COMEÇA A GRCP, O LEVANTAR DO NOVO PODER E DA NOVA IDEOLOGIA Parte 7

Mao Zedong e Lin Biao.

Se levantam os Mares, as Nuvens e as Águas enfurecem

A Grande Revolução Cultural Proletária começa, China Maoísta de 1958 até 16 de Maio de 1966.

Parte 1 :  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-1/

Parte 2:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-2/

Parte 3:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-3/

Parte 4: http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-4/

Parte 5:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-5/

Parte 6: http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-6/

Parte 7:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-7/

Parte 8:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-8/

(portugues.llco.org)

Golpe versus Golpe

À medida que as lutas se intensificavam, que a Revolução Cultural seguia seu curso, os conflitos se espalhavam entre os militares e as forças de segurança. Apesar de o Ministro da Defesa Lin Biao controlar o centro do exército, seu poder não era absoluto. Ainda tinha os oficiais de alto-escalão poderosos na capital que opunham a ele e generais poderosos que tinham criado os próprios “reinos independentes” deles nas províncias, fora do alcance de Lin Biao. Mao permaneceu em Hangzhou, longe do capital. A situação entre Abril e Maio ficou muito tensa em Pequim, de acordo com observadores. Peng Zhen viajou com vários guarda-costas armados. E dez oficiais, simpatizantes ao domínio de Pequim, foram escalados pra cada função de proteção dele. (1) Havia uma ameaça de golpe. Depois, olhando atrás, Mao falou para os convidados albaneses que ele estava como nervoso nesse período de reorganização do poder estatal e militar em Pequim:

“Nós transferimos duas divisões de tropas de guarnição [para Pequim].. [é por isso que] você pode vagar agora ao redor Pequim e nós também vamos poder.” (2)

Um dos principais oponentes do Ministro da Defesa Lin Biao no centro [do comando] era o Chefe do Estado-Maior Luo Ruiqing. Luo Ruiqing, enquanto representava os oficiais profissionais, teve um histórico mais policial que de comandante de campo. (3) Ele fez parte da câmara de eco revisionista dentro do exército. Luo Ruiqing caiu em críticas por dizer que treinamento militar e treinamento político deveriam receber igual importância, sendo que Lin Biao valorizava mais a educação política. Embora Luo Ruiqing ganhasse a posição dele com a queda do antigo aliado de Peng Dehuai, Huang Kecheng, em 1959, ele ecoou mesmo assim, ainda que com mais reservas, algumas das preocupações de Peng Dehuai sobre o Maoísta linha. Luo Ruiqing tinha tendência mais pra profissionalização, não educação ideológica. Além disso, como Peng Dehuai, Luo Ruiqing buscou alinhamento global com os imperialistas soviéticos. O conflito de visões globais veio à tona em 1965, quando foram publicados dois textos de posição. Luo Ruiqing, em “O Povo Derrotou O Fascismo japonês, e Ele com Certeza Pode Derrotar Também o Imperialismo Americano” sugeriu uma possível reconciliação entre a China e os imperialistas soviéticos contra os Estados Unidos. A sugestão de Luo Ruiqing de uma frente unida contra os Estados Unidos estava ao contra a posição de Lin Biao em “Viva a Vitória Da Guerra Popular!” A visão de Guerra Popular de Lin Biao procurava uma unidade do Terceiro Mundo conduzida pelo comunistas contra os blocos políticos imperialistas, do Oeste e do Leste, e ela se tornaria mais ou menos unida. Lin Biao viu poucas possibilidades de jogar um imperialista contra o outro.  Embora ambos os documentos defendesem a Guerra Popular, as compreensões da Guerra Popular deles eram muito diferentes. O entendimento de Guerra Popular de Lin Biao era ofensivo, não meramente defensivo como o de Luo Ruiqing. Luo Ruiqing viu a Guerra Popular como uma ferramenta defender a China de uma agressão imperialista. No entanto, pra Lin Biao, a Guerra Popular, em escala mundial, era o modo de trazer revoluções socialistas e comunistas pra todos lugares, e não uma simples ferramenta pra se defender de ataques imperialistas. Pra Lin Biao, a Guerra Popular Global era uma estratégia pra Vitória Global. (4)

Luo Ruiqing. Fonte: Wikipédia.

Durante um certo tempo, Luo Ruiqing tentou frustrar os esforços de Lin Biao pra politicization do exército. Ele fez isso criando normativas, adicionando hierarquias, etc. Enquanto dizia que apoiava a politização, Luo Ruiqing trabalhou pra acabar com ela pelos bastidores. Uma série de denúncias apareceram de pessoas não indentificadas que apoiavam “visões puramente militares” e “unilateralmente destaca a subitaneidade e complexidade de guerra moderna… [e] afirma que o sistema de comitês de partido impedirá o melhor julgamento e concentração do comando.” (5) Tempos antes, em 1965, na convocação de Lin Biao, Mao escreveu sobre o caso de Luo Ruiqing que “todo o mundo deveria ficar alerta com esses que não têm nenhuma fé em, mas fingem complacência com o colocar da política na frente, e que disseminam uma coleção de ecletismos.” Luo Ruiqing foi acusado de ecletismo. E, ao passo que as tensões subiram no capital, ficava cada vez mais importante pros Maoístas controlar o comando central do exército. À medida que a luta se alargava, Luo Ruiqing era acusado de planeja um golpe pra tirar Lin Biao do Ministério de Defesa. De 4 de Março a 8 de Abril de 1966, a esposa de Lin Biao Ye Qun, Wu Faxian, e outros oficiais criticavam Luo Ruiqing como um “conspirador burguês” e “carreirista.” Eles também o acusaram de desejar a saída de Lin Biao, uma sugestão que Luo Ruiqing tinha feito em certa ocasião. Liu Shaoqi, Deng Xiaoping, e Peng Zhen inicialmente tentaram defender Luo Ruiqing, sem sucesso, durante uma séries de sessões do “grupo trabalhador” Março de 1966. Eles falharam em salvar a carreira dele. Desesperado, Luo Ruiqing fe uma tentativa de suicídio no dia 18 de março de 1966, que falhou. Ele ficou seriamente ferido. A tentativa de suicídio só reforçou a suspeita de que ele era culpado. No dia 24 de Abril, Mao aprovou a demissão formal dele. No lugar de Luo Ruiqing, o general Yang Chengwu, um Maoísta leal, foi nomeado o novo chefe do Estado-Maior do exército, embora isto não fosse confirmado publicamente até 9 de Junho de 1966. A queda de Luo Ruiqing ainda cortou outra ligação importante entre a burocracia do velho partido e o exército de Lin Biao. Assim, o Maoítas avançam consolidando a base deless no exército enquanto o conflito se aproximava da capital. (6) (7) (8) (9)

Mais mudanças importantes foram feitas. Uma sombra caiu em Yang Shangkun, chefe do Escritório Geral do Comitê Central. Yang Shangkun era muito próximo a Deng Xiaoping. Ele era um dos deputados-chave de Deng Xiaoping. (10) Ele foi acusado de ter instalado escutas no escritório de Mao pra coletar informações pra Peng Jen. Ele também foi acusado de manter ligações íntimas com Luo Ruiqing. Yang Shangkun foi afastado da chefia do Escritório Geral. Depois, em 1968, Deng Xiaoping admitiu “responsabilidade política por controlar os dispositivos de escuta instalados por Yang Shangkun de modo intempestivo e malfeito.” [A revista da] Guarda Vermelha repetiu as acusações em fases posteriores da Revolução Cultural. Contudo, em 1980, o regime revisionista negou que vez alguma tenha acontecido alguma escuta. O caso foi considerado uma “grande armação” perpetada pelos Maoítas. Porém, as acusações não devem ser desprezadas assim facilmente. No contexto de uma luta de poder crescente que envolve movimentos de tropa, centros rivais de poder institucional, e ideologias totalmente conflitantes, é bem provável que os revisionistas buscassem hangariar inteligência de seus oponentes maoístas. É possível que ele tenha sido afastado porque ele estava no caminho. Talvez os Maoístas precisassem de alguém em que eles pudessem confiar completamente pra manejar os rastros de documento. Wang Dongxing, diretor da Agência Central de Guardas, que organizava a segurança pessoal de Mao, assumiu como chefe do Escritório Geral. Ou isso tudo poderia ser fabricado depois da queda dele. Em todo caso, Yang Shangkun ficou ligado aos revisionistas. Ele foi substituído por Wang Dongxing cujas políticas não eram completamente a Maoístas, mas cuja lealdade estava com Mao. (11)

Yang Chengwu. Fonte: Wikipédia.

A subida e a queda de Yang Chengwu e de Luo Ruiqing fizeram mais fácil para Lin Biao o controle da situação na área da capital. De forma semelhante, os Maoístas ganharam com a queda de Yang Shangkun. Yang Chengwu, antes de sua transferência pro Ministério de Defesa nos anos do Grande Salto, tinha sido chefe da guarnição de Pequim. (12) Lin Biao reuniu tropas comandadas por quem fosse leal a ele pra Pequim antes de reorganizar ali o exército. Yang Chengwu teve um papel [importante], aumento a presença de exército de Lin Biao em Pequim. Isso foi feito para prevenir um possível motim ou golpe por aqueles que eram leais aos chefes revisionistas do partido em Pequim ou ao caído Luo Ruiqing. Um observador nota “o apoio de uma parte significante do exército sob ordens do Marechal Lin Biao, sem o qual seria duvidoso que [os Maoístas] pudessem tomar Pequim.” (13) De Janeiro a 5 de Março de 1966, Lin Biao assegurou apoio temporário pra liderança da Federação dos Sindicatos de toda a China. Da metade de Janeiro em diante, eles publicaram cartas dos soldados em artigos a favor da liderança de exército. (14) (15)

A ameaça de segurança era uma razão pela que Mao ficou longe de Pequim e do centro de políticas chinesas. Mao permaneceu no refúgio dele em Hangjou. Ele continuou ficando por trás das cenas. (16) Porém, de 17 a 20 de Março, Mao convocou uma sessão do Comitê Permanente do Politburo em Hangjou. Ele fez uma crítica pesada ao “Relatório de fevereiro” e o Departamento de Propaganda do Comitê Central. Em Shanghai e Hangjou, Mao e Lin Biao, apoiados pelo EPL, pela Federação de Sindicatos e pela Agência Regional Centro-Sul China, de Tao Ju, pediram uma “tempestade revolucionária.” Tao Ju, um subordinado de Lin Biao e amigo pessoal de Jiang Qing, caiu debaixo de críticas dos defensores de Mao Zedong tempos depois. Mais adiante, ele tentou proteger a burocracia revisionista, mas, por enquanto, ele jogou o peso dele a favor dos Maoístas.  (17) (18)

No dia 18 de Abril de 1966, o Diário de Exército de Liberação de Lin Biao correu uma manchete: “Segure a grande bandeira vermelha do Pensamento de Mao Zedong No alto! Tome uma Postura Ativa na Grande Revolução Cultural Socialista!” O mesmo assunto de Diário de Exército de Liberação conteve um editorial militante:

“O Presidente Mao Zedong nos ensinou que as classes e a luta de classe continuam existindo na sociedade socialista. Ele disse que na China ‘a Luta de Classes entre o proletariado e a burguesia, a Luta de Classes entre forças políticas diferentes, e a classe luta no campo ideológico entre o proletariado e a burguesia continuará sendo longa e tortuosa, e às vezes será até muito aguda.’ A luta para nutrir o que é proletário e liquidar o que é burguês no front cultural é um aspecto importante da Luta de Classes entre o proletariado e a burguesia, entre a estrada socialista e a estrada capitalista, entre ideologia proletária e ideologia burguesa. O proletariado busca mudar o mundo de acordo com sua própria visão de Mundo, e assim faz a burguesia. A cultura socialista deve servir aos trabalhadores, camponeses, e soldados, deve servir às políticas proletárias, e deve servir à consolidação e desenvolvimento do sistema socialista e sua transição gradual pro Comunismo. A cultura burguesa e revisionista serve à burguesia, serve os latifundiários, camponeses ricos, contra-revolucionários, elementos ruins e Direitistas, e pavimenta o estrada pra a restauração do capitalismo. Se o proletariado não ocupar as posições culturais, a burguesia vai fazer isso. Essa é uma Luta de Classes pesada.” (19)

Guarda Vermelha chinesa, com o Livro Vermelho.

Mao e Lin Biao trabalharam como grandes aliados desde o Soviet de Jiangxi nos anos 1930. Lin Biao tinha voltado pra política por uma indicação Maoísta pro cargo de Ministro de Defesa em 1959. Lin Biao tinha defendido e implantado políticas Maoístas mesmo diante dos problemas do Grande Salto. Mais uma vez, aqui, no começo da Revolução Cultural, Mao e Lin Biao solidificaram a aliança deles em público. Mao emitiu uma carta famosa no dia 7 de Maio de 1966 para Lin Biao aprovando o trabalho dele no exército. Ela chegou a ser conhecida como “A Diretiva de 7 de Maio.” Mao concordou que “Por todo tempo em que não aconteça nenhuma guerra mundial, as forças armadas devem ser uma grande escola… Nessa grande escola, nossos homens de exército devem aprender política, assuntos militares e agricultura.” Mao encorajou a participação do exército em Comunas como o Campo de Óleo Daqing. Por isso que Mao compartilhou com todos a aliança dele com Lin Biao, concordando em enviar as recomendações de Lin Biao pra todas as regiões militares. (20)

Os Maoístas tiveram impulso. Liu Shaoqi não tinha mais capacidade de proteger seus aliados em Pequim. Em 4 de Maio, as manchetes ficaram ainda mais militantes: “Nunca esqueça da Luta de Classes!” Uma delas declarou:

“Nós temos que fazer grandes esforços pra promover a ideologia proletária e erradicar a ideologia burguesa no trabalho acadêmico, na educação, no jornalismo, na arte e na literatura, e outras esferas de cultura.” (21)

No dia 8 de Maio:

“Deng Tuo É o Guardião Do Covil Negro Anti-Partido, Anti-Socialista, de San Jia Chun.” (22)

De novo:

“Deng Tuo é o guardião do Covil San Jia Chun, que ele mesmo e Wu Han e Liao Mosha fundaram. Ele é um líder do punhado pequeno de elementos anti-partido, anti-socialistas.”

E:

“Fogo aberto na linha maldita linha anti-socialista e anti-partido!”

 

Estudantes chineses com seus Livros Vermelhos indo trabalhar no interior do país, em 1971.

Chen Boda usou a influência dele no mundo da mídia aumentar o ataque, como fizeram Jang Chunqiao e Yao Wenyuan em Shanghai. (23) De 9 a 12 de Abril de 1966, uma reunião da Secretaria de Comitê Central foi presidida por Deng Xiaoping. Chen Boda e Kang Sheng voltaram a dar publicidade pras mais recentes visões de luta de Mao. Kang Sheng fez uma apresentação sobre os erros recentes de Peng Jen no tratamento dado a Wu Han, enquanto Chen Boda examinou toda a carreira de Peng Jen. Chen Boda o acusou de erros e crimes que vieram por décadas. Depois dessa reunião, Peng Jen desapareceu de vida pública. O “Grupo de Cinco encarregados da Revolução Cultural” dele foi dissolvido. Membros individuais do grupo caíram, como Wu Lengxi, chefe da Agência de notícias de Xinhua e editor-chefe do Diário do Povo, que tinha sido um membro do Grupo de Cinco. (24) Naquele mesmo mês, Mao começou o processo de revogar formalmente o “Relatório de fevereiro” de Peng Jen. Mao instruiu um Politburo aumentado em Hangzhou no dia 19 de Abril pra adotar um novo um documento que desse nova direção pra Revolução Cultural. Esse documento novo seria conhecido como o “Circular de 16 de Maio.” Outros, junto com Peng Zhen, logo caíriam. Mao pediu à reunião que “resolva o problema de Peng, Luo, Lu, Yang [Shangkun].” Nesse momento, eles não foram purgados formalmente, embora fossem removidos de suas posições. (25) (26) Liu Shaoqi chegou dois dias atrasado na reunião depois de uma longa excursão de quatro-semana estendida no Paquistão, Afeganistão, e Birmânia. Ele não pôde intervir diretamente em nome dos aliados dele. (27) A cronometragem da reunião provavelmente não era coincidente. No dia 18 de Maio de 1966, a liderança do partido se reuniu de novo. Mao estava ausente. Lin Biao foi o primeiro a falar. Ele declarou que as acusações contra Peng Jen também se aplicavam a dois outros membros do Grupo de Cinco: Lu Dingyu e Yang Shangkun. Ele ainda relacionou eles com Luo Ruiqing. Lin Biao não só os acusou de serem inimigos de classe com idéias contrarrevolucionárias como também alegou que havia uma ameaça muito real de um golpe de Estado. Da mesma maneira, Mao tinha expressado anteriormente preocupações sobre a possibilidade de um golpe. Agora Lin Biao faz um discurso no dia 18 de Maio de 1966 que discutia a história do golpe de Estado na China. (28) O destino deles estava selado, apesar de levar algum tempo pra ser tornar oficial. A demissão oficial foi anunciada mais tarde, em 9 de Junho de 1966. Naquele momento, o Maoísta Yang Chengwu seria nomeado como “o Chefe suplente do Estado-Maior,” substituindo Luo Ruiqing oficialmente. Em seu pronunciamento de 18 de Maio de 1966, declarou Lin Biao, “a Grande Revolução Cultural que está acontecendo agora é um grande e sério movimento.” (29) As formas de luta estavam mudando depressa. O presidente Liu Shaoqi e Vice-presidente Deng Xiaoping se desassociariam dos antigos aliados deles pra evitar se mancharem. Quando Peng Jen protestou, Jou Enlai e Deng Xiaoping ficaram imóveis. Eles disseram que os erros de Peng Zhen chegaram a criar uma linha oposta a Mao e ao partido. Eles tentaram lavar as mãos deles na situação. (30) (31) Os revisionistas do topo decidiram sacrificar o cavalo para salvar a rainha, mas o jogo estava longe de terminar.

A Luta Fica Pessoal

A luta ideológica se tornou pessoal. O aliado de Peng Jen, que [era] Lu Dingyi, chefe do Departamento de Propaganda, também foi acusado de oposição e perseguição pessoal de Lin Biao e a família dele. Este é um dos episódios mais estranhos da Revolução Cultural. Embora debates políticos devessem acontecer no plano alto de luta ideológica, eles geralmente não chegavam la. A luta pelo poder não é simplesmente uma luta ideológica de alto nível. Nesses conflitos, toda arma  normalmente vem de fora do arsenal. Yan Weibing, a Chefe Adjunta de Seção no Departamento de Propaganda do marido dela, Lu Dingyi, tinha começado a escrever cartas anônimas pra membros da família de Lin Biao desde 1960. As cartas descreveram Ye Qun como uma mulher sexualmente imoral que tinha casos com outros homens e mulheres. As cartas também descreviam Lin Biao como um corno. Sem querer, em 1966, Ye Qun [mulher de Lin Biao] descobriu o autor das cartas. No dia 28 de abril, Yan Weibing estava presa como um “elemento de contra-revolucionário.” No dia 6 de Maio, Lu Dingyi foi colocado em prisão domiciliar pelos esforços contra-revolucionários dele combinados com as lutas na cultura, perseguição e censura de Maoístas, e perseguição da família de Lin Biao. No dia da autocrítica de Lu Dingyi, cada auxiliar da reunião, segundo evidências históricas, recebeu uma nota manuscrita de Lin Biao que testemunhando a virgindade de Ye Qun na hora de matrimônio e o caráter fiel dela. A nota dizia que as cartas da contra-revolucionária Yan Weibing não continham nada mais que rumores difamadores. Lu Dingyi negou conhecer o molestamento da esposa de Lin Biao. Segundo relatos, Lin Biao o confrontou perguntando ele como poderia ser o caso que ele não soubesse? Lu Dingyi zombou, segundo notícias, [perguntando] “não tem maridos vários que realmente não sabem o que as esposas deles estam tramando?” Lin Biao ameaçou o matar naquele mesmo lugar, segundo consta. Esse incidente é freqüentemente usado como evidência de que a Revolução Cultural somente deveria ser vista como vendetas das mais pessoais [desejo de vingança entre famílias], freqüentemente tão bizarras quanto essa. Porém, não é raro que sexo e assuntos pessoais sejam usados por contra-revolucionários. Mao agiu, segundo registros, contra subordinados quando eles vazaram informações sobre a vida sexual dele praqueles que se tornariam seus inimigos: Peng Jen e Yang Shangkun. (32) Tem toda uma história de reacionários usando tudo que eles podem pra sabotar os inimigos. Sexo e fofoca foram usados por muito tempo contra movimentos revolucionários. Agências de inteligência têm departamentos inteiros dedicados ao estudo de perfis psicológicos e emprego de guerra psicológica. Nos Estados Unidos, o Programa de Contra-inteligência do Estado, ou Cointelpro, atacou os revolucionários com esses métodos nos anos 1960. Como a política séria fica no reino de ciência, os covardes, fracos, insignificantes, e estúpidos frequentemente pensam que que o único meio de apagar uma Luz-Guiadora é recorrer a esse tipo de tática. Às vezes, a vida pessoal é um alvo fácil pros sabotadores e agentes de Guerra Psicológica. Mentiras e fofocas podem ser uma forma sofisticada de luta contra-revolucionária pelo poder da mesmíssima forma que elas são agora. (33)

A gentileza acabou. Dois poderes institucionais se confrontaram : O exército de Lin Biao e as redes Maoístas versus o poder dominante do partido revisionista. Dois pólos de autoridade se confrontaram: Mao, Lin Biao e o culto versus o domínio do partido. Duas ideologias se confrontaram: Pensamento Mao Zedong versus revisionismo. As lutas estavam ficando maiores, maiores e maiores. A Revolução Cultural estava longe de terminar.

https://www.youtube.com/watch?v=LGpmVs0_Dbc

Escrito pelo Comandante Luz-Guia Campo Flamejante.

Traduzido pro português por Rivaldo Cardoso Melo.

Notas:

1.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) pp. 15 [Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, p. 15]
2.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) p. 57 [Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, p.57]
3.    Charles, David “The Dismissal of Marshal Peng Tu-Huai”  in China Under Mao: Politics Takes Command edited by MacFarquhar, Roderick (MIT Press, USA: 1966) p. 21 [Charles, David “A Demissão do Marechal Peng Dehuai” em China sob Mao: A Política toma o Comando. Editado por MacFarquhat, Roderick (Imprensa do Instituto Tecnológico de Massachuscets, EUA: 1966) p. 21]
4.    Lansky, Mira Beth “‘People’s War’ and the Soviet Threat: the Rise and Fall of a Military Doctrine” in Journal of Contemporary History vol 18, no 4, Military History (October, 1983) pp.623-625 [Lansky, Mira Beth “‘Guerra Popular’ e a ameaça soviética: Ascenção e Queda de uma doutrina militar” em Jornal da História Contemporânea, vol 18, nº 4, História Militar (Outubro, 1983) pp. 623-625]
5.    Lansky, Mira Beth “‘People’s War’ and the Soviet Threat: the Rise and Fall of a Military Doctrine” in Journal of Contemporary History vol 18, no 4, Military History (October, 1983) p. 623 [Lansky, Mira Beth “‘Guerra Popular’ e a ameaça soviética: Ascenção e Queda de uma doutrina militar” em Jornal da História Contemporânea, vol 18, nº 4, História Militar (Outubro, 1983) p. 623]
6.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 68-70 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 68-70]
7.    Shambaugh, David “Deng Xiaoping: The Politician” in The China Quarterly no. 135 (Cambridge University Press, Spetember 1993) p. 469 [Shambaugh, David. “Deng Xiaoping: O Político” A China Trimestral No. 135. Imprensa Universitária de Cambridge. Setembro de 1993, p 469]
8.    Dietrich, Craig, People’s China Third Edition (Oxford University Press, New York, New York USA: 1998) p.172 [Dietrich, Craig. China Popular. Terceira Edição. Imprensa Universitária de Oxford. Nova Iorque: 1998, p. 172]
9.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) p. 153 [Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, p. 153]
10.    Shambaugh, David “Deng Xiaoping: The Politician” in The China Quarterly no. 135 (Cambridge University Press, Spetember 1993) p. 471 [Shambaugh, David. “Deng Xiaoping: O Político” A China Trimestral No. 135. Imprensa Universitária de Cambridge. Setembro de 1993, p 471]
11.    MacFarquhar, Roderick and Schoenhals, Michael. Mao’s Last Revolution (Bellnap Press of University of Harvard Press, USA: 2006) pp. 36-37 [MacFarquhar, Roderick; e Schoenhals, Michael. A Última Revolução de Mao. Imprensa Bellnap da Imprensa Universitária de Harvard , EUA: 2006) pp. 36-37]
12.    Charles, David “The Dismissal of Marshal Peng Tu-Huai”  in China Under Mao: Politics Takes Command edited by MacFarquhar, Roderick (MIT Press, USA: 1966) p. 30 [Charles, David “A Demissão do Marechal Peng Dehuai” em China sob Mao: A Política toma o Comando. Editado por MacFarquhat, Roderick (Imprensa do Instituto Tecnológico de Massachuscets, EUA: 1966) p. 30]
13.    Hunter, Neale Shanghai Journal (Beacon Press, Boston, USA: 1969) p. 26 [Hunter, Neale. Jornal de Shangai (Imprensa do Farol, Boston, EUA: 1969) p. 26]
14.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) pp. 52-53 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, pp. 52-53]
15.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) pp. 155 [Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, p. 155]
16.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) p.156 [Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, p. 156]
17.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) p. 80 [Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, p.80]
18.    Chan, Anita, Rosen, Standley, Ungerm Jonathan “Students and Class Warfare: The Social Roots of the Red Guard Conflict in Guangzhou (Canton)” in The China Quarterly no 83 (September, 1980) p. 431 [Chan, Anita. Rosen, Standley, Ungerm Jonathan. “Estudantes e Guerra de Classes: As raízes sociais do conflito dos guardas vermelhos em Guangjou (Cantão)” em A China Trimestral, nº 83 (Setembro de 1980) p. 431]
19.    “Infiltration of Bourgeois Elements” in The Chinese Cultural Revolution (Monthly Review Press, New York:1968) edited by Fan, H.K. pp. 35-36) [“Infiltração de Elementos Burgueses” em A Revolução Cultural Chinesa (Imprensa Revista Mensal, Nova Iorque: 1968) editado por Fan, H.K. pp; 35-36]
20.    “Mao Tse-Tung’s Letter To Comrade Lin Piao (‘May 7’Directive)” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) pp.188-189 [“Carta de Mao Zedong pro Camarada Lin Biao (‘Diretiva 7 de Maio’)” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, pp. 188-189]
21.    “Never Forget Class Struggle (Chieh Fang Chen Pao, Editorial, May 4, 1966)” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 205 [“Nunca esqueça da Luta de Classes (Chieh Fang Cheh Pao, Editorial, 4 de Maio de 1966)” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 205]
22.    “Teng T’o Is Keeper Of Anti-Party, Anti-Socialist Black Inn Of Sanchia Ts’un” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 211 [“Teng Tuo é o Guardião do Covil Negro antipartido, anti-socialista de Sanchia Tsun” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 211]
23.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 52 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 52]
24.    MacFarquhar, Roderick and Schoenhals, Michael. Mao’s Last Revolution (Bellnap Press of University of Harvard Press, USA: 2006) p. 474 [MacFarquhar, Roderick; e Schoenhals, Michael. A Última Revolução de Mao. Imprensa Bellnap da Imprensa Universitária de Harvard , EUA: 2006) p. 474]
25.    Barnouin, Barbara and Yu Changgen Ten Years of Turbulence (Kegan Paul International, England: 1993) pp. 63-64 [Barnouin, Barbara and Yu Changgen. Dez anos de turbulência. Keegan Paul International, Inglaterra: 1993.  pp. 63-64]
26.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 51 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 51]
27.    MacFarquhar, Roderick and Schoenhals, Michael. Mao’s Last Revolution (Bellnap Press of University of Harvard Press, USA: 2006) p. 34 [MacFarquhar, Roderick; e Schoenhals, Michael. A Última Revolução de Mao. Imprensa Bellnap da Imprensa Universitária de Harvard , EUA: 2006) p. 34]
28.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) p.i 73 [Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, p.i 73]
29.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 56-65 [Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 56-65]
30.    MacFarquhar, Roderick and Schoenhals, Michael. Mao’s Last Revolution (Bellnap Press of University of Harvard Press, USA: 2006) p. 33 [MacFarquhar, Roderick; e Schoenhals, Michael. A Última Revolução de Mao. Imprensa Bellnap da Imprensa Universitária de Harvard , EUA: 2006) p. 33]
31.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) pp. 157-159 [Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, pp. 157-159]
32.    Li Zhisui The Private Life Of Chairman Mao (Random House, New York, USA: 1995) p. 335 (Li Zhisui. “A vida privada do Presidente Mao.” Random House Nova Iorque, USA: 1995. p. 335)
33.    MacFarquhar, Roderick and Schoenhals, Michael. Mao’s Last Revolution (Bellnap Press of University of Harvard Press, USA: 2006) pp. 34-35 [MacFarquhar, Roderick; e Schoenhals, Michael. A Última Revolução de Mao. Imprensa Bellnap da Imprensa Universitária de Harvard , EUA: 2006) pp. 33-35]

Deixe um comentário