COMEÇA A GRCP, O LEVANTAR DO NOVO PODER E DA NOVA IDEOLOGIA Parte 4

Se levantam os Mares, as Nuvens e as Águas enfurecem

A Grande Revolução Cultural Proletária começa, China Maoísta de 1958 até 16 de Maio de 1966.

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Parte 6: http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-6/

Parte 7:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-7/

Parte 8:  http://portugues.llco.org/comeca-a-grcp-o-levantar-do-novo-poder-e-da-nova-ideologia-parte-8/

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Revolucionarizando o Exército Popular de Libertação: Revolução Ideológica, Novo Poder, Vanguarda de Mundança

Peng Dehuai e Revisionismo

Ao passo em que o Grande Salto pra Frente enfrentava dificuldades, um de seus maiores críticos era o Ministro da Defesa Peng Dehuai. Ele tomou a iniciativa de criticar as políticas do Grande Salto como sendo pequeno-burguesas, fanatismo ultraesquerdista enlouquecido. Peng Dehuai concordava imensamente com as críticas soviéticas sobre as políticas econômicas maoístas. Desde a morte de Stalin em 1953, a União Soviética estava se movendo no sentido de políticas econômicas mais liberais. Ela estava deixando de lado a muito tempo a ideologia, Luta de Classes, o Experimento Social, e a idéia de chegar de verdade ao Comunismo. Os soviéticos começaram a reverter muitos ganhos do socialismo, inclusive reintroduzindo o tradicionalismo na cultura, um estilo tecnocrata de governo e uma mentalidade capitalista sobre a economia. (1) No XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em Fevereiro de 1956, Nikita Kruschev disse:

“Como nem todos perceberam completamente as consequências práticas resultantes do culto de indivíduos, [ou] os grandes males causados pela violação do princípio da direção coletiva do Partido e pela acumulação do imenso e ilimitado poder nas mãos de uma pessoa, o Comitê Central considera absolutamente necessário deixar material pertinente a essas questões disponível pro 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Permitam-me, antes de tudo, lembrar a vocês como os clássicos do marxismo severamente denunciaram toda manifestação de culto ao indivíduo.”(2)

A desestalinização da União Soviética era um pacote de políticas. As críticas ao Culto da Personalidade eram uma grande parte desse pacote. Enquanto os revisionistas soviéticos estavam criticando o culto, Peng Dehuai fazia a mesma coisa. (3) Como um dos resultados das lutas políticas em torno das falhas do Grande Salto, mesmo Mao e os maoístas perdendo o controle das atividades do dia-a-dia do Partido e do Estado, eles conseguiram uma vitória-chave. Os maoístas foram capazes de remover o Ministro da Defesa Peng Dehuai do poder em 1959. Lin Biao, que era leal a Mao Zedong, tomou o lugar dele no Ministério da Defesa, virando o novo chefe dos militares. Lin Biao e seus militares tiveram um papel crucial no retorno dos maoístas ao poder durante a Revolução Cultural.

Esse era um clima em que as relações sino-soviéticas se azedaram. Na época, a União Soviética revisionada seguia em frente com a ideia de coexistir com os imperialistas. Ela procurou acabar com o conflito revolucionário que mantinha com o imperialismo. Os soviéticos desistiram da Revolução Global. À medida que os maoístas falavam mais e mais sobre a importância da luta de classes, os soviéticos favoreciam a competição pacífica e o debate entre classes e sistemas sociais opostos, entre capitalismo e socialismo. (4) Foi nesse contexto que os soviéticos tentaram estender o poder deles sobre a China. Quando eles procuraram a China pra ela ceder portos pra esquadra deles, Mao descreveu sua resposta:

“‘[Você] supõe que eu lhe dê toda a costa chinesa e todos os nossos portos?’ Mao fez uma pausa, esperando pra dar a palavra final. ‘Kruschev só olhou pra mim intrigado e então ele disse: ‘Mas se você fizer isso, então o que você vai fazer?’ E eu disse: ‘Eu? Oh, eu iria só voltar pra Yanan e ser líder guerrilheiro outra vez e organizar uma guerra de guerrilhas. Mas eu só gostaria de lembrar a você que historicamente nós chineses temos sempre expulsado agressores pra dentro do mar, e nós vamos expulsar você pra dentro do mar também.'” (5)

Piadas Anti-Kruschev eram contadas na China:

“[Um homem é] sentenciado a dez anos e dois dias por correr pelas ruas gritando ‘Kruschev é um idiota!’ ‘Por quê uma sentença bizarra desse jeito?’, perguntou o prisioneiro. ‘Dois dias por ofender o nosso líder, e dez anos por revelar segredos de Estado’, respondeu o juíz.” (6)

General Peng Dehuai

A razão disso é de que tanto revisionistas soviéticos como o então Ministro da Defesa Peng Dehuai adotavam um tom capitulatório, social-democrata. Cada vez mais, os maoístas percebiam isso como uma luta entre Revolução e Contra-Revolução, Socialismo e Capitalismo. Os paralelos entre as políticas de Kruschev e Peng Dehuai não eram limitadas só à economia e à liderança, mas essas semelhanças também se estendiam até as políticas militares. As visões econômicas de Peng Dehuai eram paralelas com as visões militares dele. Peng Dehuai era defensor da tendência de mover os militares pra longe de suas raízes revolucionárias, fazer eles virarem uma força armada nos moldes dos exércitos imperialistas. Peng Dehuai moveu os militares rumo à profissionalização, especialização, e à super-confiança na tecnologia. Por si só, a modernização não é prejudicial, mas os revisionistas despolitizaram os militares, transformando eles em militares tradicionais, profissionais, separados das massas. Os revisionistas queriam homens que não se envolvessem profundamente com a sociedade, produção, política  ou cultura. Isso ia contra os maoístas dentro das forças armadas liderados por Lin Biao, “O Maior General da China” e aliado de Mao Zedong.

Lin Biao e Seu Exército como Modelo pra Sociedade

Karl Marx dava muita importância ao monopólio da violência sistemática como um aspecto-chave do Estado. Apontando o Estado como monopolizador da violência sancionada, os marxistas frequentemente descrevem o Estado como “uma organização de homens armados.” Os maoístas expressavam a importância do exército pra revolução chamando ele de “um pilar da ditadura do proletariado.” Lin Biao chamava o exército sob seu comando de “pilar indobrável.” (7) A promoção de Lin Biao pra Ministro da Defesa em 1959, tomando lugar de Peng Dehuai, levou a uma revolução dentro das forças armadas. Os maoístas sempre disseram com orgulho que suas forças armadas eram feitas de camponeses e trabalhadores, mesmo eles reconhecendo a necessidade de divisão do trabalho entre quem era militar e quem não era. Apesar disso, esses maoístas tinham a intenção de juntar os militares com as massas ao máximo possível. Por um lado, os civis eram mobilizados em brigadas de trabalho e milícias organizadas pra produção, mas também pra defesa nacional. Por outro lado, Lin Biao incorporou os militares, pouco tempo depois [de nomeado Ministro], em áreas civis da sociedade, como produção, cultura e educação. Isso era parte do gosto maoísta pelo Poder Popular, mas também isso era visto por eles como uma maneira de impedir os militares de ficar disconectados e acima do povo. Os maoístas defendiam que os militares deveriam ajudar na produção e em outras áreas da vida, especialmente quando não fosse tempo de guerra. Os soldados deveriam trabalhar ao lado das massas, principalmente no campo. Envolver os militares com as massas era uma forma de diminuir as contradições que surgiam da divisão do trabalho entreas forças armadas e o povo. Em sociedades tradicionais, as forças armadas são isoladas e separadas do povo. Eles geralmente viram parte duma classe dominante ou subserviente a uma classe dominante que está controlando o povo por cima. Militares tradicionais são ferramentas opressivas. Os maoístas se preocupavam que a separação dos militares do resto do povo sob o socialismo pudesse ajudar a contrarrevolução e a restauração do capitalismo. Uma força armada disconectada das massas poderia virar uma nova classe capitalista ou subserviente a ela. Por isso que substituir Peng Dehuai por Lin Biao no Ministério da Defesa foi uma vitória-chave pros maoístas e pra luta deles pra evitar a contrarrevolução. Uma coisa interessante é que essa era a segunda vez que Peng Dehuai foi trocado por Lin Biao.

Soldados do EPL criticando pensamentos anti-socialistas com idéias maoístas, 1966.

Antes desse momento, em 1946, Mao Zedong nomeou Lin Biao pra substituir Peng Dehuai como Secretário Geral do Comitê do Partido no Nordeste. (8) O prestígio de Lin Biao como gênio militar, herói de guerra, e “maior general da China” ajudou na popularidade da causa maoísta. Entre os revolucionários chineses, só o próprio Mao teve um papel mais significante na Revolução Chinesa que Lin Biao. Agora, lin Biao e seus militares tinham uma importância-chave na luta pelo poder estatal entre comunistas e capitalistas. As políticas de Lin Biao colocaram os militares numa marcha maoísta, e também deram aos maoístas uma base institucional fora do Partido e do Estado pra lançar a Revolução Cultural.

Bem nos primeiros meses de 1959, em seu discurso “Marchar adiante debaixo da Bandeira Vermelha da Linha Geral do Partido e do Pensamento Militar de Mao Zedong,” Lin Biao disse:

“Tanto a ideologia socialista como a capitalista vão dominar as mentes do povo. Portanto, num período transitório, a luta pra fortalecer a ideologia proletária e liquidar a ideologia burguesa continua sendo vital por todo o tempo da construção do exército. A luta política e ideológica, entre classe trabalhadora e burguesia aumenta e diminui, cresce e reduz de novo, como as marés; [essa luta] está longe de acabar neste dia e agora vai aumentar até que as classes serem finalmente e completamente liquidadas.” (8)

A Era Yanan, depois da Longa Marcha, quando Mao Zedong fundou a área-base deles, foi considerada uma Era da Revolução heróica, quase-mitológica, dourada. Os maoístas do Grande Salto e da Revolução Cultural se empenharam num retorno do espírito de Yanan pra manter a Revolução viva. Como disse um historiador, “o caráter dum Exército Popular foi re-estabilizado com a alteração da natureza de sua autoridade, de autoritária/hierárquica pra democrática/comunal.” (9) Um ascesticismo (profunda devoção) guerrilheiro foi incentivado, um tipo de igualitarismo de quartel. Igualdade, democracia, e um espírito de altruísmo foram promovidos. Mesmo antes de Lin Biao, uma diretiva do Departamento de Política Geral, em 20 de Setembro de 1958, ordenava que todo oficial pelo menos um mês por ano cumprindo funções de um soldado comum. Muitos da velha guarda foram contra esse movimento não só porque ele removia o privilégio deles, mas também fazia eles serem veneráveis. Quem tinha patente ficava sem ela enquanto era afastado do comando. Lin Biao aplicou e expandiu essa diretiva. Em fevereiro de 1959, ficou registrado que quase 150.000 oficiais foram cumprir suas tarefas como soldados razos. (10) Tempos depois, durante a Revolução Cultural, esse tipo de rotação de autoridade foi aplicado em toda a sociedade. Mais adiante, em 1961, com o “Regulamento que Governa o Trabalho do Exército Popular de Libertação Até O Nível Comunal,” Lin Biao clamou pela eliminação de sinais exteriores de hierarquia entre os militares (como as divisas em ombreiras, golas e quepes, ou uniformes especiais). Em poucos anos, as divisas e insígnias foram abolidas. (58) Generais e soldados pareciam ser iguais. O trabalho ficou distribuído com mais igualdade entre os militares. Um observador escreveu:

“Acabaram as divisas: generais iriam partilhar a vida do soldado comum e participar nas tarefas mais humildes.” (11)

Conectada com esse impulso igualitário estava a introdução em 1960 do estilo de trabalho Três-Oitavos, uma visão de trabalho dedicada ao povo, um estilo de trabalho que trouxe os militares pra mais perto das massas. (12) Isso foi descrito pelo slogan “Três Frases Oito Letras.” As “Três Frases” defendiam uma correta orientação política, trabalho duro, e vida simples, e flexibilidade em estratégia e táticas. As “Oito Palavras” representavam os termos chineses pra unidade, seriedade, energia e vitalidade. (13)

Da mesma forma que nos dias de Yanan, os militares foram participar em outras áreas da vida social. Eles tinham que virar uma força produtiva. A tropas agora tinham que participar na construção econômica quando não estivessem lutando. Eles trabalharam ao lado de camponeses e operários, o que fez aumentar a união entre os militares e as massas. Diminuir as divisões sociais, inclusive a divisão entre soldado e produtor, era uma parte importante do definhamento do Estado. Isso foi uma parte importante da eliminação de distinções tradicionais. Essa medida ajudava a se mover pra mais perto do comunismo. O Alistamento Obrigatório foi abolido por Lin Biao em 1965, só dez anos depois de ser implantado pelo antigo Ministro da Defesa, Peng Dehuai. As novas políticas de Lin Biao contribuíram pro espírito de Yanan num futuro próximo, democratizando as forças armadas. (14) os oficiais profissionais encararam a romantização da guerrilha e as reformas de seu novo Ministro da Defesa como perigosas pra posição deles. Eles também acharam essas reformas perigosas pra defesa do país no mundo moderno.

Em uma ruptura maior e anterior com os revisionistas, Lin Biao implementou sua política de “Quatro Primeiros” como parte de politização das forças armadas, retornando os militares às suas raízes maoístas. O slogan da Revolução Cultural “Política no Comando!,” que depois virou “Pensamento Mao Zedong no Comando!,” foi originado perto desse período de 1959 a 1960. A política dos Quatro Primeiros dizia:

“1) Entre os homens e as armas, dar o primeiro lugar ao homem; 2) Entre a política e outro trabalho, dar o primeiro lugar ao trabalho político; 3) Entre as tarefas ideológicas e as de rotina no trabalho político, dar o primeiro lugar ao trabalho ideológico; e 4) no trabalho ideológico, entre [estudar] as idéias nos livros e viver as idéias que correm atualmente na cabeça do povo, dar o primeiro lugar ao viver as idéias que estão na cabeça do povo atualmente.” (15)

Em outras palavras, Marxismo não é um dogma, é Ciência Viva. A resolução também detalhava como educar as massas pra transformar os ramos do Partido em baluartes fortes, preparados pro combate. Assim como nos dias de Yanan, os militares eram um instrumento de aprendizado, e também de luta. (16) (17) Lin Biao procurou transformar as forças armadas, e depois a sociedade como um todo, em “uma grande escola de Pensamento Mao Zedong.” (18) Ele deu muita importância à [inclusão da] política, ideologia, Pensamento Mao Zedong no dia-a-dia:

“Nós temos que valorizar a política. Nosso exército é um exército à serviço da política… e a política tem que guiar os militares e o trabalho do dia-a-dia.” (19)

Essa campanha aumentou a lealdade à linha maoísta entre os militares, especilamente no meio do baixo escalão. À medida que os confrontos entre maoístas e revisionistas se aproximavam, as tropas de baixo escalão,, que eram formadas em sua maioria por camponeses, provavam ser aliados importantes pros maoístas.

Sob o comando de Lin Biao, o Departamento de Política Geral dos militares, comandado pelo general Xiao Hua, editou e distribuiu o famoso “pequeno livro vermelho” das Citações do Presidente Mao Zedong pros soldados, como parte da politização. Distribuído pro exército em 1964, esse livro armou soldados rasos, comuns, com uma educação política de nível básico. O “pequeno livro vermelho” foi distribuído com comentários e citações feitas por Lin Biao. Em seu famoso comentário, Lin Biao disse que as teorias de Mao representavam um “Novo Nível” da ciência revolucionária:

“O Camarada Mao Zedong é o maior Marxista-Leninista da nossa era. Ele herdou, defendeu e desenvolveu o Marxismo-Leninismo com genialidade, criatividade e compreensão e levou ele pra um nível mais alto e completamente novo.” (20)

Lin Biao também escreveu a introdução da primeira edição do quarto volume de Obras Escolhidas de Mao Zedong, em 1960. Em sua introdução, Lin Biao afirma que a vitória da Revolução Chinesa é a vitória do Pensamento Mao Zedong. (21)

Tempos depois, o “pequeno livro vermelho” e o destaque sobre o intenso estudo e aplicação das teorias de Mao foram muito além do exército. ‘Citações do Presidente Mao Zedong’ foram distribuídas, com uma introdução de Lin Biao, por toda a sociedade do final de 1966 até vários anos. (22) Guardas Vermelhos e trabalhadores rebeldes balançaram os “pequenos livros vermelhos” deles como um sinal de paixão revolucionária nos anos que viriam. Mesmo altos líderes, de Jiang Qing até Jou Enlai, apareceram na mídia balançando o “pequeno livro vermelho.”

Isso era uma parte de um esforço maior dos maoístas de usar o exército como um veículo pra uma maior politização da sociedade, com uma forma de viver nova, comunista. Como parte de uma tentativa de criar uma nova moral comunista e numa nova humanidade comunista, os militares também promoveram os “Três Artigos Permanentes” de Mao, depois entitulados como “Três Artigos de Leitura Constante.” “Servir ao povo,” “Em memória a Norman Bethune,” e “O Velho Tolo que removeu as montanhas” foram amplamente propagados e lidos, primeiro dentro do Exército, e então de modo geral. Lin Biao deu uma instrução pra que esses artigos, que ensinavam sacrifício, determinação e moralidade proletária, fossem “estudados em todos os níveis. Nós temos que aplicar o que nós estudamos assim como revolucionar nosso pensamento.” (23) Os militares davam muita importância na ideologia na união das massas pra chegar ao comunismo:

“A China é um grande estado socialista da ditadura do proletariado tem uma população de 700 milhões. Ela precisa de pensamento unificado, pensamento revolucionário, pensamento correto. Esse é o Pensamento Mao Zedong. Só com esse pensamento nós vamos poder o entusiasmo revolucionário vigoroso e uma firme e correta orientação política.” (24)

Lin Biao instruiu:

“Leia os trabalhos do Presidente Mao, escute suas palavras, faça como ele ensina e vire um bom soldados pro Presidente Mao.” (25)

‘Nosso Exército está aí pra servir ao Povo, e o Povo ama calorosamente o nosso Exército.’ Note ao fundo a figura do personagem chinês Lei Feng, como que inspirando o ato de solidariedade do soldado com o trabalhador.

Do mesmo jeito que o exército como todo tinha que ser um modelo de inspiração pra toda a sociedade, ele fornecia companias e indivíduos exemplares pra serem imitados pelas outras pessoas. Como parte disso, o exército, junto com a Liga da Juventude Comunista e o Sindicato Chinês, divulgaram o modelo-herói de Lei Feng, que sonhava em “Servir ao Povo” e ser o humilde “parafuso que nunca enferruja.” Lei Feng era um pouco diferente dos modelos de herói Stajanovite da União Soviética. Lei Feng era menos preocupado em ser admirado como produtor e mais preocupado em ajudar seus camaradas, fazer coisas boas e ações heróicas, e ser confiável. (26) Se dizia que ele era um soldado de uma família pobre que sofreu terrivelmente antes da libertação. Ele mostrava o amor que tinha pela Revolução respondendo o chamado ao dever com humildade. Ele morreu cumprindo seu dever quando se preparava pra assentar o poste telefônico que caiu em cima dele enquanto servia ao povo. Lei Feng e histórias e ditados da vida dele ficaram famosos pela China. (27) A promoção de Lei Feng era parte da promoção do comportamento guerrilheiro, do combatente da Longa Marcha, do espírito de Yanan. Esse espírito sacrificante, humilde, do soldado, do guerrilheiro, foi o modelo duma nova humanidade, socialista. Passagens do diário de Lei Feng marcaram milhões de leitores ensinando que toda a vida de uma pessoa deveria estar sobre a [luta pela] libertação. Lei Feng disse, “O homem tem sua maior felicidade quando ele contribui com tudo dele mesmo pra causa da libertação da humanidade.” (28) “Eu vivo melhor se outros puderem viver melhor.” Ele declarou, “Eu vou parar as balas dos inimigos com o meu corpo.” Os filmes e a arte eram feitos imitando Lei Feng e outros heróis do Exército Popular de Libertação. A mídia registrou, “nos dois anos que passaram desde a morte de Lei Feng, o nome dele virou um sobrenome de família.” Lei Feng “atingiu a imortalidade na causa infinita de Servir ao povo.” (29) [Mas] Lei Feng era só o mais conhecido de muitos heróis-modelo. Ele sonhava em ser “o parafuso que nunca enferrujava.” Apesar de altruísta e disciplinado, Lei Feng era limitado, muito unidimensional. Wang Jie, outro herói-modelo, apareceu um ano depois de Lei Feng. Ele se apresentava como mais sofisticado que Lei Feng. Enquanto Lei Feng se lembrava de suas boas ações, Wang Jie analisava o próprio comportamento usando métodos maoístas. A atitude de Wang Jie diante do Pensamento Mao Zedong não era tão emocional e simplista quanto a de Lei Feng. Como um personagem, Wang Jie era mais consciente de sua própria remodelagem pela experiência [prática] e pelo estudo. Outros heróis do exército, como Ouyang Hai, fizeram aparições também. (30)

A mídia também promovia campanhas de modelo do exército como “a Boa Oitava Compania.” Essa Boa Oitava Compania tinha a missão de proteger a estrada de Nanking em Maio de 1949. Os reacionários tinham a esperança de que as tropas do Exército Popular poderiam ceder aos encantos e vícios da cidade. Quando as balas de verdade falhassem, os reacionários esperavam que as “balas cobertas de açúcar” pudessem servir, corrompendo a compania. Depois que os soldados começavam a vacilar, cometer erros, consta que o instrutor da compania, Liu Renfu, mandava a compania pro Museu da História do Movimento da Luta de Classes de Shangai. Ele falava pra eles sobre a longa história da luta anti-imperialista, especialmente o Movimento 30 de Maio. Ele mostrava pras tropas como os trabalhadores derramaram o sangue deles sobre a estrada que eles protegiam. Outro soldado, o oficial de cantina Ge Shiqi, decidiu se oferecer como vonlutário pra dedicar o tempo extra que tinha consertando maquinário da compania. Assim ele economizou dinheiro dela. Outro oficial, Liu Yunyan, vestiu os mesmos sapatos por três anos, um exemplo de frugalidade (voto de pobreza, simplicidade).”Questões pequenas, mesmo sendo assim pequenas, estão bem dentro da tradição do proletariado – uma tradição de vida simples e luta pesada.” O Comandante-de-Compania Jang Jibao respondia às queixas sobre andar 10 Kilômetros por dia: “quanto mais vocês andarem, menor fica a distância.” O Instrutor Zong Jiliang deu o dinheiro dele pra própria família e comprou um lápis: “Com esse lápis eu vou aprender a ler e escrever no exército. Vocês ficam com o resto do dinheiro; vocês vão precisar dele!” Instrutor Wang Jingwen ensinava os outros a tecer cobertores. Soldado Wu Zailing, vendo um idoso com uma criança que tinham perdido o dinheiro da passagem do trem, resolveu pagar a viagem deles. Esse tipo de comportamento era atribuído ao alto nível de educação política da compania. (31)

“Pra completar essa difícil tarefa [de construir  socialismo], vamos precisar de milhares e milhares de “Boas Oitavas Companias” brilhantes,” tanto no exército como em todas as nossas fábricas, empreendimentos, Comunas Populares, escolas, governo e organizações populares.” (32)

A história da “Boa Oitava Compania” foi dramatizada na peça “Em guarda sob luzes de neon,” que foi um sucesso fenomenal do teatro chinês:

“Isso descreve mais que uma luta entre uma compania do EPL e uma gangue contrarrevolucionária. É um microcosmo de uma luta pós-libertação entre forças das idéias reacionárias burguesas e a visão de mundo proletária revolucionária.” (33)

O Exército iniciou e se jogou dentro dum “fortalecimento massivo no estudo criativo e aplicação dos trabalhos de Mao Zedong, considerando os trabalhos de Mao Zedong como sendo as maiores instruções em todos os aspectos do trabalho de todo o Exército e colocando o Pensamento Mao Zedong no comando de tudo.” (34) Uma campanha pra “Aprender com o Exército Popular de Libertação” foi promovida por toda a sociedade. A campanha pelo “Estudo Criativo e Aplicação dos trabalhos do Presidente Mao no Exército de Libertação” cresceu:

“Sob a liderança pessoal e orientação contínua do Camarada Lin Biao, e cercados por essa profunda preocupação, os quadros e lutadores de todo o exército, no caminho da luta, estudam e aplicam o que estudaram, e, em particular, fazem os maiores esforços possíveis pela aplicação. Fazendo da remodelagem ideológica e da transformação da visão de Mundo deles a ligação-chave, eles aumentaram a própria consciência proletária pra um nível sem precedentes. Incontáveis pessoas boas e boas ações vem aparecendo pela frente; heróis e modelos de personalidade continuam aparecendo.” (35)

Culto, Sociedade, Exécito, Poder Paralelo

O Partido elevou o Pensamento Mao Zedong e abraçou um culto por Mao por várias décadas (até hoje), especialmente desde os anos 1940. (36) Retratos de Mao foram colocados bem à vista de qualquer um pelo menos desde a Conferência de Zunyi, na metade da década de 1930. (37) Uma das primeiras vezes em que usaram o termo “Pensamento Mao Zedong” foi em 1943. (38) Bem no início do Sétimo Congresso do Partido em 1945, Liu Shaoqi exaltou Mao. O próprio Mao aparece em registros históricos apoiando a elevação dele a objeto de culto em Novembro de 1956. Discutindo a política de “Andar sobre Duas Pernas,” no começo do Grande Salto, Mao disse:

“O que está errado com a veneração? A verdade está em suas mãos, por quê nós não deveríamos cultuar isso?… Cada grupo tem que adorar seu líder, ele não pode, mas cultua sua líder.”

No meio das críticas anticomunistas, o culto à personalidade é uma das mais freqüentes. Da parte dos anticomunistas, é uma crírica muito estranha, pois o mundo capitalista vive de criar cultos a várias personalidades, muitas delas insuportáveis. No Brasil, temos o clássico exemplo de Xuxa Menegel, que praticou pedofilia no conhecido filme “Amor, Estranho Amor” mas, apesar disso, é coroada até hoje como ‘Rainha dos Baixinhos’ pela mesma mídia que destila ódio a Stalin e Mao Zedong. Um curioso paradoxo moral.

De acordo com Mao, esse era o “culto correto da personalidade.” Ke Qingshi, prefeito de Shangai, começou promovendo Mao. (39) Em uma reunião estendida do Comitê Central Militar em 7 de Agosto de 1959, Liu Shaoqi exaltou Mao de novo. (40) O culto à personalidade tinha uma longa história no Partido. No entanto, a posição de Mao foi reduzida depois do Grande Salto. Foram os militares de Lin Biao que elevaram [de novo] a imagem de Mao e elevaram o Pensamento Mao Zedong a novas alturas nos anos seguintes. As teorias de Mao e o culto dele ficaram entrelaçados na politização dos militares e da sociedade. E não só as Teorias Maoístas, mas os próprios Mao Zedong e Lin Biao também tiveram sua divulgação incrementada. Mao começou a ser louvado como um gênio, comparado com Marx e Lenin. Lin Biao teve um papel-chave, junto com outros maoístas, no levantar do Pensamento Mao Zedong, e também no levantar do culto a Mao Zedong. Esse culto chegou a proporções épicas durante os anos da Revolução Cultural. Todos os maoístas, mas principalmente Lin Biao, tiveram enorme participação nisso. O culto também foi promovido pelo General Yang Chengwu, que argumentava que os marxistas sempre reconheceram o gênio de líderes proletários como Mao. Lin Jie defendia que o estabelecimento da autoridade absoluta de Mao era necessária pra liderança do Partido. (41) Ele ficou famoso pela veneração acima do topo de Mao. Nos casos mais extremos, as pessoas eram instruídas a seguir as instruções de Mao mesmo se elas entendessem ou não o que ele dizia.

Um culto em torno de Lin Biao apareceu ao lado do culto de Mao, especialmente no meio dos militares. Esse culto era propagado principalmente pelo General Xiao Hua, um esquerdista, um maoísta e aliado de Lin Biao que teve um papel-chave na transformação do Exército em um bastião maoísta independente, separado das correntes normais da autoridade do Partido. O Exército começou a se referir ao “pensamento-líder” de Lin Biao, que, obviamente, ecoava o “Pensamento Mao Zedong.” (42) O povo era instruído a aprender com o pensamento estratégico de Mao, e com o pensamento tático de Lin Biao. (43) Xiao Hua avisou, “Nós todos temos que aprender com o Camarada Lin Biao.” (44) Um livro das Citações do Lin Biao, ecoando o “pequeno livro vermelho” de Mao, foi publicado até a desonra do Ministro da Defesa em 1971. (45) O próprio Lin Biao foi idolatrado como um tipo de herói-modelo pras massas imitarem. Em 1966, por exemplo, Xiao Hua disse:

“O Camarada Lin Biao sempre implementou o Pensamento Mao Zedong e obedeceu a linha correta dele com mais fidelidade, firmeza e perfeição. Ele é o camarada-em-armas mais próximo do Presidente Mao, o melhor estudante dele e o melhor exemplo em estudo criativo e aplicação dos trabalhos do Presidente Mao. Nós todos temos que aprender com o camarada Lin Biao.” (46)

Ao lado do próprio Mao, foi Lin Biao quem personificou a Revolução Cultural.

Os cultos de Mao e Lin Biao foram usados depois contra os burocratas do Partido e do Estado que tinham corrido pro revisionismo. Os cultos criaram um pólo alternativo de autoridade. Eles deram ao povo uma base ideológica simples, de baixo-nível, de onde poderiam lançar ataques contra o Partido e o Estado. Isso era parte do processo de deslegitimizar a velha autoridade e criar outra. Esse culto combinava com o esforço pela independência das velhas correntes do comando em que o velho partido tinha autoridade. O Departamento de Política Geral dentro do Exército foi restaurado. Apesar de essa organização do Partido dentro do EPL ser oficialmente dependente do Partido pela Comissão Militar do Comitê Central, o Departamento de Política Geral aumentou sua influência e cresceu livre da vontade da burocracia do Partido. Chegou até a virar um órgão independente. Tempos depois, em 1966, numa Conferência Nacional Geral, Xiao Hua separou os militares do controle do Partido:

“O sistema de liderança paralela pelo Comando Militar e pelos Comitês Locais do Partido – sob a direção do Comitê Central do Partido – tem que ser aplicado.”

Isso era dizer que o Departamento de Política Geral, composto por seguidores de Lin Biao, que Lin Biao vinha fortalecendo desde que foi escalado como Ministro da Defesa, estava pronto pra finalizar o trabalho da burocracia do Partido Comunista dentro do Exército. A base maoísta de Lin Biao no meio dos militares estava declarando sua independência na preparação de lutas contra o Partido e a burocracia do Estado que estavam por vir. Isso era parte de um [sistema de] Poder Paralelo que estava se desenvolvendo contra o poder revisionista no Partido e no maquinário do Estado. (47) (48)

Guerra Popular, Política Externa

O discurso maoísta de Lin Biao também teve seu papel em polêmicas internacionais que ardiam desde a ruptura sino-soviética. A Revolução Ideológica dos militares conseguiu muita importância no desenho da estratégia revolucionária mundialmente, assim como na política externa chinesa. Os maoístas se apresentavam como uma ortodoxia que era leal ao espírito revolucionário de Marx e Lenin contra a capitulação revisionista da União Soviética e tantos outros. Na famosa polêmica de 1963, “Mais sobre as Diferenças entre o Camarada Togliatti e Nós em Marcha,” o departamento editorial de Bandeira Vermelha citou Lenin:

“Em toda guerra, a vitória é condicionada, numa análise final, pelo estado espiritual daquelas massas que derramaram o sangue no campo de batalha; Essa compreensão pelas massas dos objetivos e razões da guerra tem imensa importância e garante a vitória.” (49)

Peng Dehuai, Ye Jianying, Nikita Khrushchev e Nikolai Bulganin. Esta imagem retrata a afinidade ideológica que existia entre Peng Dehuai e o revisionismo soviético.

No coração dos esforços do Ministro da Defesa Lin Biao estava um retorno às raízes da Revolução Chinesa na Guerra Popular. Pra Lin Biao, relembrar da Guerra Popular era importante não só pra fazer a Revolução na China; ele tinha intenção de espalhar a Guerra Popular mundialmente, universalmente. A abordagem de Lin Biao era muito diferente da de seu anterior Ministro da Defesa Peng Dehuai. Dehuai recomendava o caminho pela guerra convencional, baseado no modelo soviético. Ele mantinha relações com Moscou mesmo quando as relações se fragilizaram. De maneira similar, em 1965, Luo Ruiqing, que foi promovido pra ser o Chefe do Estado-Maior dos militares depois do purgo do pessoal de Peng Dehuai, sugeriu uma reconciliação sino-soviética contra os Estados Unidos em “O Povo Derrotou o Fascismo Japonês e Certamente Pode Derrotar o Imperialismo Americano Também.” Apesar de Luo Ruiqing defender a Guerra Popular, o conceito dele era muito diferente do de Lin Biao. Luo Ruiqing via a Guerra Popular como uma guerra defensiva pra derrotar os ataques do imperialismo. Em contraste, Lin Biao transformou a Guerra Popular numa Guerra Ofensiva, uma estratégia proativa, universal, pra ser implantada a nível global. Em 1965, Lin Biao fez seu famoso discurso “Viva a Vitória da Guerra Popular!,” que foi base pra estratégia revolucionária global maoísta durante a Revolução Cultural:

“Considerando todo o planeta, se a América do Norte e a Europa Ocidental podem ser chamados ‘cidade do mundo,’ então Ásia, África e América Latina constituem ‘as áreas rurais do mundo.’ Desde a Segunda Guerra Mundial, o movimento da Revolução Proletária Mundial esteve temporariamente paralisado nos países capitalistas da América do Norte e da Europa Ocidental por várias razões, enquanto o Movimento Popular Revolucionário na Ásia, África e América Latina está crescendo vigorosamente. Em certo sentido, a Revolução Mundial no Mundo contemporâneo também apresenta uma figura de cerco das cidades pelas áreas rurais. Numa análise final, toda a causa da Revolução Mundial depende das lutas revolucionárias dos povos da Ásia, África e América Latina, que são a esmagadora maioria da população mundial.” (50)

Com isso, o Ministro da Defesa Lin Biao expandiu o conceito de Mao pro mundo inteiro. Guerra Popular, a nível global, não era só uma maneira de derrotar o imperialismo na china, mas caminho pra fazer a Revolução Socialista e Comunista pra toda a humanidade. Por isso que o Pensamento Maoísta não é aplicável só na China, mas no Mundo inteiro. Lin Biao transformou o Exército em uma base pro pensamento mais radical sobre Política Externa. Os maoístas não se contentavam em revolucionar a China; queriam espalhar a Revolução deles por todo o Mundo pela Guerra Popular. Num momento em que a União Soviética revisionista estava declarando coexistência pacífica com o imperialismo, quando a União Soviética estava abandonando seus esforços em espalhar a Revolução, os maoístas, especialmente Lin Biao, tomavam o comando do Movimento Comunista Mundial. A elevação do Pensamento Mao Zedong a um “novo nível” de marxismo e a universalização da Guerra Popular representavam uma declaração dos maoístas de que estavam na vanguarda do Movimemnto Comunista Internacional. Se alguém defendesse essas ideais estava dividindo uma linha entre comunistas verdadeiros e falsos. Por isso que, mais adiante, Lin Biao elevou o Pensamento Maoísta pra alturas ainda mais novas. (51) Em contraste, os revisionistas não tinham ambição de manejar ou influenciar ideologicamente um novo Movimento Comunista Global. Eles não tinham nenhuma desejo de libertar a humanidade. Pros revisionistas, comunistas de outros países eram só peões que eles manipulavam pra atingir metas nacionalistas de política estrangeira (lembre do clássico exemplo de Cuba, ou mesmo Angola, que davam açúcar, minerais e petróleo pra União Soviética e em troca recebiam um bom dinheiro, ordens pra manter suas políticas sem incomodar muito os aliados da América e nenhum incentivo à autonomia econômica, o que amarrava as novas colônias aos ‘camaradas’ da nova metrópole e fez elas afundarem junto com o próprio bloco soviético assim que ele caiu).

Cultura

Teatro Revolucionário Chinês, um dos maiores legados da Revolução Cultural.

Nesses anos entre o fim do Grande Salto e o começo da Revolução Cultural, os maoístas começaram a mudar de foco no campo cultural. Lin Biao e seus militares tiveram um papel-chave de vanguarda nisso. Muitos marxistas anteriores viam a Superestrutura, ou só a Cultura, como simplesmente um tipo de reflexo da base [material]. Eles tinham tendência de ver a cultura como um epifenômeno da economia. Em outras palavras, a economia determinava ou causava a cultura em um sentido muito restrito, e de nenhuma outra forma. Os maoístas questionavam esse modelo reducionista como muito simplista. Em vez disso, eles viam a cultura desempenhando um papel muito mais importante na direção da sociedade. Os maoístas viam a relação entre a base e a superestrutura, entre economia e cultura, como uma relação muito mais complexa. Cultura, em certo sentido, é o programa da sociedade. Por milhares de anos, o povo foi ensinado que uns são melhores que outros: os ricos são melhores que os pobres, brancos melhores que os negros, homens melhores que mulheres, os mais velhos melhores que os mais jovens et cetera. A Cultura não só reflete divisões sociais injustas, mas também serve pra criar e reforçar essas divisões. Por isso que a cultura é um campo de batalha importante na luta pelo Comunismo. Se a luta de classes não acontecer continuamente no campo cultural, as idéias reacionárias se espalham e fortacem. Essas idéias reacionárias acabam ajudando no aparecimento de uma nova burguesia; elas ajudam a reverter a Revolução. Além disso, a chegada ao Comunismo, o fim de toda a opressão exige que a Revolução fique se autoperpetuando sem nenhuma divisão de trabalho que separe a liderança das massas, seja essa Revolução em forma de Partido de Vanguarda ou Estado. Pra chegar ao Comunismo Luz-Guiadora, a organização justa da sociedade tem que ficar tão firme no [coração do] povo que o compartilhamento, o altruísmo e a ciência virem a segunda natureza das pessoas (a primeira, claro, a natureza humana, original, biológica). Em outras palavras, a cultura em geral tem que ter o mesmo papel que atualmente cabe a organizações de vanguarda e Estados revolucionários. Os maoístas procuraram avançar num caminho verdadeiro em direção ao comunismo. Por isso que eles tinham noção da importância da cultura. Essa preocupação com a cultura estava em contraste com a supervalorização da produção encontrada na experiência soviética. Isso é parte da resposta pra pergunta ‘Por quê a Revolução Maoísta foi um avanço sobre a Revolução Soviética?’

Os militares se tornam uma grande parte das preparações culturais pras ofensivas maoístas do período da Revolução Cultural. Em 12 de Dezembro de 1963, Mao escreveu:

“Os problemas abundam em todas as formas de arte, como drama, baladas, música, as artes finas, a dança, o cinema, poesia e literatura; as pessoas envolvidas neles são numerosas; e em vários departamentos teve muito pouco avanço desde a transformação socialista. O ‘morto’ ainda domina em muitos departamentos. O que foi conseguido no cinema, nova poesia, músicas populares, nas artes finas e nas novelas não deve ser subestimado, mas aí, também, aí tem bastantes problemas. Quanto a esse tipo de departamentos como o drama os problemas são ainda mais sérios. A base social e econômica mudou, mas as artes, como parte da superestrutura, que serve a essa base, continuam sendo um sério problema. A partir daí é que nós devemos proceder com uma investigação e estudo e atender a essa questão a sério. Não é absurdo que muitos comunistas estão entusiasmados em promover arte feudal e capitalista, mas não arte socialista?” (52)

Essa instrução, junto com as “Conversas no Fórum de Yanan sobre Literatura e Arte, de Mao Zedong, continuou a circular [no meio do povo] até e por todo o período da Revolução Cultural. Mao, pouco depois, começou a falar contra os “papas” da cultura dentro do Partido antes da Revolução Cultural:

“Eles atuaram como altos e poderosos burocratas, não foram pros trabalhadores, camponeses e soldados e não refletiram a revolução socialista e a construção socialista. Nos anos recentes, eles escorregaram pra direita, pra beira do revisionismo.” (53)

Uma parte importante da Revolução, da tomada do Poder, é a construção da opinião públuca. Os militares procuraram popularizar os trabalhos de Mao através deles mesmos. Eles se jogaram em campanhas massivas pra popularizar os trabalhos de Mao. Os militares, sob a direção de Lin Biao, ajudaram também a revolucionar as artes nos anos que vinham antes da Revolução Cultural. Isso eliminou, tempos depois, a divisão do trabalho na sociedade. Lin Biao teve um papel-chave na elevação da esposa de Mao, Jiang Qing, e nos esforços dela pra Revolucionar a cultura. Lin Biao colocou ela no cargo da política cultural das forças armadas. Os militares paatrocinaram conferências sobre cultura e as artes. Lin Biao instruiu suas tropas a “escutar Jiang Qing em assuntos culturais.” Ela virou uma Ministra da Cultura informal dentro dos militares. Foi dessa posição, fora dos canais normais do Partido, que ela lançou a Revolução dela sobre as artes. As primeiras Conferências de Jiang Qing em artes foram “confiadas” a ela por Lin Biao. O porquê de elas terem sido “confiadas” a Jiang Qing por Lin Biao teve um pouco de mistério na época. Grandes lutas estavam por vir na Cultura, e os soldados de Lin Biao tiveram um papel-chave. (54)

‘Deixe a cultura socialista ocupar cada palco!!!’
Cartaz cultuando a Ministra da Cultura Jiang Qing.

A Revolução nos militares afetou tudo que se entendia desde ‘como o poder era distribuído pra cultura’ até ‘como pensar a Revolução Mundial.” Isso porque os esforços do Ministro da Defesa não foram pra simplesmente revolucionar o Exército, mas fazer do Exército um exemplo pra própria sociedade revolucionária, levar a Revolução pra além dos militares, envolvendo toda a sociedade. O Diário do Povo, em 1º de Fevereiro de 1964, editorializava que “Todo o País deve aprender com o EPL.” (55) Histórias similares ecoaram por todo o começo da Revolução Cultural. As forças armadas eram vistas como um modelo, uma escola, uma força produtiva e combatente. Problemas sociais e problemas de produção eram pra ser encarados em termos militares. A Revolução Cultural por si só foi vista como uma Guerra Popular pra chegar ao Comunismo. À medida que a Revolução Cultural avançava, o Ministro da Defesa Lin Biao impunha o igualitarismo dos quartéis do exército, o ideal guerrilheiro de Yanan, o ideal do combatente-educador-produtor, muito além das forças armadas, abraçando a própria sociedade. A chegada ao Comunismo exige uma sociedade unida por Ciência Revolucionária. Naquele tempo, isso significava uma sociedade unida pelo Pensamento Mao Zedong.

Poder Paralelo do Exército de Lin Biao, Novo Poder, Nova Ideologia

Os militares, pelo menos aqueles que eram leais ao Ministro da Defesa Lin Biao, foram a base institucional que os maoístas usaram pra lançar o assalto deles sobre o Partido e a burocracia do Estado durante a Revolução Cultural. Os batalhões de Lin Biao eram um tipo de Zona Vermelha dentro do território político corrompido por revisionistas. O Partido, sem contar os altos níveis burocráticos, não representava mais a vanguarda. O dever vanguardista de preparar as massas ideologicamente e empurrar a sociedade rumo ao comunismo foi cada vez mais cumprido pelos militares e, depois, pelo Grupo da Revolução Cultural, não pelo Partido tradicional. O Poder Paralelo, Novo Poder, instituições alternativas, paralelas, estavam aparecendo dentro das forças armadas pra desafiar o Partido e o Estado. O Departamento de Política Geral disseminava ideologia maoísta enquanto as elites culturais do Partido e o Departamento de Propaganda tentavam impedir. Do mesmo jeito, a mídia militar estava na vanguarda na propagação da linha e da visão maoístas. Foram os militares, não o Partido e nem os burocratas do Estado, que tinham em mente a reorganização radical da sociedade pra chegar ao Comunismo. Foram também os militares, através do discurso de Lin Biao “Viva a vitória da Guerra Popular!,” que deram origem ao pensamento mais avançado sobre como propagar a Revolução Mundial e qual seria o papel da China na Política Externa nesse processo. Além disso, as instituições militares estavam substituindo as normais, do Partido, como vanguarda cultural através do trabalho de Jian Qing, que tinha virado um tipo de Ministra da Cultura do Exército. Partindo desse espaço institucional libertado, os maoístas puderam lançar a Revolução Cultural. A Teoria Maoísta valoriza muito a construção da opinião pública pra tomada do Poder. E os militares não estavam na vanguarda só da construção da opinião pública; eles tomaram a linha de frente na construção de um Poder alternativo, Paralelo, pra colocar a burocracia do Partido de lado e implantar a visão radical dos Maoístas.

http://www.youtube.com/watch?v=nPuvFXv8Gos

A função do Ministro da Defesa Lin Biao e seus militares não deve ser subestimada no estourar da Revolução Cultural. Esse é o motivo de alguns estudiosos tentarem caracterizar a própria Revolução Cultural como uma luta entre golpe e contragolpe. Contudo, fazer descrições simples como essa é um erro. O Exército Popular de Libertação não era feito de militares burgueses. Era um Exército de pessoas que sonhavam com a Revolução e com o Comunismo. E a Revolução Cultural desprendeu um movimento de massas gigantesco que, junto com o Novo Poder dentro das forças armadas, deu ao movimento um superevidente caráter popular. Ela foi feita com a intenção de chegar ao Comunismo. Lin Biao ajudou não só preparando o palco, ele usou os músculos dos militares pra criar uma bolha de proteção em torno dos movimentos de massa pra que eles pudessem seguir seu curso. A guarda pretoriana maoísta dele segurou, da melhor forma que puderam, aqueles que poderiam suprimir o caos liberado pelos guardas vermelhos e trabalhadores rebeldes. À medida que os movimentos de massa seguiam seu curso, à medida que o Partido e o Estado eram colocados de lado, o Exército, “o pilar da ditadura do proletariado,” preenchia o vácuo de poder com seu Novo Poder. Isso pôde ser visto anos à frente, em Abril de 1969, no 9º Congresso do Partido Comunista Chinês, onde o Exército esteve presente em força, onde Lin Biao foi formalmente apontado como sucessor de Mao Zedong, Presidente do Partido Comunista. Não tem criação sem destruição, e o Exército Popular de Libertação comandado por Lin Biao teve um papel-chave nas duas práticas. Enquanto nós marchamos pela gloriosa estrada do Comunismo Luz-Guiadora, temos que estudar os trabalhos e práticas das Luzes-Guias da História, como Mao e Lin Biao, e as Luzes-Guias de hoje. A melhor forma de honrar os heróis do passado é contando a história deles com honestidade, o que nos ajuda a empurrar a história pra frente. Servir ao Povo verdade, não ficção. Com base numa síntese maior do passado e do presente, o novo Exército da Luz-Guiadora vai destruir as trevas da opressão e da ignorância.

Soldados da 8ª Compania ajudando camponeses na colheita do Outono de 1939. Muito diferente dos soldados brasileiros que, décadas depois, deram golpe de Estado pra deixar nosso país ainda mais elitista.
Esses soldados aí na foto é que são, sim, verdadeiros defensores do povo, homens dignos de suas fardas, porque ousaram lutar e ousaram vencer a miséria e a fome, maiores inimigas de qualquer povo pobre.

Escrito pelo Comandante Luz-Guiadora Campo Flamejante.

Traduzido pro português por Rivaldo Cardoso Melo.

Notas:
1.    “Comments on Soviet Women, Traditionalism, Revisionism” (LLCO.ORG: July 28, 2014) http://llco.org/comments-on-soviet-women-traditionalism-revisionism/ (“Comentários sobre Mulheres Soviéticas, Tradicionalismo e Revisionismo” LLCO.ORG. 28 de Julho de 2014)
2.    Khrushchev, Nikita “Speech to 20th Congress of the C.P.S.U.” (February 24-25, 1956) https://www.marxists.org/archive/khrushchev/1956/02/24.htm (Kruschev, Nikita. “Discurso para o 20º Congresso do PCUS” 24 de Fevereiro de 1956)
3.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) pp. 19-20 (Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, pp.19-20)
4.    “Whence The Differences: A Reply To Thorez And Other Comrades” Beijing Review no. 9 (March 1, 1963) p. 99 (“Conheça as diferenças: Uma resposta a Thorez e Outros Camaradas” Revista Pequim no. 9. 1º de Março de 1963, p. 99)
5.    Rittenberg, Sidney and Bennett, Amanda The Man Who Stayed Behind  (Simon and Schuster, USA: 1993) p. 274 (Rittenberg, Sidney e Bennett, Amanda. “O Homem que Ficou para Trás.” Simon e Schuster, EUA: 1993, p. 274)
6.    ibid. 268
7.    Woodward, Dennis. “Political Power and Gun Barrels” in China: the Impact of the Cultural Revolution edited by Brugger, Bill (Harper & Row Publishers: USA:1978) p. 75 (Woodward, Dennis. “Poder Político e Canos de Armas” em China: O Impacto da Revolução Cultural. Editado por Brugger, Bill. Harper & Row Publishers. EUA, 1978, p. 75)
8.    Lin Biao “March Ahead Under The Red Flag Of The Party’s General Line And Mao Tse-tung’s Military Thinking” (Foreign Language Press, People’s Republic of China: 1959) p. 7 (Lin Biao. “Marchar em frente Sob a Bandeira Vermelha da Linha Geral do Partido e Pensamento Militar de Mao Zedong” Imprensa de Língua Estrangeira. República Popular da China: 1959, p. 7)
9.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 37 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 37)
10.    Joffe, Ellis “The Conflict Between Old And New In The Chinese Army” in China Under Mao: Politics Takes Command edited by MacFarquhar, Roderick (MIT Press, USA: 1966) p. 52 (Joffe, Ellis. “O Conflito entre o Velho e o novo Exército Chinês” em China Sob Mao: A Política toma o Comando. Editado por MacFarquhar, Roderick. Imprensa do Instituto Tecnológico de Massachusets. EUA, 1966, p. 52)
11.    Macciocchi, Maria Antonietta Daily Life In Revolutionary China (Monthly Review Press, New York, New York USA: 1972)  p. 84 (Macciocchi, Maria Antonietta. “Vida Diária na China Revolucionária. Imprensa da Revista Mensal. Nova Iorque, EUA: 1972, p. 84)
12.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 37 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 37)
13.    Joffe, Ellis “The Conflict Between Old And New In The Chinese Army” in China Under Mao: Politics Takes Command edited by MacFarquhar, Roderick (MIT Press, USA: 1966) p. 52 (Joffe, Ellis. “O Conflito entre o Velho e o novo Exército Chinês” em China Sob Mao: A Política toma o Comando. Editado por MacFarquhar, Roderick. Imprensa do Instituto Tecnológico de Massachusets. EUA, 1966, p. 52)
14.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977)  p. 38 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 38)
15.    “Two Roads Defeated in the Cultural Revolution Part 2: Lin Biao’s Road” (LLCO, 2008) (“Duas Estradas Derrotadas na Revolução Cultural Parte 2: A Estrada de Lin Biao” LLCO, 2008)
16.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) p. 75 (Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, p.75)
17.    Dietrich, Craig People’s China Third Edition (Oxford University Press, New York, New York USA: 1998) p. 172 (Dietrich, Craig. China Popular. Terceira Edição. Imprensa Universitária de Oxford. Nova Iorque: 1998, p. 172)
18.    “In Resolute Response To Comrade Lin Piao’s Call, Carry To A New Stage The Mass Drive For Creatively Studying And Applying Chairman Mao’s Works” Beijing Review no. 42 (October 14, 1966) p.12 (“Em Resposta Resoluta ao Chamado do Camarada Lin Biao, Levar a um Novo Nível a Condução Massiva pra Estudar Criativamente e Aplicar os trabalhos do Presidente Mao” Revista Pequim no. 42. 14 de Outubro de 1966, p. 12)
19.    Corr, Gerard H. The Chinese Red Army (Schocken Books, New York: 1974) p. 141 (Corr, Gerard H. “O Exército Vermelho Chinês” Livros Schocken. Nova Iorque: 1974, p. 141)
20.    Quotations From Chairman Mao Zedong. http://art-bin.com/art/omaotoc.html (“Citações do Presidente Mao Zedong”)
21.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) pp. 74-75 (Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, pp.74-75)
22.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p. 38 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p. 38)
23.    “Comrade Lin Piao’s Call to the Chinese People’s Liberation Army: Carry the Mass Movement For The Creative Study and Application of Chairman Mao’s Works To A New Stage” Beijing Review no. 42 (October 14, 1966) p.7 (“Chamado do Camarada Lin Biao para o Exército Popular de Libertação: Levar o Movimento de Massas ao Estudo Criativo e Aplicação dos Trabalhos do Presidente Mao a um novo Nível” Revista Pequim no. 42. 14 de Outubro de 1966, p. 7)
24.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 118 (Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 118)
25.    Uhalley, Stephen A History of the Chinese Communist Party (Hoover Pres) p.134 (Uhalley, Stephen. “Uma História do Partido Comunista Chinês” Imprensa Hoover, p. 134)
26.    Karol, K.S. The Second Chinese Revolution (Hill and Wang, USA: 1974) p. 114 (Karol, K.S. A Segunda Revolução Chinesa. Hill and Wang. USA: 1974. p. 114)
27.    Dietrich, Craig, People’s China Third Edition (Oxford University Press, New York, New York USA: 1998) p. 167 (Dietrich, Craig. China Popular. Terceira Edição. Imprensa Universitária de Oxford. Nova Iorque: 1998, p. 167)
28.    Goldman, Merle “The ‘Cultural Revolution’ of 1962 -64” in Ideology and Politics In Contemporary China edited by Johnson, Chalmers (University of Washington Press, USA: 1973) p. 249 (Goldman, Merle. “A ‘Revolução Cultural’ de 1962-64” em Ideologia e Política na China Contemporânea. Editado por Johnson, Chalmers. Imprensa Universitária de Washington, EUA: 1973, p. 249)
29.    “Lei Feng” Beijing Review no. 11 (March 12, 1965) pp. 28-29 (“Lei Feng” Revista Pequim no. 11. 12 de Março de 1965, pp. 28-29)
30.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) pp. 88-89 (Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 88-89)
31.    Kuo Ma-Hu “The Story of The ‘Good 8th Company’” Beijing Review no. 21 (May 24, 1963) pp. 24-26 (Kuo Ma-Hu. “A História da ‘Boa Oitava Compania'” Revista de Pequim no. 21. 24 de Maio de 1963, pp. 24-26)
32.    ibid.
33.    “On Guard Beneath Neon Lights” Beijing Review no. 20 (May 17, 1963) p. 27 (“Em Guarda sob luzes de Neon” Revista Pequim no. 20. 17 de Maio de 1963, p. 27)
34.    Milton, David and Nancy Dall The Wind Will Not Subside (Pantheon Books, USA: 1976) p. 117 (Milton, David e Nancy Dall. “O Vento não vai ceder.” Livros Pantheon, EUA: 1976, p. 117)
35.    “New Upserg In The Creative Study And Application Of Chairman Mao’s Works In The Liberation Army” Beijing Review no. 42 (October 14, 1966)  p.13 (“Novo Incremento no Estudo Criativo e Aplicação dos trabalhos do Presidente Mao no Exército Popular de Libertação” Revista Pequim no. 42. 14 de Outubro de 1966, p. 13)
36.    Wylie, Raymond F. The Emergence of Maoism (Standford University Press, USA:1980) (Wylie Raymond F. “A Emergência do Maoísmo” Imprensa universitária de Standford. EUA, 1980)
37.    Mittler, Barbara “Popular Propaganda: Art and Culture in Revolutionary China” http://www.amphilsoc.org/sites/default/files/proceedings/1520404.pdf p 478 (Mittler, Barbara. “Propaganda Popular: Arte e Cultura na China Revolucionária” p. 478)
38.    Kamphen, Thomas “Wang Jiaxing, Mao Zedong and the ‘Triumph of Mao Zedong Thought’ (1935-1945)” in Modern Asian Studies vol 3, no. 4 (Cambridge University Press: 1980) p. 720 (Kamphen, Thomas. “Wang Jiaxing, Mao Zedong e o ‘Triunfo do Pensamento Mao Zedong’ (1935-1945)” em Estudos Asiáticos Modernos, Volume 3, no. 4. Imprensa Universitáriad e Cambridge: 1980, p. 720)
39.    Dikotter, Frank Mao’s Great Famine (Walker Publishing Company, New York, USA: 2010) p. 19 (Dikotter, Frank. “A Grande Fome de Mao.” Walter Publishing Company: Nova Iorque, Estados Unidos: 2010 p. 19)
40.    Jin Qui The Culture of Power (Stanford University Press, California, USA: 1999) p.19 (Jin  Qui. “A Cultura do Poder.” Imprensa Universitária de Stanford. Califórnia, EUA: 1999, p.19)
41.    Young, Graham “Mao Zedong and Class Struggle in Socialist Society” in The Australian Journal of Chinese Affairs no. 18(University of Chicago Press: July 1989) p. 65 (Young, Graham. “Mao Zedong e a Luta de Classes na Sociedade Socialista” em O Jornal Australiano de Assuntos Asiáticos no. 18. Imprensa Universitária de Chicago. Julho de 1989, p. 65)
42.    Lewis, John Wilson “China’s Secret Military Papers”  in China Under Mao: Politics Takes Command edited by MacFarquhar, Roderick (MIT Press, USA: 1966) p. 60 (Lewis, John Wilson. “Documentos Militares Secretos da China” em China sob Mao: A Política toma o Comando. Editado por MacFarquhar, Roderick. Imprensa do Instituto Tecnológico de Massachusets, EUA: 1966, p. 60)
43.    Rittenberg, Sidney and Bennett, Amanda The Man Who Stayed Behind (Simon and Schuster, USA: 1993) p.285 (Rittenberg, Sidney e Bennett, Amanda. “O Homem que Ficou para Trás.” Simon e Schuster, EUA: 1993, p. 285)
44.    Van Ginneken, Jaap The Rise and Fall of Lin Piao (Avan Books. USA: 1977) p. 99
45.    Han Suyin Wind In The Tower (Little, Brown And Company, USA: 1976) p. 341
46.    “Comrade Lin Piao’s Call to the Chinese People’s Liberation Army: Carry the Mass Movement For The Creative Study and Application of Chairman Mao’s Works To A New Stage” Beijing Review no. 42 (October 14, 1966) p. 6
47.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) pp. 35-38 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, pp. 35-38)
48.    Corr, Gerard H. The Chinese Red Army (Schocken Books, New York: 1974) p. 148 (Corr, Gerard H. “O Exército Vermelho Chinês” Livros Schocken. Nova Iorque: 1974, p. 148)
49.    “More On The Differences Between Comrade Togliatti And Us” Beijing Review no . 10 and 11 (March 15, 1963) p. 25 (“Mais sobre as Diferenças entre o Camarada Togliatti e Nós” Revista Pequim no. 10 e 11. 15 de Março de 1963, p. 25)
50.    Lin Piao “Long Live The Victory Of People’s War!“ (Foreign Language Press, China) (Lin Biao. “Viva a Vitória da Guerra Popular!” Imprensa de Língua Estrangeira, China)
51.    Domes, Jurgan The Internal Politics of China 1949-1972  (Praeger Publishers, USA: 1973) p. 153 (Domes, Jurgan. “As políticas internas da China de 1949-1972”. Praeger Publishers. EUA: 1973, p. 153)
52.    “Comrade Lin Piao’s Letter To Members Of The Standing Committee Of The Military Comission Of The Party Central Committee” Beijing Review no. 23 (June 2, 1967) p. 9 (“Carta do Camarada Lin Biao para os membros do Comitê Permanente da Comissão Militar do Comitê Central do Partido” Revista Pequim no. 23. 2 de Junho de 1967, p. 9)
53.    Van Ginneken, Jaap The Rise And Fall Of Lin Piao (Avon Books, New York, New York, USA: 1977) p .44 (Van Ginneken, Jaap. “A Subida e Queda de Lin Biao” Livros Avon, Nova Iorque. EUA: 1977, p.44)
54.    Ma Jisen The Cultural Revolution in the Foreign Ministry of China (Chinese University of Hong Kong, Hong Kong: 2004) p. 6 (Ma Jisen. A Revolução Cultural no Ministério de Relações Exteriores da China. Chinese University of Hong Kong, Hong Kong: 2004, p.6)
55.    “The Whole Country Must Learn From The PLA (Jen Min Jih Pao Editorial, Peking, February 1, 1964)” in Chinese Politics edited by Myers, James T., Domes, Jurgen, and von Groeling, Erik (University of South Carolina Press, USA: 1986) p. 95 (“Todo o País deve aprender com o EPL (Editorial Min Jih Pao, Pequim, 1º de Fevereiro de 1964)” em Políticas Chinesas. Editado por Myers, James T., Domes, Jurgen, e von Groeling, Erik. Imprensa Universitária da Carolina do Sul, EUA: 1986, p. 95)

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