NÃO ADIANTA TEIMOSIA: A ESPERANÇA É IMORTAL

Bandeira Soviética tremula sobre ruínas do parlamento alemão. Últimos dias da Alemanha nazista, destruída na maior parte pela União Soviética
Arte de Carlos Latuff

Europa, décadas de 1930 e 1940. Brotou de mais uma ruína do mundo liberal um regime de horror, conhecido como fascismo, que se espalhou por vários países. Sociedades inteiras viraram imensos batalhões de bandidos dispostos a roubar, escravizar e até massacrar povos inteiros, com todo tipo de requinte de crueldade. Diziam que isso era “destino sagrado da raça”, “co-prosperidade”, dentre outras baboseiras. Com uma sede de sangue e ganância nunca antes vista no Mundo, eles foram impondo suas tiranias pelo planeta com uma velocidade assombrosa. Tão rápido quanto reduziam fortes defesas em ruínas e governos livres em fantoches de um show macabro, iam também reduzindo as esperanças do Mundo de se ver livre do extermínio institucional, cínico, de escala industrial. Mas a Esperança nunca morre.

Contra toda a “supremacia da pureza racial”, contra a “inferioridade da utopia socialista”, contra o “destino sagrado ariano” de escravizar, estuprar, pilhar e exterminar nações inteiras, o Mundo se uniu contra as trevas do fascismo, mais ainda os povos eslavos com o seu sonho realizado da igualdade, pra atravessar os buracos dos próprios escombros e fulminar toda a arrogância criminosa fascista com a luz implacável da verdade e as chamas inabaláveis da esperança!!!

General chefe do que sobrou do comando alemão assinando rendição incondicional pra URSS em 8 de Maio de 1945, reprodução. Como a carta só chegou em Moscow no dia seguinte, os russos até hoje celebram essa vitória com 1 dia de atraso

Teimaram em achar que a opressão vence a igualdade; viram a derrota nos punhos fechados, sujos e calejados de camponeses, operários e mulheres.
Teimaram que eram uma raça suprema; foram esmagados por tecnologias e forças de vontade muito maiores que qualquer preconceito.
Teimaram em nos calar; não conseguiram e nunca conseguirão.

Apesar de muito festejado, porque celebra o fim do pior regime fascista do Mundo, o 9 de Maio caiu em completo esquecimento pelos países capitalistas, como o Brasil, desde a Guerra Fria porque, acima de tudo, foi uma gloriosa vitória soviética, depois de tantas conquistas, tanta superação, heroísmo, tudo que esse insuportável anticomunismo que ronda por aí há décadas não quer que vejamos no outro lado do Muro de Berlim. Mas já não adianta.

AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEVKIRILL KUDRYAVTSEV/AFP/GettyImages ORG XMIT: 2012

A internet sozinha já é quase incontrolável e totalmente imprevisível. Então uma dia, em 2011, depois de revisitar com atenção meus livros de história, encontrei esse dia que deveria ser feriado e fiz um artigo sobre isso, e joguei na rede social. Desde então tenho visto cada vez mais pessoas resgastando essa memória, mas realmente não me sinto que fiz grande coisa, apesar de não ter visto nenhum outro comunista fazer isso antes de mim. Quem tem feito realmente grandes esforços de memória sobre isso, brilhantes, intimidatórios, é o governo russo, Vladmir Putin pra ser mais preciso. Ele é um político de direita convicto e repudia Stalin em público na frente das câmeras, mas mesmo ele entende que é impossível passar pro Mundo e pros próprios russos a imagem de uma Rússia grande e invencível (como ele também representa o próprio governo) sem fazer comparações e inspirações com seu monumental passado soviético.

Parada Militar do Dia da Vitória, ano desconhecido. A organização e o tamanho são claramente inspirados nas tradições soviéticas, que inspiram inclusive outros países até hoje
Apresentação de Dança no Dia da Vitória. Depois da Parada sempre acontecem vários shows com palco em várias cidades da ex-URSS, todos remontando músicas, cenas e sentimentos da época. É sempre lindo de ver!

Apesar do neoliberalismo, da pobreza, das privatizações, da máfia, de tudo, o próprio governo faz exibições imponentes de símbolos e armamentos dos tempos socialistas, como se todos retornassem por um dia pra URSS. A Rússia marcha, canta e dança num emaranhado intenso de entusiasmo, luto, orgulho, nacionalismo e saudade. Vários outros países também celebram a vida e a gratidão pelas conquistas do ontem, mas esse não é maior legado do Dia da Vitória

Há 75 anos, russos, chineses, franceses, ingleses, americanos, brasileiros, todos nós nos erguemos fazendo o impossível pra superar a maior tragédia do século passado, e apesar de todo sacrifício, vencemos!

Por mais que a URSS tenha sido a principal vencedora sobre a Alemanha, ela não ganhou a guerra sozinha. A colaboração dos povos, por maiores que fossem as diferenças, foi essencial pra vitória

Hoje, mesmo perdendo muita força, os fascistas continuam aí, e agora carregando a culpa de terem preferido o vírus em vez das pessoas. Ao contrário das mentiras que sempre falaram sobre os comunistas, agora eles mesmos carregam números muito reais de mortes nas costas, mas mesmo assim não serão varridos da face da Terra enquanto não nos unirmos como antes. Apesar da estarmos isolados pela quarentena, não tem soldado, capitão, general nem presidente que resista à toda-poderosa fúria da classe trabalhadora, desde que sua energia flua na direção certa, com uma disciplina e organização que só uma liderança forte pode oferecer, o que depende de cada um de nós.

Por maior que seja nossa tão honrada vitória, não podemos esquecer que praga do fascismo está aí de volta, querendo impor seu horror acima de tudo e de todos, e precisamos propagar anticorpos pra essa doença pelo mundo. Doenças são passageiras, e o fascismo também. A esperança nunca morre.

Todo ano os povos eslavos marcham com cartazes de seus entes queridos que caíram pela guerra. Estima-se que toda família russa perdeu pelo menos um membro por isso. Esse é o chamado Regimento Imortal

VIVA A VITÓRIA DE TODOS OS POVOS CONTRA A OPRESSÃO!

VIVA A VIDA, A IGUALDADE E A SOLIDARIEDADE!

VIVA A UNIÃO DE TODOS OS POVOS PELA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE!

MORTE A TODO TIPO DE FASCISMO!

UARRÁ!!!

SAWE!!!!

Passado e presente trocando gratidão e sabedoria

Escrito por Rivaldo Cardoso Melo

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