O que é fascismo?

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Aqui o MIM (Movimento Internacional Maoísta) seleciona algumas características que definem o fascismo a partir de textos clássicos da Terceira Internacional: Relatório Dimitrov para o 7º Congresso Mundial do COMINTERN (1) e “Fascismo e Revolução Social”,de Dutt (2). Aplicando esses princípios hoje, nós podemos dizer que mesmo que os imperialistas não tivessem implementado métodos fascistas contra a maioria exploradora dos países do Primeiro Mundo, os imperialistas são o principal apoio do fascismo nas nações oprimidas. É por isso que o MIM promove uma luta combinada contra a social-democracia internacionalista e o fascismo na Europa. Ambos são espécies de parasitismo militante; ambos apoiam a continuidade da opressão no Terceiro Mundo.

1. Fascismo é “ditadura abertamente terrorística dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas, e mais imperialistas do capital financeiro.” (Dimitrov, p. 2)

2. Fascismo é o método extremo adotado pela burguesia pra prevenir a Revolução Proletária; ele “expressa a fraqueza da própria burguesia, assustada com a realização da luta unificada da classe trabalhadora, assustada com a Revolução, e não mais em posição de manter sua ditadura sobre as massas pelos velhos métodos de ‘democracia’ e parlamentarismo burguês.” (Dimitrov, p.2) “As condições [que levaram à subida do fascismo] são: instabilidade das relações capitalistas; a existência de consideráveis elementos sociais sem classe, a pauperização de amplas camadas da pequena-burguesia urbana e da intelligentsia; descontentamento da pequena-burguesia rural; e, finalmente, a constante ameaça de ação proletária massiva.” (Dutt, p.88)

3. O fascismo concentra cada bloco imperialista dentro de uma mesma unidade econômica enquanto aumenta ao mesmo tempo os antagonismos entre blocos e avança para guerras. (Dutt, pp. 72-73)
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4. O fascismo promove demogogia chauvinista (por exemplo, reduzindo o problema do parasitismo como sendo “Questão Judia”) e obscuratismo anticientífico (e.g. Dutt, pp. 54-58 ou qualquer filme de Jerry Bruckheimer). O fascismo hipocritamente adota críticas marxistas ao capitalista, e à ‘democracia’ burguesa. (Dimitrov, pp. 6-7) Ele faz isso pra “utilizar o descontentamento das camadas da sociedade pequeno-burguesas, intelectuais, e de outros tipos.” (Dutt, p. 89)

5. Apesar de tudo, o fascismo não dispensa completamente a democracia burguesa -por exemplo, nem sempre bane partidos revolucionário, ou mesmo partidos burgueses competidores-,dependendo “das condições históricas, sociais e econômicas.” (Dimitrov, p. 4)

6.Tanto a ‘democracia’ burguesa como o fascismo são formas de ditadura de classe do capital financeiro ou comprador (em países imperialistas e semi-coloniais, respectivamente)- por causa disso, os dois usam violência organizada pra manter o domínio de classe dos opressores sobre os oprimidos.

Por isso, qualquer diferenciação entre ‘democracia’ burguesa e fascismo é um assunto estratégico ou tático – nada baseado em princípios Marxistas.

fascismo-y-capitalismo-600x2647. A diferença entre ‘democracia’ burguesa e fascismo é matéria de mudanças quantitativas que levam a uma mudança qualitativa. As mudanças qualitativas são relevantes pra nós nos termos das nossas políticas para classes não-proletárias. “A ascensão ao poder do fascismo não é uma sucessão ordinária de um governo burguês pra outro, mas a substituição de uma forma estatal de dominação de classe da burguesia – ‘democracia’ burguesa’ – para outra forma, um ditadura abertamente terrorista. Seria um grave erro ignorar essa distinção, um erro capaz de prevenir o Proletariado revolucionário de mobilizar a camada mais larga do povo trabalhador das cidades e do interior para a luta contra a ameaça de tomado poder pelos fascistas, e de tomar vantagem das contradições que existem no campo da própria burguesia. Mas também é um erro, não menos sério e perigoso, subestimar a importância de, para o estabelecimento de uma ditadura fascista, métodos reacionários da burguesia no presente que estão em desenvolvimento crescente em países de ‘democracia’ burguesa – métodos que suprimem as liberdades democráticas do povo trabalhador, falsificam e reduzem os direitos do parlamento e intensificam a repressão ao movimento revolucionário.” (Dimitrov, pp. 4-5; ênfase no original)

8. Os social-democratas da Segunda Internacional pavimentaram com estupidez o caminho pros fascistas pela identificação íntima deles mesmos com os interesses nacionais dos seus respectivos Estados imperialistas, renegando o Internacionalismo, depositando fé na democracia burguesa e se evadindo da luta extra-legal pelo poder estatal. Por causa disso eles ganharam o título de “social fascistas.”

9. A política de Frente Ampla do COMINTERN foi fundada sobre sua avaliação de que o “[f]ascismo é o inimigo mais brutal da classe trabalhadora e do povo trabalhador, que constituem nove décimos dos habitantes de habitantes nos países fascistas [e proto-fascistas].” p.12) Além disso, a classe trabalhadora nesses países constituiu um proletariado unificado. O fascismo estava corroendo a base material para diferenças entre trabalhadores comunistas e social-democratas. (e.g.. Dimitrov, pp. 24-34)

10. A aristocracia laboral é maioria nos países imperialistas e não é proletária. O fato de o imperialismo permitir à aristocracia laboral [ter] ‘democracia’ burguesa é um exemplo da aliança entre essas duas classes e consistente com a seguinte observação de Dutt: “O fascismo se esforça pra estabelecer a unidade política e organizacional entre todas as classes que governam a sociedade capitalista (os banqueiros, os grandes industriais e os latifundiários), e estabelecer a ditadura unida, consistente e brutal deles.” (Dutt, p. 89; ênfase adicionada.

Notas:

1. George Dimitrov, Against Fascism and War (Contra o Fascismo e a Guerra), New York: International Publishers, 1986.
2. R Palme Dutt, Fascism and Social Revolution (Fascismo e Revolução Social), New York: International Publishers, 1934.

Escrito por MIM (Movimento Internacional Maoísta), 2002.
Traduzido para o português por Rivaldo Cardoso Melo.

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