas pelo “Relatório de Fevereiro,” censura de artigos criticando Wu Han, perseguição de Qi Benyu, e liderança medíocre, distante, de Peng Jen sobre a Revolução Cultural. Críticas foram feitas contra a aliança de Peng Jen com Lu Dingyi, membro alternativo do politburo e membro do Secretariado Central e chefe do Departamento de Propaganda do Comitê Central. Tempos antes, em Março de 1966, o próprio Mao Zedong interveio e atacou o Departamento de Propaganda chefiado por Lu Dingyi:

“Wu Han publicou vários artigos, sem ter procurado permissão de ninguém. Mas quando chega Yao Wenyuan, permissões tem que ser pedidas. Por que é assim? Artigos da esquerda são suprimidos; enquanto os grandes déspotas do mundo acadêmico são protegidos… o Departamento de Propaganda virou o tribunal do rei do inferno; mas os pequenos demônios agora tem que ser libertados.” (47)

Estátua de Confúcio vandalizada pelos Guardas Vermelhos, na Revolução Cultural.

Da declaração de Mao, nasceu um slogan: “Você tem que derrubar o Rei do Inferno e colocar todos os pequenos demônios em liberdade!” Esse slogan queria dize que os grandes líderes deveriam ser criticados pelos quadros inferiores. (48) Mao tentou liberar uma onda de críticas sobre o partido e a elite cultural começando de baixo. O Departamento de Propaganda se opôs aos impulsos maoístas desde o Grande Salto. Eles se aliaram com o presidente Liu Shaoqi e o vice-presidente Deng Xiaoping. O controle revisionista do Departamento de Propaganda preveniu a possibilidade de os maoístas usarem os canais normais do Partido. Foram os militares de Lin Biao, um Novo Poder emergente, não o Partido, que serviram como principal veículo pro Pensamento Mao Zedong. Enquanto os canais oficiais do partido minavam o Pensamento Mao Zedong, Lin Biao o promovia pelo Departamento de Política Geral, Mídias e Trabalhos Culturais do exército. À medida que Lu Dingyi se opunha à propagação do culto à personalidade de Mao Zedong, O Departamento de Política Geral promovia o culto como um mastro de autoridade. (49) Lu Dingyi agora era acusado de oposição ao Pensamento Mao Zedong e à Revolução Cultural. Os aliados de baixa hierarquia de Peng Jen começavam a cair. A tempestade não tinha acabado. Ela só começou.

Escrito pelo Comandante Luz-Guia Campo Flamejante.

Traduzido pro português por Rivaldo Cardoso Melo.

Notas:

1.    “Mao Tse-Tunng’s Talk At The Hangchow Conference (December 21, 1965)” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) pp. 168-169 [“Pronunciamento de Mao Zedong durante a Conferência de Hangchow (21 de Dezembro de 1965)” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, pp. 168-169]
2.    “Hold High the Great Banner of The Thought of Mao Zedong, And Resolutely Impelment The Five Point Principle Of Bringing Politics To the Fore” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 170 [“Levantar alto a Grande Bandeira do Pensamento Mao Zedong, e Implementar Decididamente os Cinco Pontos do Princípio de trazer a Política pra Dianteira” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 170]
3.    People’s Daily editorial (February 27, 1966) [Editorial Diário do Povo (27 de Fevereiro de 1966)]
4.    Bennett, Gordon and Montaperto, Ronald N. Red Guard: The Political Biography of Dai Hsiao-ai (Doubleday, USA:1971) p. 32 [Bennett, Gordon e Montaperto, Ronald N. Guarda Vermelha: A biografia política de Dai Hsiao-ai (Doubleday, EUA: 1971) p. 32]
5.    Unger, Jonathan “The Cultural Revolution at the Grass Roots” in The China Journal no. 57 (January, 2007) pp. 114 [Unger, Jonathan. “A Revolução Cultural a nível de base” em O Jornal da China, no. 57 (Janeiro de 2007), p. 114]
6.    Fisher, Tom “The Play is the Thing” in the Australian Journal of Chinese Affairs no 7. (January, 1982) p. 12 [Fisher, Tom. “A peça é a coisa” em Jornal Australiano de Assuntos Chineses no. 7 (Janeiro de 1982), p. 12]
7.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 109 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 109]
8.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 51-52 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 51-52]
9.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 110 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 110]
10.    Daubier, Jean  A History of the Chinese Cultural Revolution (Vintage Books, Random House, Inc. USA: 1974) pp. 31-32 [Daubier, Jean. Uma História da Revolução Cultural Chinesa. Livros Vintage, Random House, Inc. EUA: 1974) pp. 31-32]
11.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 111 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 111]
12.    Fisher, Tom “The Play is the Thing” in the Australian Journal of Chinese Affairs no 7. (January, 1982) pp. 11-14 [Fisher, Tom. “A peça é a coisa” em Jornal Australiano de Assuntos Chineses no. 7 (Janeiro de 1982), pp. 11-14]
13.    Clark, Paul The Chinese Cultural Revolution (Cambridge University Press, New York, New York, USA: 2008) p. 20 [Clark, Paul A Revolução Cultural Chinesa (Imprensa Universitária de Cambridge, Nova Iorque, Nova Iorque: 2008) p. 20]
14.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 53-54 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 53-54]
15.    Fisher, Tom “The Play is the Thing” in the Australian Journal of Chinese Affairs no 7. (January, 1982) p. 4 [Fisher, Tom. “A peça é a coisa” em Jornal Australiano de Assuntos Chineses no. 7 (Janeiro de 1982), p. 4]
16.    Robinson, Joan The Cultural Revolution In China (Penguin Books, Great Britain:1970) pp. 51-52 [Robinson, Joan A Revolução Cultural na China (Penguin Books, Grã-Bretânia: 1970) pp. 51-52]
17.    Hunter, Neale Shanghai Journal (Beacon Press, Boston, USA: 1969) p. 21 [Hunter, Neale. Jornal de Shangai (Imprensa do Farol, Boston, EUA: 1969) p. 21]
18.    Milton, David and Nancy Dall, The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) pp.113-114 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, pp. 113-114]
19.    Fisher, Tom “The Play is the Thing” in the Australian Journal of Chinese Affairs no 7. (January, 1982) p. 21 [Fisher, Tom. “A peça é a coisa” em Jornal Australiano de Assuntos Chineses no. 7 (Janeiro de 1982), p. 21]
20.    Rittenberg, Sidney and Bennett, Amanda The Man Who Stayed Behind  (Simon and Schuster, USA: 1993) p. 296 [Rittenberg, Sidney e Bennett, Amanda. “O Homem que Ficou para Trás.” Simon e Schuster, EUA: 1993, p. 296]
21.    Milton, David and Nancy Dall, The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 120 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, pp. 120]
22.    Shambaugh, David “Deng Xiaoping: The Politician” in The China Quarterly no. 135 (Cambridge University Press, Spetember 1993) p. 469 [Shambaugh, David. “Deng Xiaoping: O Político” A China Trimestral No. 135, Assunto Especial: Deng Xiaoping: Uma Avaliação. Imprensa Universitária de Cambridge. Setembro de 1993, p 469]
23.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 55-57 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 55-57]
24.    Daubier, Jean  A History of the Chinese Cultural Revolution (Vintage Books, Random House, Inc. USA: 1974) pp. 34-35 [Daubier, Jean. Uma História da Revolução Cultural Chinesa. Livros Vintage, Random House, Inc. EUA: 1974) pp. 34-35]
25.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) pp. 46-50 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, pp.46-50]
26.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 55-57 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 55-57]
27.    “Self Criticism On Dismissal Of Hai Jui” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 159 [“Autocrítica sobre a Demissão de Hai Jui” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 159]
28.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) pp. 48-49 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, pp.48-49]
29.    Han Suyin Wind In The Tower (Little, Brown And Company, USA: 1976) p. 269 [Han Suyin. “Vento na Torre.” Little, Brown e Compania, EUA: 1976, pp. 269]
30.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 50 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 50]
31.    Daubier, Jean . A History of the Chinese Cultural Revolution (Vintage Books, Random House, Inc. USA: 1974) pp. 35-38 [Daubier, Jean. Uma História da Revolução Cultural Chinesa. Livros Vintage, Random House, Inc. EUA: 1974) pp. 35-38]
32.    “Let Us Be Armed With The Thought Of Mao Tse-Tung And Become Proletarian, Revolutionary Fighters In Literature And Art (Jen Min Jih Pao, Editorial, Peking, February 27, 1966)” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 196 [“Nos deixe ser armados com o Pensamento Mao Zedong e nos tornarmos Guerreiros Proletários, Revolucionários em Literatura e Arte (Jen Min Jih Pao, Editorial, Pequim, 27 de Fevereiro de 1966)” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 196]
33.    Han Suyin Wind In The Tower (Little, Brown And Company, USA: 1976) p. 269 [Han Suyin. “Vento na Torre.” Little, Brown e Compania, EUA: 1976, pp. 269]
34.    “Comrade Peng Chen’s Speech” Beijing Review no. 46. (November 13, 1964) p. 9-10 [“Discurso do Camarada Peng Chen.” Revista de Pequim no. 46. (13 de Novembro de 1964) pp. 9-10]
35.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 117 [Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 117]
36.    “Comrade Lin Piao’s Letter to Members of the Standing Committee of the Military Commission of the Party Central Committee” Beijing Review no. 23 (June 2, 1967) p. 9 [“Carta do camarada Lin Biao aos membros do Comitê Permanente da Comissão Militar do Comitê Central do Partido.” Revista de Pequim no. 23. (2 de Junho de 1967) p. 9]
37.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) p. 60 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  p. 60]
38.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 52 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 52]
39.    Byung-joon Ahn “Adjustments In The Great Leap Forward And Their Ideological Legacy, 1959-62”  in Ideology and Politics In Contemporary China edited by Johnson, Chalmers (University of Washington Press, USA: 1973) pp. 285-286 [Byung-joon Ahn. “Ajustes no Grande Salto pra Frente e seu legado ideológico, 1956-1962” em Ideologia e Política na China Contemporânea editado por Johnson, Chalmers (Imprensa Universitária de Washignton, EUA: 1973) pp. 285-286]
40.    Cheek, Timothy “Deng Tuo: Culture, Leninism and Alternative Marxism in the Chinese Communist Party” in The China Quarterly no 87 (September, 1981) pp. 470-485 [Cheek, Timothy “Deng Tuo: Cultura, Leninismo e Marxismo Alternativo no Partido Comunista Chinês” em A China Trimestral No. 87 (Setembro de 1981) pp 470-485]
41.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 50 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 50]
42.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) p. 62 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  p. 62]
43.    Dittmer, Lowell Liu Shao-ch’i and the Chinese Cultural Revolution (University of California Press, USA:1974) p. 75 [Dittmer, Lowell. “Liu Shaoqi e a Revolução Cultural Chinesa.” Imprensa Universitária da Califórnia. EUA: 1974, p. 75]
44.    Bennett, Gordon and Montaperto, Ronald N. Red Guard: The Political Biography of Dai Hsiao-ai (Doubleday, USA:1971) pp. 34 -35 [Bennett, Gordon e Montaperto, Ronald N. Guarda Vermelha: A biografia política de Dai Hsiao-ai (Doubleday, EUA: 1971) pp. 34-35]
45.    Bennett, Gordon and Montaperto, Ronald N. Red Guard: The Political Biography of Dai Hsiao-ai (Doubleday, USA:1971) p. 34-37 [Bennett, Gordon e Montaperto, Ronald N. Guarda Vermelha: A biografia política de Dai Hsiao-ai (Doubleday, EUA: 1971) pp. 34-37]
46.    Liang Heng and Shapiro, Judith Son of the Revolution (Vintage books, Random House, USA: 1983) pp. 40-42 [Liang Heng e Shapiro, Judith. Filho da Revolução (Vintage Books, Random House, EUA: 1983) pp. 40-42]
47.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 50 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 50]
48.    Liang Heng and Shapiro, Judith Son of the Revolution (Vintage books, Random House, USA: 1983) pp. 40-42 [Liang Heng e Shapiro, Judith. Filho da Revolução (Vintage Books, Random House, EUA: 1983) pp. 40-42]
49.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 226 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 226]

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